6. Reflexos e resquícios da cultura indígena na contemporaneidade

A tarefa dos designers é de investigar e reconstruir na atualidade por meio de evidências da cultura primitiva, projetos que gerem inovação e façam uma espécie de releitura para criar novas formas de pensamento sobre o próprio design.

Nas palavras de Taíssa Rodrigues, o lugar do designer, enquanto realizador, é um lugar de poder, pois cabe a ele o papel de tradutor intercultural. Segundo ela, existem dois lados de se analisar as manifestações estéticas das culturas primitivas. De um lado, trata-se da sobrevivência de uma etnia em extinção; de outro, o estudo dessas peças do ponto de vista apenas mercantil.

Hoje, a indústria do design no Brasil vem explorando os múltiplos valores da nação, saindo da mesmice aprendida de modelos vindos do exterior. A grande mistura de culturas e de etnias que existe no Brasil dão acesso a uma enorme gama de elementos para a prática de design, tornando-a mais autônoma. E quando se explora essa mistura, percebe-se a importância do estudo e pesquisa sobre os indígenas e quais influências que suas culturas exercem até hoje em todas as classes do país.

Atualmente, os próprios indígenas que saíram de suas aldeias e aprenderam as ciências e conhecimentos da civilização estão buscando adequar a iconografia de suas tribos e crenças tradicionais na indústria. Temos como exemplo a indígena da etnia kadiwéu, Benilda Vergílio, de 23 anos. Aos nove anos ela deixou sua aldeia em Campo Grande e começou a investir em seu talento no desenho. Formada em design em 2011, ela trabalha com roupas e acessórios, desenvolvendo um trabalho de estamparia, pinturas indígenas e criação de croquis para clientes em todo o Brasil. Suas peças possuem referências e grafismos relacionados aos das peças da tribo kadiwéu.

Figura 7: Designer Indígena. Benilda Vergílio, de 23 anos, mostra uma de suas criações (Foto: Aliny Mary Dias/G1 MS). Foto g1.globo.com. G1 MS. Indígena faz curso de design e sonha em montar a própria grife em MS. Disponível em http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/11/indigena-faz-curso-de-design-e-sonha-em-montar-propria-grife-em-ms.html . Acesso em 07 de Novembro de 2013.

Em 2011, o estilista Eduardo Pombal utilizou a cultura tribal como referência para a coleção verão 2012 da Tufi Duek no São Paulo Fashion Week. Ele utilizou cores naturais e estampas inspiradas em cestarias e outros adornos usados pelos indígenas¹.

Observa-se também que no campo da joalheria existe uma grande prática do design baseado na cultura indígena. Braceletes, anéis, joias, gargantilhas, coleções e enfeites de todo o tipo são encontrados na indústria deste segmento.

Figura 8: Traje com Geometrismo Indígena. Uma das peças apresentadas neste contexto para a coleção de verão do estilista Eduardo Pombal no São Paulo Fashion Week.
¹LEMOS, MARI. Tufi Duek. Disponível em http://juliapetit.com.br/moda/tufi-duek-falta-foto/ . Acesso em 12 de Novembro de 2013.

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