Uma coisa que pode salvar Batman v Superman

Lucas Abreu
2 min readMar 11, 2016

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São sem sombra de dúvidas meus dois heróis de quadrinhos favoritos, então falo com uma certa dorzinha na alma que acho que o filme vai ser ruim. Ele pode até ser um bom filme, mas mesmo se isso acontecer eu acho pouco provável que ele seja um bom filme DO Batman e DO Superman. E motivos não faltam para eu achar isso.

Histeria nas cenas de ação (Zack Snyder, né?) preocupação em povoar o filme com o maior número de personagens possíveis, o que reflete uma preocupação maior com fazer do filme um acontecimento que inaugure uma franquia, e não um filme. E a trama que se desenha me parece bastante frágil.

Mas tem uma coisa que pode salvar o filme, e isso está na essência dos personagens.

Batman e Superman são figuras antagônicas em sua essência. O kriptoniano é um herói épico, um luminar de pureza e perfeição que veio de outro mundo para salvar, proteger e guiar a humanidade. Mesmo órfão de um planeta destruído, o personagem foi acolhido com amor na terra, por um casal que é pura retidão de caráter. É a nobreza e a responsabilidade que movem o Superman na sua “batalha sem fim”.

O morcego é um herói trágico, fruto da dor, da falha da humanidade. Cresceu sozinho, perdeu seus pais para aquele que ele escolheria como seu maior inimigo, o crime. Mesmo que sua jornada seja por um mundo mais justo, é a vingança o seu combustível. Não mata, mas é violento, tirânico e autocrata. Os fins justificam os meios para o Batman.

Essas duas figuras estão automaticamente em rota de colisão. São em si a própria dialética do papel do herói - ainda mais no mundo de hoje - e para que entrem em um acordo, ambos precisam fazer concessões. Não é a toa que existem muitas grandes histórias envolvendo os dois personagens, é graças ao poder da relação entre os dois.

Então quando Batman e Superman se enfrentam, não importa quem é mais poderoso, quem é mais inteligente, ou se o Superman tem poderes e o Batman não. O que importa é a carga simbólica que esse confronto representa, e o potencial criativo que ele tem. Se o filme se apegar a isso, à capacidade que os dois juntos (em conjunto ou não) tem para propor grandes histórias, o filme pode se salvar.

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Lucas Abreu

Eu sigo nessa vida, cheio de coisas que quero escrever, mas sem saber bem como começar.