Egito de Ramatis — Parte 3

Marcio GODINHO
5 min readJan 26, 2019

Em nossa última viagem ao Egito, visitamos alguns dos mais importantes templos de Luxor, antiga Tebas, além de outros monumentos localizados em suas adjacências. Preciso repetir que o Egito é um país que não se cansa de surpreender as pessoas! Até mesmo aqueles que devotam suas vidas ao trabalho da arqueologia, surpreendem-se a todo instante… Certamente há milhões de coisas por serem descobertas!

Visitamos, em Deir el-Bahari, o Templo Mortuário da faraona Hastshepsut cuja identidade fora praticamente arrancada da história do Egito Antigo, haja vista a forte rivalidade com seu enteado e sucessor, Tutmés III.

Templo Mortuário de Hatshepsut, também conhecido como “A Maravilha das Maravilhas”. Desenhado pelo arquiteto Senenmut e construído pela faraona.
A faraona Hatshepsut

Particularmente, considero aquele lugar especial por várias razões. Primeiro, porque Hatshepsut teve uma história magnífica. Depois, porque vários teólogos eminentes têm afirmado, com base em farto material arqueológico, que “Hatasu”, quando princesa, fora justamente a “filha do faraó” que recolhera, do Rio Nilo, Moisés, em seu cesto de junco. Logo, isto coloca Moisés, tão conhecido por ser o libertador dos hebreus, nos tempos de Tutmés I (pai de Hatasu), Tutmés II e por fim, Tutmés III, o provável faraó do Êxodo.

Claro! Esta é e sempre será uma discussão polêmica, pois Hollywood preferiu usar um faraó mais charmoso para colocar na história de Moisés. Por esta razão escolheu Ramsés II e sua lindíssima esposa, a rainha Nefertari. Por isso vemos tantos filmes e novelas “reprisando” estes personagens. O “porém” deve-se aos constantes aprimoramentos das técnicas aplicadas em arqueologia, o descobrimento de novos e importantes sítios arqueológicos e o reaparecimento de informações que descrevem com mais clareza a vida destes incríveis personagens do passado, resultando numa cronologia bíblica mais clara.

Mas afinal de contas, o que Ramatis tem a ver com Hasthepsut? Em minha opinião, muita coisa!

De acordo com as informações fornecidas por Mauro Maes em seu livro “Simplesmente Hercílio” (páginas 106 e 107), publicado pela Editora do Conhecimento (veja em meu artigo Egito de Ramatis — Parte 1), Ramatis fora o Sumo Sacerdote Shy-Ramath. Há também uma referência importante que estabelece, embora de maneira bastante ampla, a cronologia. Deixe-me reprisar os textos para facilitar a leitura:

Em carta de 7 de setembro de 1957:

Comandante Edgard Armond
Prezado Confrade:

(…) Não o conheço pessoalmente, mas conheci seu espírito no Egito, no tempo da invasão dos hititas, quando, num elevadíssimo cargo, tinha de decidir entre minha vida e morte; contrariou as regras tradicionais e libertou-me, permitindo que me exilasse para lugares seguros. E a entidade que interveio, conseguindo o feliz desiderato, é a mesma que na Indochina veio a chamar-se Ramatis.

E noutra, datada de 7 de maio de 1970:

Passando pelas mãos a sua carta de 3 de janeiro, reativou-me a saudade de tempos idos…(…) do Egito, quando o caro amigo, assessorado pelo sacerdote Shy-Ramath, dirigia o povo egípcio na função faraônica (…) devo-lhe o favor de ter sido banido e não enterrado vivo, como era de praxe, pois andei fazendo uns contrabandozinhos ali pela fronteira.

A história nos conta que os Hititas estiveram no Egito por diversas vezes, envolvendo-se em conflitos que iniciaram antes do surgimento da Dinastia XVIII (da qual pertenceram Hatshepsut, Akhenaton, o Rei Tut…) e se prolongam até a Batalha de Kadesh, onde Ramsés II, após romper o tratado de paz realizado por seu pai, Seti I, recebeu uma amarga lição justamente porque além de não conseguir vencer os Hititas, perdeu para estes vários territórios conquistados por seus predecessores.

Voltemos a Ramatis!

O antigo idioma egípcio, a exemplo do aramaico, não possuía vogais. Logo, era necessário recorrer a determinados símbolos a fim de que se pudesse escrever e/ou pronunciar “adequadamente” as palavras.

Ao receber a informação acerca do nome de Ramatis naqueles tempos, provavelmente Hercílio Maes, seu primeiro e mais importante médium, canalizou uma informação “transliterada”, e isto lhe permitiu escrever o nome conforme captara mediunicamente. Senão vejamos:

Shy-Ramath: [ Shy-Ra-Maat ], ou numa possível versão original (meu palpite): [ š-mꜢꜤt-rꜤ ] ou [ š-rꜤ-mꜢꜤt] onde š equivale a Shy (um prenome como João, Paulo, Marcio, etc.); mꜢꜤt equivale a Maat (Maat ou Ma’at é a deusa da verdade, da justiça, da retidão e da ordem); e finalmente rꜤ equivale a Ra (deus do sol do Antigo Egito). Deste modo, Maat e Ra consistem numa espécie de nome sacerdotal, escolhido em “homonímia” com o nome adotado pelo faraó, em homenagem aos deuses.

Geralmente os filhos dos faraós, aqueles que ficavam fora da linha de sucessão, ocupavam altos cargos sacerdotais. Aliás, esta condição parece ser uma premissa. Tanto que a lista de sacerdotes atualmente conhecida, informa que os principais sacerdotes seguiam o preceito da hereditariedade. Ou seja, assim como os príncipes um dia se tornariam regentes, os filhos dos sacerdotes assumiriam as funções de seus pais, e isto incluía não somente as questões religiosas, mas também administrativas. Mas todos, com raras exceções, eram familiares diretos dos faraós! A base estrutural de seus nomes seguia uma lógica semelhante aos títulos reais de seus pares.

Em minhas pesquisas, pude localizar apenas três faraós (dentre todos os outros relacionados) que adotaram em suas titularias reais, nomes tão semelhantes. São Eles:

Hatshepsut

A quinta regente da Dinastia XVIII

Maat ka Ra — mꜢꜤt-kꜢ-rꜤ

Amenhotep III (Amenófis III, O Magnífico)

O nono regente da Dinastia XVIII e pai de Akhenaton

Neb Maat Ra — nb-mꜢꜤt-rꜤ

Seti I

O segundo regente da Dinastia XIX e pai de Ramsés II

Men Maat Ra — mn-mꜢꜤt-rꜤ

Há muitas informações relacionadas a Seti I e Amenófis III, porém, isto não acontece com Hatshepsut, provavelmente devido ao esforço que seu sucessor e enteado Tutmés III fez no sentido de apagá-la da história.

Meu sincero (e não tão humilde) palpite coloca Ramatis, ou Shy-Ramath, no cenário de Hatshepsut. Especialmente porque em Deir el-Bahari, a egrégora deste querido mestre se mostra presente de maneira assustadoramente gritante!

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