Dia dos pais

O dia dos pais, pra mim, sempre foi uma data estranha.

Me lembro de chorar repetidas vezes por não ter o meu pai sempre comigo, quando criança. Minha mãe sempre lá, amor transbordando; meu tio lá, cuidando de mim sempre, me ensinando as coisas com muito amor; minha tia, as vezes meio sem paciência, mas como todo o restante da família, sempre lá pra mim. E eu insistia em sentir falta do meu pai.

O tempo foi passando, a rotina de dia dos pais nunca mudou. Presente era só pra mãe e pro meu tio, porque ele não aceitava os presentes que eu fazia na escola.

E com toda essa atenção que eu tive, fui deixando de gostar dele. Alias, isso parece até que foi meio instantâneo. Chorei tanto em dia dos pais, vi minha mãe chorar tanto por causa dele que fui criando casca e… raiva! Muita raiva.

Se reaproximou de mim em 2006, fui passar uma semana com ele na época. Minha mãe incentivou totalmente. Voltei pra casa antes.

Voltamos a nos ver em 2010 num fórum. Minha mãe colocou ele na justiça por volta de 2005 e como a justiça aqui anda naquele pique, a situação só foi se resolver em 2010. Maicão de maior, o B.O. caiu na minha mão.

Mesmo assim pensei “não fui eu que processou ele. ele é meu pai. depois da audiência vou procurá-lo e dar um abraço.”

Cadê? Sumiu de novo.

Dezembro de 2014 ele tenta se reaproximar novamente e dessa vez eu não quis.

Hora eu acho que fiz mal, hora acho que fiz bem, mas pra qualquer efeito, ele tem meu contato e se não tiver, tem como me encontrar.

Não guardo rancor, não tenho mais raiva. Nada!

Por algum tempo essa foi a música que descrevia meu dia dos pais.

Devia ser por um dia, o que eu sou a 20 ano. Pra ver se cês ia ta na de trocar a coroa pelos mano.

Hoje não. Escuto, lembro, mas não junta aquela coisa ruim no peito.

Evito ao maximo sentimentos ruins porque eu já tenho coisa demais na cabeça pra me preocupar.

O que eu não tive de uma pessoa, a vida me deu e eu aprendi a sentir de todo mundo que me rodeia.

Sempre que me ensinavam, sempre que me ensinam, alguma coisa a mais sobre a vida recebo isso como uma lição de vida que eu aprendi na hora que eu tive que aprender.

Quem teve comigo a vida toda me ensinou muito sobre um monte de coisa que, possivelmente, eu não teria aprendido com uma família nos moldes convencionais.

Ainda bem que foi assim.

Então, pra você que segurou a bronca de ser pai… não, mais. Que segurou a bronca de ter acumulo da função que é ser pai (e/ou mãe), que é um pai que não correu, que nem precisava fazer nada por quem você cria ou criou como filho.

Te desejo, muito mais que um feliz dia dos pais, mas desejo TODO AMOR QUE UM SER É CAPAZ DE AMAR pra você e pra sua família inteira.

Muito mais importante que o cara que da prazer naqueles 5, 10min (ou mais) da transa e depois corre, é quem assume a responsa que é ser guardião de uma vida.

MÁXIMO RESPEITO A TODOS VOCÊS

E um feliz dia dos pais.