Leitura 'Travessuras da Menina Má' de Mario Vargas Llosa
Nunca conheci o Peru.
Agora sinto que consigo fazer pelo menos um mapa mental de Lima, talvez até com um certo afeto.
A ambientação das cidades é crucial para o romance, parte do seu charme. E há algo no modo como o Ricardo Somocurcio se relaciona com elas que eu me identifico demais. É esse sentimento de ser um estrangeiro onde quer que se vá, pois não há identificação total com a pátria e o país almejado nunca o acolherá como a um dos seus.
"Não é culpa da França se nós dois continuamos sendo estrangeiros, querido. a culpa é nossa. Uma vocação, um destino. É como nossa profissão de intérpretes, uma outra maneira de ser sempre estrangeiro, de estar sem estar, de ser mas não ser." p126
Ricardo sempre quis morar em Paris, se interessa demais por línguas (aprendeu francês, inglês e russo) e pra ele o trabalho sempre foi um meio não um fim. Um meio de morar na França, um meio de esquecer uma rejeição amorosa, um meio de preencher o vazio quando seus planos dão errado. Me identifico demais com Ricardo, exceto por um ponto. Ele só se sente um protagonista quando a Menina Má aparece e reacende sua paixão. Nos outros momentos, ele está apenas existindo.
O livro propõe um pouco esse tema. O amor precisa ser essa coisa arrebatadora que te tira dos eixos, senão não tem nem graça? E quando todo seu amor e devoção te deixam na merda? E quando você é a pessoa má que fode a cabeça do outro?
Nota: ★★★★☆
Título: Travessuras da Menina Má
Autor: Mario Vargas Llosa
Editora: Alfaguara
Número de Páginas: 302