Volta ao mundo em 30 filmes do Netflix

Márcio Pioner
12 min readJul 6, 2020

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(que você provavelmente não veria se ninguém desse a dica)

A pandemia fez com que muita gente alterasse a rotina e tivesse que adotar medidas de isolamento (apesar de que tem muito cuzão que pode ficar em casa e sai pra passear, ir no parque, no shopping etc.). Aí, quanto mais tempo em casa, mais entediadas as pessoas ficam.

Pensando nisso, fiz uma lista com filmes do mundo inteiro para que todos possam se distrair um pouco e ainda aproveitar para conhecer novas culturas e formas diferentes de cinema, saindo da mesmice de filmes hollywoodianos.

Bora pra lista então:

1 — CIDADÃO ILUSTRE (Argentina)

Imagina só, um argentino, ganhador do Prêmio Nobel e que mora há mais de 40 anos na Europa, voltando para a sua terra natal para receber o título de cidadão ilustre da pequena cidade. Provocativo e divertido, o filme mostra uma crítica sobre a própria sociedade.

2 — COMO ESTRELAS NA TERRA (Índia)

Sabe aquela história clichê de “criança problemática que ninguém consegue ajudar e aparece um professor diferentão e as coisas mudam”?. Esse é o enredo do divertido, lúdico e emocionante de Como Estrelas na Terra, que conta a história de Ishaan, um menino disléxico. Ao mesmo tempo, o filme mostra um pouco da cultura indiana e da relação difícil entre pais e filhos.

3 — CUBA E O CAMERAMAN (Estados Unidos)

Cristóbal, Gregorio, Alpert e Angel

“Vai pra Cubaaaaaa!”….Bom, o diretor do filme foi. Muitas vezes :)

O filme mostra as centenas de gravações feitas pelo americano Jon Alpert, de 1974 até 2016, nas diversas viagens que ele fez para Cuba. Mais do que um registro histórico da famosa ilha e suas transformações, o documentário mostra as amizades do cinegrafista com moradores (inclusive Fidel Castro), tanto da cidade como de zonas rurais, e como suas histórias e dramas pessoais vão se desenrolando com o passar dos anos.

4 — TOC TOC (Espanha)

Tenho assistido filmes espanhóis maravilhosos nos últimos meses. Escolhi Toc Toc por um simples motivo: ele me fez rir.

O longa é sobre um grupo de pessoas com diferentes tipos de transtornos obsessivos compulsivos que se encontram em uma sala de espera de um famoso psiquiatra.

Tem personagem que não pisa em linhas, outro que fala palavrões e faz gestos obscenos contra sua vontade, e a medida que todos vão encarando os seus problemas, o filme vai nos impactando com situações inusitadas e muitas vezes até absurdas.

5 — WHISKY (Uruguai)

PQP, como esse filme me surpreendeu. Quando começou eu não dava nada por ele, mas a medida que a história se desenrola, fui me apegando aos personagens e aos fatos. Engraçado como algo tão simples é capaz de nos envolver.

O filme mostra a história de Jacobo, dono de uma fábrica de meias, que vive sozinho e receberá o seu irmão (e rival) que mora no Brasil. Para isso, ele faz a Marta (uma fiel funcionária da fábrica) uma proposta inusitada: que ela seja sua esposa durante a visita do irmão.

6 — ELENA (Brasil)

Apenas PARE TUDO O QUE ESTÁ FAZENDO E VÁ VER ESSE FILME AGORA. É Top 2 de toda a história do cinema nacional (só não coloco em primeiro lugar porque tenho um amor gigante por Cidade de Deus).

O filme da incrível Petra Costa, mostra de uma maneira sensível, bela e poética uma forma da diretora de resgatar a trajetória da sua irmã através de cartas, diários e filmes caseiros.

7 — FIRST THEY KILLED MY FATHER (Camboja)

Filmão escrito e dirigido pela Angelina Jolie.

Baseado em fatos reais, o filme conta a história da jovem Loung Ung e sua família, que foram obrigados a deixar para trás a sua casa e tiveram as vidas marcadas pelo trabalho escravo, fome, assassinatos e horrores após o Khmer Vermelho tomar o controle da capital do Camboja.

8 — APRENDIZ DE MECÂNICO (Nigéria)

Com certeza você já ouviu falar em Hollywood. Talvez você já tenha ouvido falar em Bollywood. Mas será que ouviu falar em Nollywood? A indústria nigeriana de cinema é a segunda maior produtora de filmes do mundo, perdendo apenas para a indiana.

Aprendiz de Mecânico é um ótimo exemplo desse país, que utiliza principalmente a criatividade e histórias urbanas para criar tramas envolventes.

O filme mostra a história de Ponmile, um jovem que é enviado por seu pai para um bairro da cidade onde se concentram diversas oficinas mecânicas. A ideia é que o garoto trabalhe como aprendiz e expanda seus horizontes, dando mais valor aos estudos.

9 — FÚRIA FEMININA (Vietnã)

Um filme de ação estrelado pela superestrela vietnamita Veronica Ngo.

