Imprevistos de Obra #1
A intenção aqui é contar um pouquinho das surpresas que acontecem no dia a dia do ofício.
Meu primeiro super imprevisto de obra aconteceu no final de 2009. Com o apoio de uma prima que trabalhava como assessora de imprensa, escrevi este texto que foi publicado num jornal local:
“Finalmente, após anos economizando e batendo pernas em busca de algo à altura de suas expectativas, você conseguiu comprar o apartamento dos seus sonhos.
A localização é ótima, as parcelas cabem no seu bolso, a metragem é suficientemente confortável para acomodar a família, os animais, e todos os pertences.
Mas, como nada é perfeito, você imagina que uma reforma com pequenas e significativas alterações poderiam valorizar ainda mais seu imóvel.
Então, decide contratar um profissional de confiança, que te apresente soluções funcionais, bonitas e surpreendentes. Você, encantado, aprova os projetos, contrata a mão-de-obra e eis que a obra se inicia.
Bem… Todos nós, especialistas ou leigos no assunto, sabemos que qualquer obra, por mais simples que seja, virá sempre recheada de imprevistos. Alguns destes imprevistos passam despercebidos, são resolvidos quase instantaneamente com um ajuste de projeto aqui, um enchimento ali, um conserto acolá. A equipe de obra se encarrega de tudo e você mal percebe. Ótimo, não?
Maaassss….. e quanto àqueles imprevistos gigantescos, que só são descobertos depois do início do quebra-quebra, e que acabam interferindo drasticamente na linguagem do projeto? O tipo de problema que nos deixa arrasados porque já havíamos nos acostumado com a planta, e inclusive já sonhávamos com a vida na casa nova, com aquele nicho especial para guardar a coleção de canecas trazidas das viagens, a cama super king size que finalmente cabe na suíte, o armário especial para longos (que poderão agora ser acomodados sem amassar!), a cozinha integrada com a sala... Aliás, meu último grande imprevisto diz respeito a esta solução — integração entre cozinha e sala.
Eu fazia o projeto de reforma de um apartamento antigo para um amigo de infância e tudo ia muito bem até que, ao darmos início à demolição da antiga parede que dividia a cozinha e a sala, eis que surge um elemento estrutural… Sim, uma viga que atravessava toda a parede!
Confesso que levei cerca de 2 dias para digerir a idéia e pensar em alguma solução, até que me ocorreu o óbvio: se o elemento existe e não pode ser removido, por que não incorporá-lo ao novo layout?
E foi o que fiz: sugeri ao cliente que evidenciássemos a estrutura com concreto aparente e transformássemos aquele elemento num dos pontos focais da decoração. Deu certo! O resultado vocês conseguem conferir na imagem abaixo — a viga inclinada que sai do balcão de refeições era o nosso “problema”.
O mais bacana é que conseguimos manter a proposta de integração entre os ambientes, e o elemento estrutural se transformou em escultural.
O projeto ganhou autenticidade e nós adoramos o resultado.
