Luvdeluxe
2 min readDec 2, 2019

Comprei a marca de cigarro que ela gostava pois sabia que em algum momento da festa de final do semestre ela iria me pedir um careta. Antes de sair de casa meditei rapidamente no banheiro invocando a Carnal enquanto desenhava o sigilo num cigarro que deixei virado para cima.

Tudo corria bem. Beijei algumas bocas pensando na boca dela até que chegou a hora da estrela que se alinhou com a minha vontade e ela veio e me pedir um cigarro. Esquecido do meu intento lhe entreguei o maço e ela pegou justamente o cigarro sigiloso.

O fogo do meu isqueiro acendeu dentro dela e a chama do amor e da luxuria brilhou naquele corpinho esbelto e fofucho. A bolinha de sabor fez ploft na boca dela no mesmo tom do estalo das nossas línguas se chocando como duas ondas numa pororoca de saliva e fluidos corporais. Como dois cavalos sem nome correndo pelo espaço vazio da gnose em que entramos naquela cozinha apertada da republica estudantil.

Seus beijos eram loucos como uma carta de tarô e seus cachos vermelhos farmácia estavam bagunçados como uma selvagem flor. Eu sabia que naquele momento o universo girava em volta de nós mas a força desse mesmo universo traiçoeiro, mestre cervejeiro que joga RPG com a nossa vontade me mostraria até onde vai a toca do coelho que eu não poderia entrar.

Cansados de tanto se beijar eu saí para pegar cerveja enquanto ela foi em direção ao banheiro toda linda deslumbrante e foderosa. Peitos fartos, coração cheio de si mesma em chamas. Ela não cabia nela mesma e nem em mim de tanta autoestima. Até que quando voltei com a cerveja a encontrei se engolindo com outra mina no banheiro. As estrelas se desalinharam no meu céu enquanto eu sentava no sofá da sala com as duas latinhas de cerveja na mão.

No ambiente tocava um soft rock anos 70 de fim de noite no momento em que ela sentou do meu lado. Cabisbaixo, ela perguntou o porquê de minha tristeza. E depois que respondi ela riu alto e me beijou com carinho. Segurou minha mão e bebeu sua cerveja tranquilamente. Acendeu um cigarro e estourou a bolinha entre os lábios. Tragou profundamente e soltou a fumaça para cima. Olhou para mim e riu novamente. Seu sorriso largo estava diferente e brilhava intenso e cheio como a luz da lua e naquele momento eu entendi que são as mesmas estrelas que guiam todos os psiconautas.