Lucas Soares
13 min readAug 19, 2023

NEO-ORTODOXIA: KARL BARTH E O CONTEXTO LIBERAL

INTRODUÇÃO

Este é um resumo da história do surgimento da neo-ortodoxia e um resumo do que é a neo-ortodoxia. Minha intenção é apenas introduzir o assunto para que você tenha um conhecimento histórico e não ficar perdido quando ouvir sobre o assunto. Em um outro momento pretendo publicar sobre o surgimento do liberalismo teológico.

Talvez você se pergunte porque existe uma grande variedade de teologias, talvez você fique se perguntando porque ouvimos tantas coisas estranhas e heresias por aí? Bom, o liberalismo e a neo-ortodoxia são as fontes principais de tudo isso.

Em 1920, aos 85 anos de idade, Lyman Abbott, um dos ministros mais influentes da América na década de 1890, recordou-se de sua sólida educação puritana que recebeu 75 anos atrás. Ele se lembrou de como era sua visão a respeito de Deus na juventude e diz que era “um tipo de justiça policial terrível e onipresente”, com isso, ele tinha uma imagem de si mesmo como um “culpado assustado, ciente de que merece punição, mas sem saber exatamente o motivo”.

Antes mesmo de 1920, tanto os europeus como os americanos, haviam deixado de pensar em Deus dessa forma. O mundo ocidental havia passado por muitas mudanças e adotado várias ideias novas no último quarto do Século 19.

Abbott era apenas mais um, dos muitos ministros americanos que tinham um lar protestante piedoso, mas que estavam encharcados das convicções religiosas “liberais” e tinham uma formação em algum seminário alemão ou americano, cujos os estudos eram continentais.

Os acontecimentos do século 20 foram cruéis com o credo liberal, mas ainda assim, as grandes e pequenas denominações protestantes refletiam o impacto que a teologia liberal causou. O professor Sydney Ahlstrom diz que os liberais “lançaram a controvérsia mais fundamental à destruição de igrejas desde a época da Reforma”. Segundo o professor, os liberais tentaram conduzir as igrejas protestantes ao novo mundo da ciência, da filosofia e da história moderna.

O LIBERALISMO TEOLÓGICO

O liberalismo teológico é uma visão que promove a ética progressiva derivada da mensagem cristã ao mesmo tempo que nega a doutrina tradicional cristã.

Adolf Harnack (1851-1930) oferece um exemplo perfeito de liberalismo. Harnack fez contribuições pioneiras aos estudos, à teologia, à ética e à teologia histórica, e argumentava que Jesus havia sido mal compreendido e mal interpretado pela maioria das fontes cristãs, principalmente em relação aos Evangelhos.

Para Harnack, Jesus teria sido apenas um simples profeta hebreu que chamava as pessoas para um despertamento moral e que a verdadeira mensagem de Jesus poderia ser recuperada quando as camadas corruptas de tradição fossem removidas, ou seja, quando a capa protetora do centro, que tem valor eterno, fosse retirado. Talvez você esteja se perguntando, que capa protetora central é essa?

Segundo Harnack, Jesus ensinou que o reino de Deus não era um reino imponente que viria após um tempo de tribulação colocando ordem em todo o cosmos, mas que o reino de Deus é um reino ético. Ele também ensinava sobre a paternidade de Deus e a irmandade da raça humana; cada uma das almas é de valor infinito e que Jesus chamava seus discípulos a uma justiça mais elevada que a dos fariseus, enraizado no mandamento divino de amar.

Nada disso era novo. Harnack não tirou essas ideias de sua cabeça “do nada”, ele foi fortemente influenciado pelos movimentos anteriores ligados ao racionalismo, iluminismo e o evolucionismo. O que ele fez foi sugerir para o mundo que Jesus não era Deus, e que não temos que esperar por um reino vindouro.

A questão do liberalismo teológico ainda não foi decidida, mas a tendência, segundo as opiniões cristãs, é de fracasso. Para Richard Niebuhr, essa filosofia do liberalismo é uma ironia, porque eles dizem que:

um Deus sem ira trouxe homens sem pecado a um reino sem julgamento por intermédio das ministrações de um Cristo sem cruz.