A história é simples, uma cobradora de dívidas vê sua vida mudar após o sequestro de sua filha. Então, ela faz de tudo para descobrir o paradeiro da menina.

Apesar de um enredo comum, é legal ver uma protagonista feminina em filme de ação. Além disso, as cenas de luta me lembraram muito os filmes de kung fu que eu adorava assistir na década de 90.

É bastante ação do começo ao fim do filme.

10 — 37 SEGUNDOS (Japão)

Outro filme que me encantei e me surpreendeu muito.

O longa conta a história de Yuma, uma jovem de 23 anos com paralisia cerebral, em busca de seus sonhos.

Ao longo do filme, vamos nos deparando com uma sensibilidade fora do comum para retratar temas como a relação superprotetora da protagonista com a mãe, a busca pela sua liberdade sexual e o capacitismo.

11 — ATLANTIQUE (Senegal)

Gosto de assistir filmes sem ler a sinopse. Por isso, Atlantique foi me surpreendendo bastante a medida que tudo ia acontecendo. Pensei que era uma história de amor, depois alguma crítica social ao Senegal, depois algo sobrenatural. Na real, acho que é de tudo um pouco. E que bom que foi assim.

Fui completamente seduzido pelo filme, sua história, seus enigmas e personagens.

12 — AURORA (Filipinas)

O filme foi sucesso de bilheterias nas Filipinas e com atmosfera arrepiante e cheia de suspense mostra a história do naufrágio do navio Aurora perto de uma ilha, onde vivem Leana e sua irmã. As duas, com problemas financeiros, começam a procurar os desaparecidos em troca de recompensa, quando os mortos começam a chegar a praia.

13 — INSPIRE, EXPIRE (Islândia)

Um filme intenso, que mostra principalmente a questão imigratória e de refugiados na Europa.

Lára é uma mãe islandesa que luta contra a pobreza e o desemprego para sustentar seu filho. Adja é do Guiné-Bissau e foi separada da filha ao ter o passaporte falso recusado quando ia para o Canadá.

A partir daí, a vida das duas se conecta, nos revelando uma história de empatia, sororidade e sobrevivência.

14 — YA NO STOY AQUÍ (México)

Ulisses é um jovem de Monterrey, líder dos Los Terkos, grupo apaixonado pelo ritmo da cumbia e que se reúne na zona urbana da cidade para dançar;

Devido a um mal entendido com uma gangue rival, o jovem precisa fugir para os EUA. Além da transformação na realidade de Ulisses, que agora é um imigrante ilegal lutando pela sobrevivência, o filme mostra como ele lida com a distância da sua cultura e das coisas que ama.

15 — JOY (Áustria)

Um filme impactante que mostra principalmente a questão da exploração sexual das mulheres.

Joy é uma jovem nigeriana que para se sustentar acaba se envolvendo com o tráfico sexual. Sua vida muda quando é instruída a cuidar de uma novata e começa a descobrir como realmente funciona esse negócio.

16 — A GANHA PÃO (Irlanda)

A única animação da lista.

Essa inspiradora história mostra Parvana, uma garota afegã que precisa se fingir de menino para garantir o sustento da família, em um local dominado pelo Talibã.

Emocionante e um baita filme para quem gosta de histórias de superação e coragem.

17 — UM BANHO DE VIDA (França)

Engraçado. Deprimente. Inspirador. Depressivo.

Um banho de vida foi uma verdadeira montanha-russa de sensações. Bertrand está desempregado e entrando em uma crise de meia-idade. Ele então acaba entrando para uma equipe de nado sincronizado masculino, formada por outros quarentões com suas crises pessoais e 2 treinadores, ex-atletas de elite.

Alguns personagens são sensacionais e a forma como a narrativa é construída torna o filme leve, apesar de abordar um tema como a depressão.

Adorei o filme (menos o final, mas é algo pessoal aqui). É divertidíssimo.

18 — ALGO DE PODRE NA ÁGUA (Canadá)

Polêmico documentário investigativo com direção de Ellen Page denunciando a contaminação ambiental que afeta as comunidades indígenas e nativas em Nova Escócia, no norte do Canadá.

19 — O MERCADOR (Geórgia)

É um curta, apenas 23 minutos de duração. Mas não se engane pelo tempo, o documentário vai te surpreender e mostrar uma Europa que não estamos acostumados a ver.

Um comerciante vai para o interior da Geórgia, em um vilarejo rural que vive da plantação de batatas. No local, a pobreza toma conta do lugar e a população vive ainda na base do escambo, com a batata sendo moeda de troca.

20 — O CRISTO CEGO (Chile)

Michael é um chileno comum que acredita ser Cristo. Os vizinhos não acreditam nessa revelação e acham que ele é louco.

Ele então sai em uma peregrinação através do deserto, enfrentando todas as adversidades para curar um amigo que sofreu um acidente e mora em uma vila remota.

21 — LAZZARO FELICE (Itália)

Um filme lindo e com um baita roteiro.

