Militantes violentos de esquerda e supremacistas brancos preparam-se para o confronto em Charlottesville

Quem saiu ganhando em Charlottesville

Marcelo de Paulos
15 min readAug 21, 2017

--

Muita gente tem falado, postado vídeos, feito comentários e tal. Mas tenho visto muita desinformação. Não vi a reportagem do Fantástico de ontem, que parece ter colocado os embates em Charlottesville como uma espécie de luta do bem (Antifa e BLM) contra o mal (KKK, Neo-Nazis, Supremacistas Brancos e Nacionalistas Brancos).

Vou ponto por ponto sobre o que envolve o assunto, mas sem entrar em toda a profundidade de cada ponto — ou esta breve reflexão viraria um livro de 1.000 páginas. Vamos lá, começando do começo.

A Guerra Civil (ou de Secessão)

A Guerra Civil Americana foi travada entre o Norte abolicionista e o Sul escravista.

O republicano Abraham Lincoln foi eleito no final de 1860 com uma plataforma abertamente abolicionista. Antes que ele entrasse na Casa Branca, sete estados do “Sul Profundo”, produtores de algodão (o cultivo que mais utilizava mão-de-obra escrava) se separaram da União. A primeira batalha aconteceu em abril de 1861, pouco antes de quatro outros Estados também se separarem. Os Estados separatistas se organizaram em uma Confederação, daí o termo “Estados Confederados”.

Todos os Estados Confederados eram dominados pelo Partido Democrata, abertamente favorável à instituição escravocrata.

A escravidão foi a principal causa da Guerra. Mas muita gente foi às armas para evitar o que consideravam uma usurpação de poderes federais. Explico: a Constituição dos EUA diz explicitamente que a União jamais terá poderes que não tiverem sido outorgados pelos Estados. Logo, tinha gente que considerava que os Estados é que deveriam regular sobre a escravidão.

Eis que a Constituição também diz que todos são iguais perante a lei. E os Estados escravistas estavam descumprindo essa cláusula básica. A guerra foi justificada.

Mais de seiscentos mil americanos morreram dos dois lados. O Sul venceu boa parte da luta até que o general William T. Sherman usou seu gênio militar para virar a disputa e vencer a guerra para o Norte.

Como acontece com os lados derrotados nas guerras, o Sul precisou seguir as determinações dos vencedores e a escravidão foi abolida.

O Pós-Guerra

Destruído pelos custos das campanhas e pela devastação das batalhas, o Sul ainda viu a ruptura de seu (abjeto) modelo econômico. Foram décadas de ruína econômica e de caos social. As grandes fazendas perderam sua capacidade econômica ao mesmo tempo em que milhões de novos cidadãos saíam das senzalas para entrar na vida da sociedade.

O preconceito era enorme e surgiram as leis locais segregacionistas, chamadas de Jim Crow (um personagem folclórico que ridicularizava traços culturais negros, segundo o olhar dos brancos).

Ao mesmo tempo, na Era da Reconstrução, surgiu uma leitura conciliadora dos eventos da Guerra Civil. A tentativa era de curar as feridas da guerra fratricida, permitindo aos Estados do Sul o direito de lamentar seus mortos e cultuar seus herois.

Com o passar do tempo, essas duas coisas se misturaram. Os símbolos Confederados passaram a ser adotados pelos segregacionistas, numa espécie de orgulho sulista, como se a luta nunca tivesse terminado. Outros símbolos foram criados especificamente para incensar esse orgulho, em desafio ao avanço da integração racial na sociedade americana.

Os monumentos Confederados

Em diversos Estados do Sul, há monumentos aos mortos ou aos líderes militares. Em especial do general Robert E. Lee, o personagem da estátua de Charlottesville. Lee havia sido o melhor aluno de sua turma em West Point (a principal academia militar americana) e era o mais graduado oficial do exército da União. Foi convidado por Lincoln para comandar as tropas do Norte.

Como era natural de Virgínia, o Estado Confederado mais ao norte, achou que trairia seus irmãos de terra se aceitasse o convite. Lee não apenas não tinha escravos como era notório que libertava todos aqueles que eram colocados sob seu comando. Era um gênio militar e, ao menos na mitologia do Pós-Guerra, foi tratado como um grande ser humano.

Mas Lee não é o único personagem. E reconciliação definitivamente não foi a única causa para que monumentos Confederados fossem erigidos. Com o tempo — e tão tarde quanto a década de 1950 — foram surgindo mais e mais símbolos públicos de apreço aos líderes do Sul, o que em parte era motivado pela simbologia segregacionista.

