RESENHA FILME — TERRA PARA ROSE

Luisa Amato Caye
3 min readJul 6, 2017

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O documentário Terra para Rose tem como desfecho o atropelamento de Rose durante uma manifestação em prol da luta pela terra. Apesar do final trágico, o documentário não trata sobre Rose e sim sobre a luta pela reforma agraria no país. O documentário inicia situando o contexto político em que o Brasil se encontrava, em uma época de transição da ditadura para a democracia coincidindo com a insatisfação da população rural devido à concentração de terras no país devido também à reforma agrária prometida pelo Estatuto da Terra e ainda não realizada. O presidente Jose Sarney também se comprometeu à tal reforma. A luta pela terra começa no Rio Grande do Sul em meados dos anos 80 com uma ocupação na fazenda Anoni, tal fazenda foi classificada em 1962 como latifúndio improdutivo (essa fazenda encontrava-se em processo de desapropriação que durou 14 anos), devido à lentidão desse processo pelo governo houveram inúmeras manifestações e ocupações por parte dos manifestantes inclusive em frente a sedes do governo.

O documentário ressalta a violência sofrida pelos revoltosos durante conflitos de terra, ressaltando quando mostra a cruz carregada em caminhadas em que os lenços pretos amarrados contabilizavam as mortes. Após o início da marcha para Porto Alegre o documentário passa a retratar 3 espaços: a marcha, Porto Alegre e o cotidiano dos acampados no Incra e na Assembleia legislativa além de diversas entrevistas com os ocupantes da fazenda Anoni entre outras pessoas. A educação das crianças que acompanhavam os pais nos acampamentos era uma preocupação e por isso em função disso foram criadas as escolas itinerantes com professores voluntários. A modernização no campo junto com as grandes propriedades acentuava o desemprego para os trabalhadores do campo causando uma migração dos mesmos para a cidade. Porém os trabalhadores que não tivessem condições ou não quisessem viver na cidade ficavam sem opção de adquirir uma terra ou trabalhar no campo, Jango anunciou a execução de seu programa onde desapropriaria as terras improdutivas à margem das rodovias e ferrovias federais, porém nada foi executado como previsto. Mesmo com a pressão dos sem terras revoltosas com o governo, nada foi realizado por parte do governo em Porto Alegre, por isso resolvem voltar para a fazendo Anoni para fazer uma caminhada e então até ocupar outras fazendas da região. Foram realizadas tentativas para cultivar na fazenda, porém sempre foram impedidos pela brigada militar do RS que se instala na fazenda para impedir que os colonos e então uma situação de confronto se instala na fazenda. Nesse confronto desigual os sem-terra sofriam sob a violência policial. A posse da fazenda Anoni após muita luta é concedida ao INCRA com seu ex[L1] -proprietário indenizado e finalmente puderam plantar nessa terra. Porem nem todos os ocupantes dessa fazenda puderam ficar, uma vez que ela não comportava todas as famílias.

Durante o documentário diversas questões além da luta pela terra são abordadas, como a distribuição do trabalho nos acampamentos, a ineficiência do governo, violência no campo e ainda as opiniões diversas acerca desse movimento, trazendo assim entrevistas com pessoas dos dois lados do movimento. Sendo que os entrevistados que não apoiavam o movimento tinham interesses próprios como o antigo dono da fazenda Anoni. A partir dessa luta surgiu o Movimento dos Sem-Terra que continua na luta pela terra.

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