Mantenha. Isto. Simples. Idiota.

Lupie
4 min readOct 16, 2018

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Afinal, o simples é invisível aos olhos…

Oi, eu sou o Lupie da Look’n Feel, tudo bem?

Estou passando por aqui para compartilhar com vocês um conceito que aprendi no Grupo de Planejamento de Londres este ano.

em algum lugar em Londres

Espero que gostem, :)

Falamos tanto sobre tecnologia.
Falamos tanto sobre política.
Falamos tanto sobre educação.
Falamos tanto sobre qualidade de vida.
Falamos tanto sobre diversão.
Falamos tanto sobre imigração.
Falamos tanto sobre esportes.
Falamos tanto sobre alimentação.
Falamos tanto sobre a vida alheia.

Na última linha, falamos tanto.

Aliás, a gente nunca falou tanto sobre tanta coisa em tantos lugares ao mesmo tempo.

E isso é muito incrível, ora!
Já faz algum tempo que somos capazes de trabalhar, namorar, aprender e criar independentemente de onde estivermos — isso é globalização na veia!

E apesar de sabermos que alguns países ainda experimentam esse fenômeno de forma quase homeopática, o fluxo médio de informações, ideias e conexões do século XXI trata todos os dias de ressignificar o conceito de fronteira.

No entanto, retirando o característico entusiasmo do millennial aqui do outro lado da sua tela, esse mundo hipercomunicativo também apresenta um nível igualmente hiper de ruído, de dispersão e em muitos casos, de confusão.

Para termos alguma noção:

Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia, todo o conhecimento do mundo ocuparia cerca de 295 trilhões de megabytes se estivesse sendo armazenado digitalmente. Impressionante, né? Calma. Impressionante mesmo é saber que se resolvêssemos colocar tudo isso em CD-Roms de 730 mb cada, a altura da pilha seria capaz de ultrapassar a distância até a órbita da Lua! — pasme, o dado é de 2011.

De volta para o presente e para o mundo prático, um exemplo mais rotineiro desse volume de ruído é, “por acaso”, a presença desse e-mail na sua caixa de entrada — um vídeo rápido sobre o tema:

É open de informação 24/7 !

Enquanto planejamento estratégico, minha função é resolver desafios e achar as melhores soluções nesse furacão de informações em que campanhas e promoções precisam ser muito competitivas.

Por isso, ferramentas que não deixam o Novo Mundo tornar minhas ideias previsíveis, pouco chamativas ou pior, pouco eficientes, são sempre muito bem-vindas.

E é aqui que o K.I.S.S se transforma em um post-it que precisa sempre estar no seu campo de visão no momento de desenvolver uma estratégia, seja ela de vendas, de design, de comunicação ou de engenharia.

A sigla, em tradução livre e mal-educada, significa:

“Mantenha. Isto. Simples. Idiota”

Dentro do contexto militar no qual foi criado, o Keep. It. Simple. Stupid. estava mais para um puxão de orelha do que para uma ferramenta estratégica e servia sempre para que a equipe de engenheiros e projetistas da Lockheed Skunk Works, refletisse constantemente a seguinte pergunta: qual a forma mais simples de resolver um problema?

Dois exemplos da Guerra Fria para nos ajudar a entender a importância dessa pergunta:

1. Se o problema for escrever no espaço, você investe milhões de dólares para desenvolver uma caneta esferográfica que funciona em baixa gravidade ou… leva um lápis?

2. Se o problema for desenvolver uma aeronave de combate que precisa ser eficiente em caso de interferências eletromagnéticas, você investe seis anos e muitos recursos para criar equipamentos menos sensíveis às interferências ou… desenvolve uma aeronave completamente mecânica?

O primeiro caso é conhecidamente uma história inventada, já o segundo, é um fato verídico que diferencia todos os caças americanos e soviéticos produzidos da década de 80.

Em ambos, a segunda solução encontrada foi um olhar muito mais focado na definição correta do problema, na simplicidade do desafio.

Percebam que nesses exemplos, os desafios nunca foram: criar uma caneta possível de escrever no espaço ou desenvolver equipamentos de navegação menos sensíveis à interferência — eram simplesmente escrever e voar.

Agora, um terceiro e último exemplo que nos ajuda a entender como o K.I.S.S. pode ser um óculos, um filtro, que podemos usar sempre que nos deparamos com um desafio.

3. Em 2007, um grupo de supermercados britânico colocou como desafio para a agência de propaganda: alcançar a astronômica meta de 2.5 bilhões de libras de faturamento nos próximos 3 anos. Independente do montante, essa meta representava um aumento de 29% de vendas no comparativo histórico da empresa. Desafiador? Muito! No entanto, uma simples conta de padaria foi feita e o assustador, distante, frio e quase inútil desafio inicial foi revisto como uma meta de míseras 1.14 libras a mais por cliente. Por fim, uma excelente campanha baseada em combos focada no aumento do Ticket Médio foi criada e para surpresa de todos, a meta foi superada em mais de 40% no final dos três anos.

Três casos. Uma verdade: nem sempre o verdadeiro problema é visível.

Na Look, tem feito cada vez mais sentido investir 80% do tempo dos projetos com técnicas capazes de simplificar e facilitar a compreensão do desafio, em outros termos, capaz de esculpir num Tweet, o que de fato temos de resolver, e acredite isso nunca é uma tarefa trivial.

Para gestão e administração de sistemas produtivos de maior escala, métodos consagrados como os Diagramas de Ishikawa e de Pareto são boas escolhas para mapear e verificar todas as possíveis causas de um problema.

Mas o Método de Toyoda, popularmente conhecido como “5-Porquês ”, é uma opção que pode ser facilmente aplicada em um gama bastante rica de contextos — esta é uma favorita na Look .

Aqui uma excelente referência da Toyota, empresa na qual o método foi desenvolvido e é exaustivamente aplicado até hoje.

Bem, o K.I.S.S é isso. Um lembrete. Um olhar focado e reducionista.

É um convite para que em cada novo trabalho, em cada novo briefing tenhamos a simplicidade como pilar e como ferramenta para encontrar a raiz dos desafios que lotam nossas rotinas, afinal, não podemos ser nós os idiotas.

Luís Pereira é Planejamento Estratégico na Rede LNF, mestrando em Comunicação Estratégica na Universidade Nova de Lisboa e membro do Grupo de Planejamento do Reino Unido.

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Lupie

Realizador. De planos, de estratégias. De viagens pelo mundo. Brasileiro. Apaixonado por música. Skate e bike. Apaixonado pela relação entre marcas e pessoas.