QUEM FOI KARL BARTH?

Karl Barth nasceu em Basiléia, na Suíça, em 10 de maio de 1886. Sua família era profundamente dedicada à teologia e à pregação. Quando ele era um garotinho, foi visitar seu avô, que era pastor em uma capela na cidade de Pratteln. Enquanto brincava, decidiu explorar as escadas da capela que levam até a torre do sino. Não havia luz na escadaria, então, sem querer ele se apoiou na corda do sino, ao invés do corrimão. O som foi tão alto que todos ouviram, e ele ficou apavorado. Esse garotinho se transformou no homem tido como um dos maiores teólogos do século 20. Até mesmo aqueles que não concordam com ele, admitem que seu impacto sobre a teologia foi inigualável.

Barth passou sua juventude em Bern, onde seu pai lecionava teologia. Seus estudos o levaram da universidade em Bern para as universidades alemãs de Tubingen, Marburg e Berlim. Depois de uma experiência crucial como pastor na aldeia de Safenwil, na Suíça, Barth lecionou teologia nas universidades alemãs de Gottingen, Munster e Bonn.

Em Bonn, Barth foi expulso por não jurar lealdade a Hitler, então voltou à Basiléia onde ensinou teologia na universidade de 1935 até se aposentar, em 1962. Ele não chegou a completar um doutorado, mas mesmo assim foi agraciado com muitos títulos honorários. Barth era tido como um homem bem humorado e robusto, mas tinha um ar muito sério. Em 1968, aos 82 anos, ele faleceu.

O CONTEXTO LIBERAL DE BARTH

Barth foi criado no liberalismo, que era a perspectiva teológica predominante no fim do século 19 e início do século 20 (já falei um pouco sobre ela no início, mas falarei um pouco mais). O liberalismo é uma perspectiva teológica bem otimista, com suas raízes no trabalho de Friedrich Schleiermacher (1768-1864) e posta em efeito pelos contemporâneos mais velhos de Bath. Albrecht Ritschl, Wilhelm Hermann (professor de Barth em Marburg) e Adolf Harnack (seu professor em Berlim).

Harnack popularizou essa perspectiva teológica em seu livro que é considerado a expressão mais acabada e influente da teologia liberal protestante e ponto alto do movimento. Esse livro se trata de uma versão impressa de seis aulas ministradas na Universidade de Berlim, no inverno de 1899-1900. Na tradução para o inglês o livro recebeu o título de What is Christianity (O que é cristianismo?). A conclusão de Harnack sobre essa pergunta era, a paternidade de Deus, a irmandade humana e o valor infinito da alma humana.

A publicação desse livro foi de forma acidental. Eram aulas informais, mas diante de um público de 600 pessoas, e alguém taquigrafou as aulas e rapidamente elas foram espalhadas por todo o mundo. Harnack era um intelectual sagaz e crítico, um especialista da teologia histórica e do Jesus histórico.

Harnack acreditava que se tirarmos, por exemplo, as imagens escatologicas que encobrem a mensagem de Jesus sobre o futuro reino de Deus, que não é futuro, mas está dentro de nós (Lc 17.21), e se atentarmos para o que Jesus diz sobre o valor do ser humano, que é superior ao dos pardais que merecem o cuidado de Deus (Lc 12.6), e por fim, nos atentarmos para seu ensinamento sobre o caráter universal do amor a Deus e ao próximo (Mt 22.37-40), então começaremos a nos dar conta da verdadeira mensagem de Jesus.

Vale lembrar, que essa linda narrativa tem por trás a ideia de que Jesus não é Deus e nem divino, mas apenas um profeta da moralidade. Basicamente essa narrativa de Harnack não tem a ver só com um cunho individualista, mas principalmente socialista. Para não acharem que estou acusando ele de ser socialista por não concordar com suas ideias, vou citar suas próprias palavras no livro O Que é Cristianismo?, nas páginas 13 e 14.