Na mesma época (de 1915 a 1944), viveu a segunda (de três), maior e mais poderosa encarnação da Klu Klux Klan, uma milícia terrorista segregacionista.

O Movimentos pelos Direitos Civis e o fim da segregação

Na década de 1960, o movimento pelos direitos civis, liderado por gente como o notório Dr. Martin Luther King Jr. (vencedor do Nobel da Paz em 1964) mudou o panorama do Sul americano. Com uma estratégia de resistência pacífica e desobediência civil, ativistas pela igualdade racial desafiaram as leis segregacionistas. Durante o governo de Lyndon B. Johnson, com mais apoio de legisladores republicanos do que democratas, foi aprovado o Civil Rights Act de 1964, que decretava o fim das “leis Jim Crow”.

Abandonar sua base democrata racista no Sul fazia parte de uma estratégia de LBJ: com o ponto de ebulição social dos movimentos pelos direitos civis, o presidente espertamente cria uma nova forma de relação com a minoria negra. Em vez de escravizar ou segregar, desenvolver uma relação de dependência. Em 1965, LBJ lança o “Sociedade Grande”, um programa de luta contra a pobreza, além dos programas Medicare e Medicaid, que com o Social Security, formam o coração do estado de bem-estar social americano que vem mantendo as populações negras numa espiral de dependência e desintegração da família que eternizam a miséria. Mas isto é assunto para outra hora…

Revisionismo histórico e a histeria da esquerda

Há décadas que a esquerda tenta criminalizar os líderes militares dos Estados Confederados. Mas foi somente durante os dois governos de Barack Obama que o movimento ganhou musculatura e chegou ao mainstream.

Nos primeiros meses do governo Obama, o movimento ativista notório era o Occupy Wall Street. O mercado financeiro americano era o demônio ideal depois do crash de 2008. A Casa Branca, o governador democrata David Patterson e o prefeito/bilionário globalista Michael Bloomberg acharam por bem não reprimir. Nascia ali o embrião da principal milícia de extrema-esquerda nos EUA, o Antifa (redução de anti-fascista).

Baseados numa interpretação estrita (e estúpida) da realidade, antifas entendem que qualquer pessoa que pense diferente deles está propagando o mal. Portanto, agem para impedir que expressem suas ideias, que são sempre qualificadas como “discurso de ódio”. A banalização dessa interpretação leva à equalização de qualquer conservador americano aos nazistas. Recentemente, houve uma conclamação a esquerdistas de todo o país para que fossem às ruas “esmurrar um nazista” (Punch a Nazi). Abaixo, a reflexão do ultraesquerdista The Guardian sobre o movimento que adveio de uma agressão sofrida pelo nacionalista-branco Richard Spencer, um dos principais líderes do movimento Alt-Right.

Também em tempos de Obama, surgiu o Black Lives Matter. Sua principal motivação seria a luta contra a suposta brutalidade policial contra a população negra — um argumento que não resiste a um peteleco, como demonstrou Larry Elder na entrevista ao ex-esquerdista Dave Rubin em 2015 (vídeo abaixo). Na prática, são herdeiros dos Black Panthers da década de 1960 e pregam o assassinato de policiais e um racismo igual mas com sinal trocado, uma espécie de supremacismo negro.

Sua principal prática é levar terror e caos a qualquer comunidade onde um negro tenha sido morto pela polícia — independente se a ação policial foi justificada ou não. Tem surtido efeito: hoje há estudos que apontam que um policial americano é duas ou três vezes mais cauteloso antes de atirar em um suspeito negro do que em um hispânico ou branco. É assim que o terrorismo atinge seus objetivos.

O outro efeito prático é que policiais fazem o possível para evitar patrulhar áreas de concentração de população negra, simplesmente para evitar que se coloquem num episódio que pode acabar com suas carreiras e com a vida social de suas famílias.

Antifa e BLM se incendiaram ao extremo depois da eleição de Donald Trump. Inflamados por discursos da derrotada Hillary Clinton, resolveram formar “a resistência”, uma visão novamente estrita e estúpida segundo a qual o presidente americano seria o senhor de todos os males da nação e precisaria ser enfrentado como Adolf Hitler.

Ao longo dos últimos 18 meses, ambos os grupos têm sido vistos cometendo todo tipo de violência contra palestrantes conservadores (impedidos de proferir palestras em universidades país afora) e apoiadores de Trump de qualquer matiz. Basta um boné “Make America Great Again” que junta-se uma turba para a agressão. Procure por conta própria por casos dessa violência, tanto durante a última eleição presidencial quanto depois — notadamente na tentativa de Ben Shapiro de palestrar na DePaul University, Milo Yiannopoulos em Berkeley, Charles Murray em Middlebury College, Gavin McInnes na NYU e no embate campal que ficou conhecido como A Batalha de Berkeley.

