Absurdos a quatro mãos

Marcos Silva
2 min readMar 5, 2015

Lisandro me fez abrir um sorriso já no segundo paragrafo. Trabalho em uma empresa enorme, onde a expressão “feito a quatro mãos” é usada com frequência, para indicar o cuidado oferecido a algumas tarefas. Nunca mais ouvirei essa expressão do mesmo jeito.

A ideia por trás de Angu Exterminador é extremamente atraente. Me entristeci um pouco em seguida, por não ter lido nenhum dos livros que o inspiraram a criar o jogo. Acho que tudo ficaria ainda mais divertido. O projeto cumpre a importante premissa inicial das narrativas, que é a de fisgar sua atenção, tanto pela ideia quanto pela plasticidade que ele provavelmente apresentará quando posto em ação.

Quão completo está o jogo?

O projeto me pareceu perfeitamente jogável, até mesmo pela simplicidade a que se propõe. Quatro pessoas de mãos dadas falando coisas absurdas. Além de interessante e engraçado, imagino que o jogo deveria ser sempre jogado em público. Deveria inclusive ter uma regra para isso. Em um encontro de RPG, por exemplo, já consigo vislumbrar a cara de curiosidade de todos ao redor quando uma sessão de Angu entrasse em ação. Uma coisa que talvez seja um pouco dissonante é a questão do aprendizado das regras e do ritual do jogo. Preferiria ver todo esse absurdo em ação desde o princípio, sem interrupção para um momento anterior, calmo, onde as regras são lidas e explicadas. Sugeriria que as regras fossem dispostas de outra forma, talvez em recortes numerados, jogados ao chão, e que precisassem ser apanhados e lidos pelas pessoas, sem que pudessem desde já largar as mãos uns dos outros.

O jogo incorpora adequadamente a inspiração escolhida e é capaz de transmitir a experiência a que se propõe?

Lisandro atingiu todos os objetivos propostos de maneira bastante criativa e incorporada ao jogo. A experiência do Inefável é óbvia desde o início. E as inspirações Tato e Vizinhança contempladas de maneira muito equilibrada, todas com igual importância. Este é o tipo de jogo que certamente só poderia ter surgindo em um concurso com restrições como as que foram impostas.

Algum diferencial único que lhe instigaria a jogar esse jogo?

A proposta absurda e descontraída me faz querer jogar Angu Exterminador. Recentemente, ouvi uma palestra onde uma autora descrevia o design de jogos como pequenos motores de gerar experiências. E é exatamente isso que vejo acontecendo aqui. O jogo propõe uma experiência incomum, o tipo de fuga divertida e atraente que as pessoas parecem procurar em um jogo.

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