O Evangelho é profundamente socialista, assim como também é profundamente individualista, porque estabelece o valor infinito e autônomo da alma humana (...) Seu objetivo consiste na transformação de um socialismo que repousa sobre uma base de interesses conflitantes em um socialismo cujo esteio é a consciência de uma unidade espiritual.

Não é de se espantar que esse movimento liberal ficou conhecido como Evangelho Social. Harnack, ao falar sobre Jesus, dizia que o profeta hebreu tinha a consciência de que ser “Filho de Deus” nada mais é do que a consciência prática de conhecer a Deus como Pai. Ser Filho de Deus é seguir os ensinamentos morais de Jesus.

É impossível negar o tamanho dessa influência liberal no cristianismo atual. O livro de Harnack era tão desejado que chegava a lotar os vagões de carga da ferroviária de Leipzig. Porém, esse livro logo foi ofuscado por outro livro, e a teologia liberal ofuscada por outra teologia.

O “Boom” DOS ESCRITOS DE KARL BARTH

Barth bateu o recorde em publicações de livros, e como se não bastasse as pilhas de livros, ele ainda escreveu a Dogmática Eclesiástica; são 9 mil páginas, e ainda sim não foi completa, pois ele morreu antes de terminar de escrevê-la. Alguns diziam que Barth tinha mais tinta nas veias do que sangue. Nenhum livro do século 20 foi tão impactante como seu comentário do livro de Romanos, publicado em 1919. Barth descreve a sensação do estouro desse livro com sua experiência na capela de seu avô, quando o sino foi tocado por ele despertando toda a região. A teologia foi despertada, e jamais seria a mesma.

O livro foi escrito enquanto ainda era jovem e dava seus primeiros passos no ministério pastoral. Segundo Barth, esse foi um tempo de muita inquietação no seu interior, por vários fatores. Um deles foi o fracasso do liberalismo teológico diante da face da Primeira Guerra Mundial. Por mais que Barth tenha sido fortemente influenciado por Harnack e Hermann, ele ficou angustiado quando no dia em que a Guerra estourou, 93 intelectuais alemães publicaram um manifesto. Nesse manifesto, estava escrito que estes intelectuais estavam apoiando a política bélica do Kaiser Guilherme II. A decepção de Barth foi ver que os nomes entre esses 93 eram todos de seus professores alemães.

Barth descreve essa decepção com o liberalismo como se fosse o “crepúsculo dos deuses”, quando viu os nomes de Harnack e Hermann, provando que suas ideias teológicas para mudar o mundo poderiam ser convertidas em canhões de guerra. O fracasso ético de seus mestres alemães da teologia foi a prova de que seus pressupostos exegéticos e dogmáticos não podiam estar corretos. Barth diz:

Um mundo inteiro de exegese, ética, dogmática e pregação, que eu tinha até então como intrinsecamente confiável, se viu abalado até os alicerces e , com ele, todos os demais escritos dos teólogos alemães.

Outra coisa que perturbou o interior de Barth foi uma fala de seu amigo, que também era pastor, chamado Eduard Thurneysen. Ele havia dito para Bath que o que falava nas pregações deles, no ensino e na assistência pastoral, era um fundamento teológico que fosse “totalmente outro”. E um terceiro motivo de inquietação foi o envolvimento de Barth em disputas trabalhistas. Ele havia se colocado ao lado de trabalhadores que no seu entendimento estavam sendo explorados pelos chefes de uma indústria têxtil. Nesse tempo, ele passou a ser chamado de “pastor vermelho”, como referência ao comunismo/socialismo. O “socialismo religioso” de Harnack o acompanhou durante sua vida, levando-o a refletir nas preocupações políticas.

Enfim, a teologia do século 20 foi inaugurada com uma das frases que Barth mais gostava de falar: “Pois Deus está no céu, e tu estás na terra” (Ec 5.2). Esse Deus, do qual depende, sem exceção, tudo o que há, é totalmente inacessível, exceto por meio da auto revelação divina. Esse é o Deus que oferece gratuitamente o perdão e a salvação por meio da dádiva expiatória do Filho de Deus, Jesus Cristo. Foi esse tipo de discussão que deu o ponta pé na teologia do século 20.