Nos anos Obama, também recrudesceu a narrativa da mídia. Estimulados pelo presidente mais à esquerda desde Woodrow Wilson (que chegou a defender a substituição da Constituição por algo que criasse um capitalismo de Estado no modelo do fascismo italiano, considerado por ele um modelo infinitamente superior), os esquerdistas da mídia partiram para o ataque. A arma mais comum foi a problematização de qualquer tipo de faceta da vida americana. Um exemplo foi a campanha para mudança do nome do time de futebol americano Washington Redskins (Peles-Vermelhas). Democratas encontraram um grupo de indígenas americanos que peticionou a mudança do nome, por ser ofensivo. Abaixo, a âncora-ativista Rachel Madow, da ultraesquerdista MSNBC usando “R-word” para se referir a Redskins.

A NFL recusou. Os democratas, então, tentaram a Justiça. Perderam. Tentaram mudar a lei. Perderam de novo. Conseguiram que a agência de patentes do governo Obama suspendesse o direito do time a explorar sua própria marca. Mas mesmo isso já foi revogado. Ao final, em uma pesquisa com indígenas americanos, 90% declararam não se ofender com o termo, muito menos com um time que os retrata como bravos guerreiros.

Os monumentos Confederados não permaneceriam intactos. Começou uma campanha para difamar todos os líderes retratados e para denunciar os monumentos.

A retirada dos monumentos

Os EUA são notórios por seu respeito ao federalismo — menos do que eu gostaria, mas ainda mais que qualquer outra nação. Portanto, a forma correta de se conquistar a retirada de um monumento público é apelar às instâncias democráticas do ente público que detém aquela propriedade e votar pela retirada.

Foi o que fez Charlottesville. A cidade é majoritariamente democrata (Hillary Clinton venceu na cidade com 67% dos votos e levou também o estado da Virgínia), sede da University of Virginia. Fica ao lado de Monticello, a propriedade da família de Thomas Jefferson, o redator da Declaração de Independência, segundo presidente americano e uma dos Patriarcas Fundadores da maior república da história da humanidade.

A manifestação dos supremacistas

Numa reação à decisão de retirar o monumento, grupos supremacistas marcaram um protesto, que envolvia tão-somente uma marcha na cidade. Ao contrário do Brasil, onde algumas ideias são proibidas e o porte de certos símbolos, crime, na América a liberdade de expressão é absoluta. As únicas exceções são ameaça física de violência e apologia ao crime. A Suprema Corte já se posicionou sobre uma tentativa de limitar a liberdade de expressão e a máxima “expressão de ódio não é livre” (“hate speech is no free speech”) é falsa.

Portanto, por mais nojentas que sejam as ideias desses grupos, eles têm o direito constitucional de expressá-las. Nós não gostamos de ver, preferiríamos que eles não existissem. Mas a beleza da democracia americana é exatamente o direito que esses imbecis têm de falar o que pensam.

Nos EUA, as polícias são municipais, mas em casos extraordinários é empregada a força de uma polícia estadual. O prefeito de Charlottesville, um democrata bem de esquerda, primeiro tentou impedir a manifestação dos malucos. Um deles foi numa Corte Federal e conseguiu um mandado que permitia a manifestação.

Não satisfeitos com a decisão da Justiça, o governador (democrata intimamente ligado à campanha de Hillary Clinton) decretou estado de emergência, o que permitiria à polícia (tanto a municipal quanto a estadual) repreender qualquer grupo que se reunisse em um espaço público.

Na véspera da manifestação oficial, os supremacistas marcharam com tochas (uma alusão direta às marcas das SS de Hitler e às reuniões noturnas da KKK) em direção ao monumento que Charlottesville decidiu retirar. Quando chegaram lá, encontraram um grupo de ativistas de esquerda, que cercavam a estátua de braços dados — uma temeridade, à qual a polícia assistia impassível. Os nazi, em número bem superior, partiram para o pau e ocuparam o espaço do entorno da estátua. A polícia agiu e dispersou os dois grupos.

No dia seguinte, com o estado de emergência decretado, as duas forças policiais impediram a reunião dos supremacistas. Curiosamente, não impediram a reunião de nenhum outro grupo. Antifa e BLM se aglomeraram no entorno dos pontos previstos para reunião e fizeram verdadeiras emboscadas, que descambaram em violência aberta.

