Resenha Ligéia— Edgar Allan Poe

Meu museu imaginário particular
4 min readNov 26, 2016

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Ligeia, foi publicada pela primeira vez em 1838 é esta presente na a famosa coletânea de contos “ Histórias Extraordinárias”. É curto e fácil de ler. É o decima primeiro conto que leio para o projeto #12mesescomPoe de leitura coletiva das obras de Edgar Allan Poe, organizado pelo Blog da Anna Costa.

E a vontade aí dentro reside, e não morre.Quem haverá de conhecer os mistérios da vontade, com seu vigor?Pois Deus nada é senão uma grande vontade permeando todas as coisas pela natureza de sua intencionalidade.O homem não se entrega aos anjos,tampouco à morte incondicionalmente, salvo apenas pela debilidade de sua frágil vontade.- Joseph Glanvill

Morte, morte, morte… Ligeia vem do grego Λιγεία ou Λιγεια que significa “da voz clara”, segundo a mitologia grega Ligeia era umas da sereias filha do deus do rio Aqueloo e da musa Tespsícore. A historia não colocou seu nome é um alta de gloria couber ao escritor Edgar Allan Poe deixaro famoso através de um de seus contos.

Ligéia é a primeira esposa de nosso narrador, mais uma vez como em Berenice entre outros contos, não podemos conhecer nossa musa, nosso olhos são guiados pelo narrador perturbado e idealizador.

Ligéia é uma mulher misteriosa, me lembrou um pouco Rebecca, a falecida primeira esposa do livro de Daphne Du Maurier. O narrador é um homem confuso, que começa afirmado desconhecer origem de sua esposa, mais cita eloquentemente a inteligencia, beleza incomum e os cabelos naturalmente cacheados e negros como um corvo de sua amada.

Depois de um tempo de matrimonio Ligeia misteriosamente adoece e morre, não antes de fazer um pedido incomum e seu leito de morte, ela pede ao narrador que leia um poema que ela mesma havia escrito. O poema descreve um teatro onde os anjos se reuniam para assistir a apresentações de mímicos controlados por forças externas. De repente, em meio ao drama, um ser desconhecido invade o palco e alimenta-se dos mímicos. Ao final da peça, os anjos revelam que a tragédia representa a própria história da humanidade. Ao fim da leitura do poema, Ligeia grita uma prece em que fala sobre injustiça desta tragédia e morre.

“Vede! é noite de gala 
Nesses anos últimos e solitários!
Uma multidão de anjos, alados, trajados
Em véus, e afogados em lágrimas,
Sentam-se em um teatro, para assistir
A uma peça de esperanças e medos,
Enquanto a orquestra sussurra vacilante
A música das esferas.Mímicos, à feição do Deus altíssimo,
Murmuram e falam baixo,E voam daqui para lá —Meras marionetes que vêm e vão
Ao comando de vastas criaturas informes
Que mudam o cenário de lá para cá,Espalhando com o bater de suas asas de Condor
Invisível Desgraça! Esse drama variegado! oh, estai certo
Não poderá ser esquecido!Com seu Espectro sempre perseguido,Por uma multidão que nunca o alcança,Em um círculo que sempre regressa
Ao lugar onde começou,E grande dose de Loucura e mais ainda de Pecado
E de Horror é a alma da intriga.Mas, olhai, em meio à turba de mímicos,Uma forma rastejante se insinua!Uma criatura vermelho-sangue que se contorcendo
Surge em sua cênica solitude!
Ela se contorce! — Ela se contorce! — com mortais espasmos
Os mímicos tornam-se seu alimento,E os serafins soluçam ante as presas do bicho
Tingidas de sangue humano.Apagam-se — apagam-se as luzes — apagam-se todas!E sobre cada forma que ali estremece
A cortina, mortalha fúnebre,Desce com o ímpeto de uma tempestade,E os anjos, todos eles pálidos e sem forças,Erguendo-se, desvelando-se, afirmam
Que a peça é a tragédia 'Homem'E seu herói, o Verme Vencedor.”

E ai começa o lado sobrenatural da historia, nosso narrador debilitado pela dor e perda de sua amada,se muda e casa-se de novo com uma moça que autora era uma freira. Sem a mesma paixão e amor de sua primeira amada, nosso narrador, vê com vive com sua nova esposa o mesmo processo de adoecimento de sua primeira esposa, e para piora Lady Rowena confidencia que escuta sons inexplicável da tapeçarias de ouro que habita o quarto estranho e gótico do casal.

“E então se abriram vagarosamente os olhos do vulto que estava à minha frente. Aqui estão, afinal — chamei em voz alta -, nunca poderei enganar-me … Estes são os olhos grandes, negros e estranhos de meu perdido amor…de Lady. . . de Lady Ligéia!”

Por fim morrer ou não morrer, uma pergunta fica, louco pela memórias de sua amada Ligéia, o narrador , confuso, vê o cadáver levantar-se do seu leito e caminhar pelo quarto. Atônito, questiona a identidade do cadáver, pois sente que trata-se de Ligéia, sua primeira esposa. Olhando para o corpo dos pés à cabeça, o narrador percebe que por trás do manto, os cabelos são os de Ligéia, negros e encaracolados.

Eu lí num blog que uma interpretação possível para esse conto era que o narrador é viciado em ópio, isso fez muito sentido para mim, essa obsessão pelo cabelo negro da Ligéia além de ser irritante é estranha paranoica.

Como falei em outras resenhas poe é um dos escritores mais adaptados do cinema, Ligéia possuir varias versões, a mais nova é de 2009 é tem Wes Bentley como narrador.

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