A INFLUÊNCIA DE SOREN KIERKEGAARD

Barth passou a ser chamado para lecionar nas faculdades alemãs após o impacto e controvérsias de sua Carta aos Romanos, e foi durante os anos de 1921-1935 que a teologia de Barth passou a ter um caráter mais sistemático. Ou não!

Foi exatamente nessa época que ele conheceu os escritos do filósofo Kierkegaard e então se apaixonou. Kierkegaard é considerado o pai do existencialismo, mas eu discordo. Essa linha filosófica abrange tanto ateus como os teístas, porém é difícil resumir o caráter dessa filosofia. Se você não conhece Kierkegaard, provavelmente conhece o filósofo do século 20, chamado Jean Paul Sartre, também existencialista, esposo/amante da “mãe” do feminismo, Simone De Beauvoir. Basicamente, para essa filosofia, a subjetividade é o ponto de partida para todas as coisas, ou seja, a verdadeira reflexão sobre o significado humano se acha inseparavelmente associada à autoconsciência que o homem tem de que é um indivíduo e de que existe em meio a um emaranhado de ambiguidades, transitoriedades e morte.

Kierkegaard era um existencialista cristão, e ele enfatizava mais do que todos a infinita diferença qualitativa entre o homem e Deus. Foi Kierkegaard que estabeleceu a diferença entre a abordagem “objetiva” de Deus e do cristianismo, e a abordagem “subjetiva”. É daí que vem a ideia quando falamos sobre a presença “objetiva e subjetiva” de Deus, mas de forma daptada. Na primeira abordagem, Deus e o cristianismo são tratados como fatos ou verdades objetivas e podem ser aprendidos sem paixão alguma, por meio da história, da filosofia e da ciência. Na abordagem subjetiva, eles são tratados como verdades e realidades existenciais com as quais o indivíduo se relaciona de maneira apaixonada num salto de fé (para melhor compreensão disso, leia a trilogia de Francis Schaeffer). Resumindo, foi Kierkegaard que inventou a frase tão popular “verdade é subjetiva”, sendo assim, para ele, é impossível que o Deus eterno tenha se tornado um ser humano no tempo e na pessoa de Jesus Cristo. Não vou entrar em detalhes sobre toda a filosofia por trás disso, mas foi nessa época e com esse entendimento filosófico que Barth escreveu sua Dogmática Cristã.

Apesar dessa paixão por Kierkegaard, Barth fez uma queixa a ele, dizendo que todo teólogo deve passar por Kierkegaard, mas não demorar muito, e depois nunca mais visitá-lo, e que havia nele o que ele chamou de “santo individualismo” de Kierkegaard. Por um lado, havia um antropocentrismo, uma centralidade do homem, que fazia do ser humano o sujeito do ponto de partida da reflexão teológica, exatamente o que Barth queria superar de seu trauma anterior. Por outro lado, Barth acreditava que a preocupação obsessiva de Kierkegaard com a relação do indivíduo com Deus era ao mesmo tempo doentia e se opunha aos ensinamentos bíblicos sobre comunidade de fé e a igreja como testemunha divina perante o mundo. Barth questiona Kierkegaard sobre:

Onde, em seu ensinamento, está o povo de Deus, a congregação, a igreja; onde está sua responsabilidade diaconal e missionária, sua responsabilidade política e social? (...) É estranho que nós, que tínhamos uma enorme preocupação com a forma como o cristianismo tratava a questão social, não tivéssemos suspeitado imediatamente disso, dado o santo individualismo tão pronunciado de Kierkegaard.

DEUS, CRISTO E A ELEIÇÃO

Depois de negar lealdade a Hitler e ser expulso de Bonn, Barth foi convidado a assumir a cadeira no magistério em Basileia. Foi lá que ele se aposentou e foi nesse tempo que ele produziu sua obra máxima Dogmática Eclesiástica.