Frustrados e carregados de seu ódio, os supremacistas entraram no embate. Em grande parte dos casos, apanharam muito mais do que bateram. No meio disso tudo, um supremacista débil mental (perdão pela redundância) com propensão ao crime (perdão pela redundância) jogou o carro em velocidade sobre uma aglomeração de esquerdistas (que seria ilegal, dado o estado de emergância), matando uma pessoa e ferindo dezenove.

Os comentários de Trump

No sábado, o presidente Donald Trump fez um pronunciamento. Em vez de ler o discurso cuidadosamente costurado pelos seus assessores, resolveu improvisar e condenou os dois lados. Os líderes supremacistas comemoraram o fato de o presidente não os ter condenado ou citado pelo nome. A imprensa foi à loucura com o que parecia uma relutância a condenar grupos cujo apoio a própria imprensa insinuou serem caros ao presidente.

Na segunda-feira, Trump leu o discurso. Havia uma clara condenação dos grupos supremacistas, agora citados explicitamente pelo nome. A crítica da imprensa, agora, era ao fato de Donald Trump ter demorado demais e só ter feito a denúncia depois de criticado pela imprensa.

Na terça-feira, em uma coletiva de imprensa para o lançamento de um programa do governo sem qualquer relação com os episódios de Charlottesville, os repórteres gritaram perguntas e Trump resolveu responder. Mais que isso, entrou num embate com os jornalistas. Trump repetiu a denúncia aos grupos supremacistas, mas disse que a violência partiu dos dois lados. Ele estava certo.

Para conservadores, que assistem revoltados à violência de Antifa e BLM há longos meses, a coisa parece até óbvia. Para esquerdistas, nada menos do que uma “denúncia ritual” aos grupos supremacistas é aceitável.

Agora, meus comentários

  • Os supremacistas têm direito constitucional de expressar suas ideias, por mais abjetas que sejam. As tentativas do prefeito de Charlottesville e do governador da Virgínia, por melhor que tenham sido suas intenções, são graves infrações a direitos constitucionais.
  • Há muito menos malucos supremacistas hoje do que em qualquer momento da história americana. A KKK já teve 3 milhões de membros, hoje não passam de 6 mil. Esses grupos, apesar da aparência grotesca e de tudo o que representam, são na prática uma “ameaça existencial” muito menor do que tenta-se pintar deles.
  • Esses grupos existiam durante os últimos 50 anos. Sempre fizeram suas marchas nefastas. Nunca houve estardalhaço e eles continuavam no vácuo — que é o máximo que merecem, dado o vazio moral que representam.
  • A tese de que esses grupos se energizaram com a eleição de Trump pode ter algum mérito. Efetivamente, Trump fez campanha em cima de temas que são caros a esses grupos — notadamente o combate à imigração ilegal.

O que mais energiza esses grupos é a forma incólume como os grupos de extrema esquerda avançam suas agendas pelo uso da violência, com o beneplácito da imprensa

  • Para mim, o que mais energiza esses grupos é a forma incólume como os grupos de extrema esquerda avançam suas agendas pelo uso da violência, com o beneplácito da imprensa. O pouco de popularidade que os nazistas tinham durante a República de Weimar era em função da oposição que representavam aos “camisas vermelhas”, comunistas que tomavam cidades inteiras e aterrorizavam suas populações. Seria bom aprender com esse erro fenomenal.
  • A tese de que Trump comemora o apoio, envia “apitos de cachorro” (termo usado para mensagens veladas que só iniciados entendem) e piscadelas de olho para esses grupos é ridícula. A evidência maior era a presença de Steve Bannon, o estrategista da Casa Branca, que havia sido editor-chefe do site Breitbart — que ele mesmo havia dito ser uma espécie de plataforma para a Alt-Right.
  • O termo Alt-Right nasceu com uma confusão. Para alguns, era uma “nova direita”, que não se dobrava à lógica do mainstream. Para outros — os verdadeiros propositores da Alt-Right — era uma nova versão das velhíssimas ideias de supremacia racial, da defesa de um Estado racial branco, de uma luta contra negros, latinos, judeus, católicos e maçons. Ou seja, uma face para as ideias nazistas. Eu fico com a segunda visão. Não havia essa clareza quando Bannon fez a ponte entre o Breitbart e a Alt-Right.

