O que você faz para motivar e melhorar a capacidade da sua equipe?

Lucas Tagliani Aguiar
5 min readSep 1, 2017

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Você oferece cursos EaD com vídeo aulas de 16 horas, 10 perguntas no final e um certificado que quase ninguém dá valor? Bom, talvez existam algumas maneiras mais efetivas e/ou mais baratas para isto. Vou citar aqui 3 experiências positivas deste tipo que eu já vivi.

1 — Dinâmicas de equipe integrando as pessoas da empresa

Uma boa forma de fazer integrações para melhorar a comunicação entre os diferentes times ou áreas de uma empresa é reunir algumas pessoas-chave de cada equipe, isolá-las dos outros colaboradores, misturá-las umas com as outras para formação de novas equipes temporárias, estabelecer tarefas como se fosse um campeonato entre estas novas equipes e, por último, adicionar nestas ações o objetivo, a identidade, os valores e a missão da empresa.

Na prática, meu gerente e eu fizemos uma integração durante dois dias com colegas de todas as unidades da empresa num resort ecológico. No primeiro dia o foco foi trabalho em equipe misturando as pessoas de diferentes unidades em equipes. As atividades requeriam muita colaboração e lá não havia nível hierárquico, o diretor e o operador vestiam a mesma camiseta, sentavam nas mesmas cadeiras e tinham que fazer as mesmas tarefas. Como era uma competição, cada equipe queria demonstrar o melhor resultado nas dinâmicas para sair com o título de “Campeão”, mas algumas das dinâmicas, onde uma equipe “enfrentava” outra, era possível ver que teu concorrente não é necessariamente teu inimigo e que pra tua vitória, ele não precisa perder.

Parênteses: essa última frase me faz lembrar uma aula do colégio, eu tinha uns 7 anos de idade, quando minha professora deu um balão cheio para cada aluno da turma, nos levou para o pátio e disse algo como “Daqui 15 minutos o jogo acaba, os que não tiverem os balões estourados serão os vencedores”. Naquele dia, ninguém estourou o balão de ninguém, porque naquele contexto, naquele momento, ninguém achou que precisava prejudicar um colega pra vencer — mesmo inconscientemente.

Ok, isto parece um pouco história de conto de fadas, mas então me diz, você nunca aprendeu nada com algum concorrente seu? E não estou apenas falando de concorrente no mercado de trabalho, nem só de empresas, existe até concorrente amoroso! Mas falando de empresas, existem muitas parcerias entre concorrentes (algumas inclusive secretas), um grande exemplo recente é a Perdigão com a Sadia. Isto é importante, nem todo concorrente é seu inimigo!

Voltando para a dinâmica de equipes misturadas, no segundo dia focamos em resolução de problemas compartilhando experiências e ouvindo opiniões de pessoas que nunca tinham passado por aquilo, mas queriam muito ajudar — aí é onde mais surgem pensamentos fora da caixa! A produtividade deste segundo dia foi altíssima especialmente pelos acontecimentos no dia anterior. As pessoas, principalmente de TI, retornaram de lá com listas de planos de ações, priorizados e compreendidos, pois elas ouviram as dores e necessidades das pessoas de forma direta, sem intermediários. Além disto, outro grande benefício, foi que as pessoas saíram de lá com alguns contatos (pontos focais) em outras equipes e áreas.

Dependendo do contexto, fazer este tipo de dinâmica pode ter um alto custo. Porém, possui tem grandes chances de ter uma alta efetividade, até porque quando as pessoas retornarem suas equipes, elas serão responsáveis por motivar os colegas que não participaram — e se tudo ocorreu bem, elas estarão muito motivadas a fazer isto!

2 — Jogo “Escape the room”

Uma ótima técnica para formação e aperfeiçoamento de trabalho em equipes é fazer um jogo presencial no estilo “Escape the room”, que pode ser encontrado principalmente nas capitais brasileiras. A ideia destes jogos é um grupo limitado de pessoas entrar em uma sala com um objetivo em comum: sair dela em um determinado período. Os participantes precisam resolver uma série de pequenos enigmas para sair da sala. Este tipo de atividade faz com que os membros da equipe exercitem o raciocínio lógico, comunicação, colaboração, trabalho sob pressão (tempo) e, uma das coisas que eu considero mais importante, pensar fora da caixa. Estas salas costumam ter desafios diversos e provavelmente na maioria delas, em algum momento para resolver um problema, você precisará olhar para ele de uma perspectiva diferente, dando alguns passos para trás e analisar o todo — eu já falei um pouco disto num post técnico — , é neste momento que a criatividade será incentivada e algumas fichas poderão cair.

Eu tentaria escrever também sobre o quão motivador é sair da sala após resolver os enigmas, mas prefiro mostrar neste vídeo de 30 segundos logo abaixo. São nesses momentos que vivemos, na prática, o conceito de time.

O custo para este tipo de dinâmica é aproximadamente R$ 60 por participante e o maior benefício que eu vejo é a união das pessoas após a integração, seguido pela melhora na capacidade de remover impedimentos (lê-se resolver problemas) de forma rápida, prática e sob certa pressão. Essas dinâmicas trazem uma experiência a ser vivida e, como se fosse a Sala do Tempo no Dragon Ball, 60 minutos dentro de uma sala dessas pode ser mais intenso do que meses do lado de fora.

3 — Compartilhar conhecimento internamente

Quanto mais pessoas existirem em sua equipe ou empresa, teoricamente mais conhecimento absoluto há nela. Dar espaço, de forma explícita, para elas compartilharem conhecimento umas com as outras é quase uma obrigação em um local que requer aprendizado e adaptabilidade constantes. Puxando para área técnica de TI, existem algumas formas de fazer isto, as duas que mais presenciei são:

Apresentações/treinamentos: uma ou mais pessoas com conhecimento em algo compartilha(m) seu conhecimento através de uma pequena palestra, descrevendo qual problema isso resolve, como foram suas experiências quando precisou(ram) disto e às vezes alguns exercícios práticos para fixar melhor o conhecimento.

Dojos de programação: uma técnica um pouco mais dinâmica e que envolve uma participação efetiva da maior parte das pessoas na sala. Um dojo de programação consiste em resolver um problema (fictício ou real) e pode ser utilizado para testar ou aprender uma nova técnica ou tecnologia. Para saber mais, é só olhar aqui.

Compartilhar conhecimento internamente é a melhor prática na relação custo-benefício para melhorar a capacidade de equipes. Nem sempre ela é possível e, se não houver inovações, uma hora ela satura, mas se você nem abrir um espaço para fazer isto internamente, a chance de ficar estagnado em conhecimento é grande. Uma tirinha que eu gosto muito retrata isso bem:

“O que acontece se treinarmos eles e eles forem embora?” “Mas o que acontece se não treinarmos e eles ficarem?”

Pra finalizar, motivar e melhorar a capacidade da sua equipe são coisas com as quais você deveria se preocupar, coisas que deveriam andar juntas.

Já diria o famoso empresário Richard Branson: “Treine pessoas bem o suficiente para que elas possam ir embora, trate-as bem o bastante para que elas não queiram ir.”

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Lucas Tagliani Aguiar

Software developer, NLP enthusiastic, agile practitioner and lover of life experiences