Os doze volumes que o autor deixou inacabada, estão divididos em 4 tópicos principais: A Palavra de Deus, A Doutrina de Deus, Criação e Reconciliação, além de vários subtópicos. Barth morreu antes de dedicar a última parte à escatologia. Sua obra é clara e bem desenvolvidas com idéias puramente barthianas, como a Transcendência de Deus; sua natureza trinitária; a humanidade de Deus em Jesus; a situação do pecado e de impotência humana; uma antropologia teológica em que a natureza autêntica do ser humano é encontrada no homem Jesus Cristo; um tópico sobre rejeição de todas as formas de teologia natural; demonização de todas as “religiões”, inclusive as grandes religiões mundiais e várias outras coisas.

Por que estou falando de tudo isso? Porque foram os assuntos presentes em sua obra que causaram uma inquietação na teologia ocidental. Porém, o que mais se destacou na sua obra foi a doutrina da eleição. Como estou falando sobre a história da neo-ortodoxia, não vou entrar na discussão teológica. Mas sabemos que a eleição, ou predestinação, é um tema importantíssimo para a teologia reformada calvinista. E por mais que Barth procurasse ser fiel aos reformadores, nessa hora ele tomou uma direção que iria impactar o mundo da teologia.

Barth não defendia que nossa salvação eterna ficasse à mercê de um decreto absoluto insondável, ou seja, um decreto absoluto sobre o destino eterno das pessoas. Para ele, a soteriologia (doutrina da salvação) não pode ser somente isso. Barth, então, desvia a atenção da ideia de que Deus nos elegeu e nos escolheu e coloca a ideia de que Deus elegeu Cristo, e que em Cristo, ele nos escolheu. (Ef 1.4)

NEO-ORTODOXIA

Antes desse nome, vários outros rótulos foram dados à teologia de Barth, mas foram considerados inadequados, e o que mais fez sentido como uma síntese das idéias de Barth foi a neo-ortodoxia. Mas devemos entender o que isso significa antes de sairmos falando por aí coisas que não tem nada a ver com o termo.

A “ortodoxia” no caso, não se refere ao ensinamentos sólidos do cristianismo produzidos durante a história, mas se refere especificamente, e de modo mais técnico, à ortodoxia reformada, ou seja, à representação do ensinamento elaborado pela Reforma, mais específico ainda, a doutrina luterana. Portanto, a teologia neo-ortodoxa é enraizada em João Calvino, mas a diferença é que Barth faz uma análise crítica da bíblia, utilizando insights do conhecimento moderno, ou seja, da história, ciência e outras áreas.

Como Barth vê a Bíblia? Bom, ele rejeita qualquer ideia de inerrância, ele dizia que embora a Bíblia seja um produto humano e tem em si marcas da fragilidade humana, ela é o testemunho inspirado, o arauto do evento salvador centrado em Cristo. Também disse que é uma desonestidade intelectual negar a relatividade ou o caráter problemático da Bíblia. Outra forma como ele vê a Bíblia, é que ela apenas se torna palavra de Deus quando o Espírito Santo a usa para produzir fé.

QUAIS FORAM OS RESULTADOS?

Barth virou o curso da teologia de pernas para o ar, de certa forma isso foi muito bom, e não me refiro a suas conclusões teológicas, mas me refiro a questionar as tradições. Ao mesmo tempo, Barth foi muito criticado. Ele abraçou a visão histórico-crítica da Bíblia, o que levou os conservadores a manterem distância dele, mas por outro lado, ele foi rejeitado por muitos liberais por defender a autoridade do cristianismo. Com certeza ele foi criticado pela sua definição da doutrina da eleição, principalmente quando chegaram à conclusão de que a eleição segundo Barth pode levar ao universalismo, e realmente foi o que aconteceu posteriormente.

De qualquer forma, Barth deixou seu nome na história, assim como muitos outros teólogos polêmicos, Barth teve seus pontos positivos e seus pontos negativos. A previsão feita em 1966 dizia que quando as cortinas do século 20 baixassem, os livros e a teologia com certeza citaria Barth, e foi o que aconteceu.

Quando tudo se torna subjetivo, qualquer bobagem se torna relevante. O liberalismo e a neo-ortodoxia abriram as portas para fazerem o que quiser e como quiser com a Bíblia, basta olhar para o cenário evangélico e ver as bizarrices que existem, por isso, estude teologia e estude a história da igreja.