A esquerda no protesto dos supremacistas uma oportunidade de meter um carimbo de “nazista” na testa de Donald Trump

  • A esquerda definitivamente precisava desse inimigo. Viu no protesto dos supremacistas uma oportunidade de meter um carimbo de nazista na testa de Donald Trump. Por isso Antifa e BLM correram para Charlottesville. Por isso a imprensa cobriu com tantos detalhes. A diferença entre teor das histórias contadas pela esquerda (especialmente as reportagens-documentário da Vice News, abaixo) e pelos próprios supremacistas (um exemplo logo em seguida) demonstra que ambas as versões estão carregadas de viés ideológico. Não forme sua opinião com apenas um lado!
  • Mesmo que Trump não tenha feito ou dito nada que dignificasse essa tese, o propósito da esquerda (especialmente da imprensa) era a de criar essa narrativa e eles assim o fizeram. Basta ver o papel ridículo que Jorge Pontual fez na GloboNews, mentindo descaradamente para seu público.
  • Mesmo que Trump não tenha feito ou dito nada errado, na minha opinião ele falhou. Ele deveria ter feito a distinção clara das motivações de um lado e de outro. Do lado dos supremacistas até havia gente preocupada com os caminhos erráticos que um revisionismo histórico pode causar. Mas era uma minoria. A grande parte era formada por intolerantes indescritíveis. Do outro lado, havia os violentos. Mas havia um monte de gente simplesmente protestando pacificamente contra algo que efetivamente merece o protesto!
  • A questão de Trump é que ele cresceu desafiando a imprensa. E, na visão dele, a suspeita de que ele se beneficie do apoio desses caras é fabricada pela imprensa. Portanto, ele não vai jamais se dobrar aos ditames da imprensa que quer derrubá-lo — a ponto de correr o risco de se derrubar por tentar não se dobrar.
  • O erro estratégico do presidente levou-o a sacrificar seu estrategista. Ao final da semana tumultuada, Steve Bannon deixou a Casa Branca. Era inevitável.
  • Os acontecimentos, como ocorreram, apenas inflamam ainda mais as hordas desses imbecis supremacistas. Ver como apanharam, como sofreram emboscada da polícia, como a história foi contada na imprensa, tudo isso só aumenta a revolta nos corações amargos de uma minoria branca que teme “perder o país”.
  • Em um dos vídeos sobre os embates, eu tinha vontade de esmurrar todos os nazistas. Eis que um antifa vem por trás de um pequeno grupo que havia ficado para trás, derruba um lixo humano de uns 60 anos de idade no chão e desfere pelo menos seis murros em sua cara. É inevitável não se revoltar com o gesto traiçoeiro. Se eu estava com raiva do nazista, agora também estou com raiva do antifa… e de mim, que me apiedei de um supremacista que não merece. É como esse tipo de “contra-protesto” sai pela culatra.
  • Imediatamente após os eventos mais trágicos de Charlottesville começou um movimento para a retirada violenta de TODOS os monumentos “ofensivos”. Em Durham, Carolina do Norte, uma turba derrubou um monumento aos soldados nativos da cidade que morreram na guerra (os “meninos de cinza”, em alusão ao uniforme Confederado), muitos deles convocados contra sua vontade. Alguns desses vândalos foram identificados e três deles estão presos. O movimento arrefeceu.
  • Numa escalada da intransigência da esquerda, a estátua de um padre franciscano espanhol que trabalhou em missões na Califórnia e, recentemente, foi canonizado pela Igreja Católica, foi vandalizada, incluindo uma suástica desenhada em seu peito. Na visão desses esquerdistas, missionário católico e nazista são a mesma coisa…
  • A histeria se estendeu a um monumento a George Washington (Patriarca Fundador, comandante dos exércitos continentais que conquistaram a independência contra as tropas britânicas e primeiro presidente americano) em Chicago, a estátuas de sulistas no Capitólio (sede do Congresso americano) e até ao Jefferson Memorial. Afinal, George Washington e Thomas Jefferson tiveram escravos. Quando Trump sugeriu que a histeria se estenderia “a George Washington na semana que vem e a Jefferson na semana seguinte”, ele foi ridicularizado pela imprensa. Verdade: não levou nem uma semana para chegar aos dois.
  • Num extremo do abusrdo, um busto de Abraham Lincoln, o presidente que sacrificou seu mandato para ABOLIR a escravidão, foi atacado em Washington DC. A turma está precisando ler um livro de História antes de querer reescrevê-la!
  • Em outro exemplo de intolerância irracional, um homem inocente do Colorado foi esfaqueado porque seu penteado parecia com o dos neonazistas.

Em resumo: quem se beneficia da escalada de intolerância são os grupos extremistas em ambos os lados, que se inflamam e conquistam mais e mais intolerantes, e a esquerda (mídia incluída), que quer usar qualquer cenário de caos para atacar o presidente.

Nós, a civilização, só perdemos com tudo isso.

--

--