Aqui temos Lazzaro, um jovem bondoso que é explorado pelos outros e vive na miséria, em contraste com o luxo dos proprietários da terra onde ele e sua família vivem.

Ao cair de um penhasco, retorna anos depois e descobre que a comunidade onde vive se dissipou. Então, começa sua busca para reencontrar sua família e viver como antigamente.

22 — CARGO (Austrália)

Um filme de zumbis que se passa na Austrália. Diferente, né?

Confesso que a princípio não me atraiu, mas lembrei do filme australiano Crocodilo Dundee e resolvi dar uma chance.

O país foi tomado pelo apocalipse zumbi e Andy foi mordido. Agora tem 48h para encontrar uma pessoa para cuidar de sua filha.

É legal ver a atuação de Martin Freeman e apesar de não ser um filme incrível, tem alguns pontos altos e interessantes.

23 — O HOSPEDEIRO (Coréia do Sul)

Então, sabe o diretor do filme vencedor do Oscar Parasita? Ele é o mesmo desse aqui.

Aparentemente a história é o velho clichê, de alguém que coloca substâncias tóxicas em locais públicos, um monstro mutante que rouba uma criança, pessoas se juntando para reencontrá-la. Mas o diretor novamente nos dá uma aula de suspense, construindo uma narrativa interessante, que te prende até o final. E é claro, com o toque de classe dele: uma forte crítica social.

24 — BARAKAH COM BARAKAH (Arábia Saudita)

Uma comédia romântica da Arábia Saudita. Só isso já valeria você ir lá e dar o play nesse filme.

É muito fácil simpatizar com Barakah, um jovem de origem humilde e funcionário da prefeitura, que se apaixona por Bibi, filha adotada de um casal muito rico.

No mais, é aquela história de sempre, o casal se gosta mas precisa enfrentar vários desafios, como fundamentalismo político e religioso do país, para ficarem juntos.

Um filme divertido, com muitas críticas ácidas aos costumes locais.

25 — A SUN (China)

A velha história do filho bom e do filho mal, do favorito e do preterido.

Mas em A Sun o clichê do enredo é transformado de forma magnífica a partir da forma como a família lida com isso e em como o destino dos dois está interligado.

Esse drama familiar recebeu vários prêmios e realmente vale a pena dar uma olhadinha nele.

26 — TEMPESTADE DE AREIA (Israel)

Layla é filha de uma família de beduínos que se apaixona por um garoto da faculdade. Seu pai não aprova e arranja um casamento com outro homem, da mesma tribo.

Sua mãe está pistola com o casamento do seu marido com a segunda mulher e ao mesmo tempo fica dividida entre os costumes locais e a felicidade da filha.

Mais um ótimo filme que explora bem as questões familiares, choques culturais e religião.

27 — MUCIZE (Turquia)

Baseado numa história real, esse belo e emocionante filme mostra Mahir, um professor que é enviado para um povoado remoto nas montanhas da Turquia. Ao chegar no local, descobre que não existe uma escola.

Com a ajuda dos moradores locais, ele constrói uma escola nova e inspira nas pessoas a esperança de uma vida melhor.

28 — LAYLA M. (Holanda)

Layla M. é um filme que nos confronta com a realidade crescente no mundo todo em relação ao preconceito e xenofobia.

Layla (que não é a do Eric Clapton) é uma jovem muçulmana, de origem marroquina, nascida em Amsterdã. Diferente de sua família, que lida bem com as diferenças culturais, ela sofre com a sensação de não pertencimento ao local em que vive, principalmente devido a forma como as pessoas a tratam por causa do seu véu, aparência e crenças.

A protagonista então decide-se casar com jihadista, abandonar Amsterdã e participar de uma célula islâmica no Oriente Médio, mas descobre que essa nova realidade também é repleta de contradições, intolerâncias, violências e machismo.

Um baita filme.

29 — EU, DANIEL BLAKE (Reino Unido)

Daniel Blake, um marceneiro de meia idade perde a esposa. Ruim, né? Daí sofre um ataque cardíaco e é proibido pelos médicos de voltar a trabalhar. Piorou, né? Mas você pode pensar “ele consegue auxílio do Departamento de Serviço Social”. Então, o pedido foi negado. Ou seja, ele não ganha dinheiro do auxílio e não liberam ele para trabalhar para ganhar o dinheiro dele.

O filme é extraordinário e, com certeza, muita gente vai se identificar com algo. Além disso, mostra bem questões como desemprego, burocracia, precarização de serviços públicos e direitos sociais.

30 — DUHKTAR (Paquistão)

Assim como Tempestade de Areia, esse filme também trata sobre questões como casamentos arranjados, conflitos familiares e costumes tribais.

Allah Rakhi foi obrigada a casar ainda jovem com um homem mais velho. 20 anos depois, seu marido oferece a mão da filha do casal, de apenas 10 anos, para selar a paz com seu maior rival.

Desesperada, Allah sequestra a própria filha para tentar livrá-la desse casamento tribal.

Filme lindo, provocativo e impactante, que mostra principalmente o amor de mãe.

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