Análise: Paprika

Luca Vianna
2 min readJan 21, 2016

--

“Paprika” é o último filme feito por Satoshi Kon antes de sua morte. É também um de seus mais celebrados trabalhos. Animado pelo estúdio Mad House, o filme explora o mundo dos sonhos. E, seguindo a tradição de Satoshi Kon, a realidade e a ficção se misturarem constantemente.

A história se passa em um futuro não tão distante e segue dois núcleos. O primeiro é o um grupo de cientistas que inventam uma máquina, para entrar nos sonhos de uma pessoa, que é roubada e está sendo usada para implantar sonhos em outras pessoas. O outro é a história de um detetive tentando resolver um caso através de um sonho. Em certo ponto, ambas as histórias se encontram e a barreira entre o real e os sonhos começam a desaparecer.

A personagem principal do filme é Atsuko Chiba e sua alter-ego no mundo de sonhos Paprika. É interessante ver a diferença entre Paprika e Atsuko. Paprika é animada, divertida e sedutora, enquanto Atsuko é fria, calculista e centrada. Isso ajuda a mostrar a diferença entre o mundo real e os sonhos não só no mundo, mas também nas duas personagens.

A animação, em um padrão normal para o estúdio Mad House, é espetacular. Enquanto a realidade é fria e comum, o mundo dos sonhos é criativo e vibrante. Mas quando as realidades se misturam, o espectador realmente tem dificuldade de diferenciar o real da ficção. Tem que ser mencionada o desfile imaginário criado pelo vilão do filme. Nas cenas onde o desfile está, ele tem inúmeras peças se mexendo e interagindo. É um espetáculo visual que mostra o talento dos animadores da Mad House.

Se há algo fraco em “Paprika”, é a relação entre os personagens. Muitas das maneiras com que os personagens se relacionam não tem tempo suficiente para serem desenvolvidos. Acaba que uma das revelações no final do filme parece vir do nada e enfraquece a narrativa.

Mesmo com esse pequeno problema, “Paprika” é mais uma obra prima de Satoshi Kon. Poucos filmes exploraram a relação entre o sonho e a realidade como esse filme faz. Sem dúvidas é um clássico do mestre da mistura de realidades.

--

--