UM INÍCIO.
Depois de dias de correria e da minha vida virar de ponta cabeça, enfim consegui parar um pouco pra falar sobre tudo isso que tá acontecendo. Primeiramente, sejam bem vindas :)
O serviço que eu criei, o mAna (cujo nome é um trocadilho com o meu próprio nome), foi o responsável por essa virada na minha vida. Depois de muito pensar nas minhas próprias experiências, acabei criando um meio de atender mulheres que necessitam de reparos e e serviços de manutenção doméstica. A ideia é que o serviço seja oferecido de mulher para mulher, de forma que ambas se sintam à vontade e seguras no ambiente.
Creio que a ideia estava em mim ja há muito tempo, mas o gatilho pra tudo acontecer foi uma situação que vivi no último mês de Julho. Sozinha em casa, liguei para a entrega de butijões de gás e, já na minha cozinha, o entregador começou a me fazer perguntas que me deixaram extremamente desconfortável. Entre as várias coisas que ele falou, lembro apenas daquela que fez aquele sinal de perigo gritar dentro de mim: “E aquele menino que mora aqui? Tá aí ou você tá sozinha?” — Como ele já tinha feito entregas em casa, sabia que um homem morava aqui também. Eu APAVOREI e comecei a inventar desculpas: disse que meu roommate só tinha ido na padaria da esquina e já estava voltando, que não precisa nem testar vazamento e já fui me dirigindo à porta para pagá-lo lá na rua. Assim que ele foi embora, consegui respirar tranquila novamente.
Quando meu roommate chegou em casa, começamos a conversar sobre o acontecido e acabei me perguntando por que não existiam serviços de entregas feito por mulheres — um serviço que eu mesmo contrataria. A vontade de trabalhar de forma autônoma me fez começar a ter ideias relacionadas. Ficamos um tempo discutindo a parte prática da coisa e logo percebemos que era inviável pro momento (não tenho veículo, não teria a força para carregar coisas muito pesadas e não tinha o dinheiro pra investir também). Mas fiquei com isso na cabeça, e a vontade de ter um trabalho próprio me fez pensar mais e mais no assunto.
Continuei pensando e fui percebendo que os vários probleminhas de manutenção da minha própria casa eram, na maioria das vezes, resolvidos por mim mesma — e daí surgiu a ideia: por que não oferecer esse meu conhecimento para outras mulheres? Seria trabalhar não só com algo que eu conheço e gosto, mas também com algo que verdadeiramente me motiva: ajudar mulheres, partilhar, empoderar. E aprender!
Como a insegurança ainda me habitava (ainda habita, mas ela tá de mudança), resolvi passar um feriado no interior com meu avô, que cresci vendo fazer esse tipo de serviço em casa, e meu primo Lucas, que estuda engenharia e é técnico eletricista. Foi um feriado produtivo e eu peguei com eles uma série de dicas, truques e técnicas que me fizeram voltar pra São Paulo motivada e super afim de investir nesta ideia.
Quando contava a ideia para minhas amigas, todas adoravam! Resolvi que era pra valer e que precisava começar a me mover pra fazer isso virar realidade. E tudo começa com divulgação, né? Logo que comecei a pensar em design, em logo, nesse tipo de coisa, eis que aparece uma mensagem da Paula, uma amiga minha que trabalha com isso, pedindo indicações de pessoas para instalar tela nas janelas e no portão da casa dela. Tava ali a chance de tudo sair do papel: conversamos, trocamos serviços e a economia solidária se fez!
Com a imagem em mãos, enfim fiz o post que nos trouxe até aqui. E é só o começo, é só o primeiro passo. Uma das coisas que mais penso hoje em dia é como fazer para que mais iniciativas como essas aconteçam, como criar redes significativas de partilha e troca de serviços entre mulheres e como viabilizar e fortalecer outras ideias como a minha. E é por isso que quero manter o diálogo aberto e livre, para que possamos fazer parcerias e possamos pensar juntas nesse tipo de ação.
A partir de agora sou mAna, irmã de todas que quiserem ser minhas irmãs, afim de ajudar quem precisar no que eu puder.
Sintam-se à vontade e vamos conversar ;)
