Há pouco tempo me despejaram palavras, com seus olhos vermelhos de raiva, vi seus poros dilatar, me desamou, arrancou eu de mim mesma, uma raiva entoou em um palpitar na barriga, e o medo ficou. Conheci de forma póstuma, uma pessoa que antes me confortava em ilusões encravadas.
O arco-íris que me resplandece ainda aparece. Quem me conhece sabe. Tenho humor, rio fácil, me aprofundo em sentimentos, não os temo, até gosto, mergulho até o fundo, onde pego impulso e retorno. Compreendo, dando um sentido válido para me amparar.
Foi uma dor no peito sem igual, enganada, de sa cre di ta da, jamais imaginava.
Tive que refazer outros olhos para enxergar outra realidade.
Agradeço pela vida concebida e por momentos que escolho acreditar serem de afetos e acolhimento.
Agradeço quem ficou do meu lado, não imaginavam, mas a intriga já estava armada.
Mesmo assim, um pedaço bom vou guardar, como acontece em meus sonhos, momentos escolhidos de afeto e acolhimento. Um dia há de parar esse sentimento de não pertencimento deixado como legado.
Um choro surge em meu âmago, olhos lacrimejam, mas eu preciso de mim, de um preenchimento do vazio acolhido, assim eu agradeço.
E me torno, como em um torno que transforma o barro cru em uma cerâmica, esmaltada na sobriedade da cor ocre.
Se pudesse dizer a mim mesma num passado inalcançável, diria voe para longe e aceite ser amada.
Por hora me contento em viver num presente que compreendo.
