Meditações da jornada da heroína: parte 45

Mari Vass
2 min readMar 4, 2017

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Tem horas que sinto um aperto no peito e uma vontade de escorrer um choro preso no coração. Os pensamentos embaralham e se tornam obsessivos, a ansiedade toma conta. Tem horas que acho que vou explodir. Já não aguento mais essa confusão que toma minha mente e me estafa. O medo insiste em ficar gelando a boca do meu estômago.

Quando paro e respiro profundamente, é como se uma iluminação tomasse conta do meu ser e entro em contato com as emoções que estão bloqueando o a energia que fluí através dos meus chakras. Começo a entender o que me angustia e sinto a necessidade de escrever. Por isso escrevo.

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Minha alma clama por liberdade. Sempre clamou. Minha alma é daquelas brincalhonas, que gostam de viver a vida com leveza, explorando e experimentando a vida numa boa, sem cobranças ou pressões. Fui daquelas crianças que gostavam de falar com qualquer um, até que o medo de meus pais foi tomando conta do meu inconsciente — eu entendo e honro vocês, pais. “Não faça isso! Não coma isso! Não seja quem você é pois também temos medo e não sabemos o que fazer nesse mundo louco. Paralise também, fique aqui junto de nós para que fique mais fácil de controlá-la”.

E assim a chama da essência se enfraqueceu.

Entendi que por ser mulher, tomei uma boa quantidade de nãos durante a vida. Não que eles tenham sido ditos literalmente assim, mas foi desse jeito que o meu emocional entendeu: “Não dê mole por aí, não faça isso pois podem pensar aquilo de você. Não seja ativa, não acredite em suas ideias, não experimente nada, não mexa na sua perereca e não goze. Não tenha iniciativa. Aceite o que mandarem você fazer e engula porque o mundo é assim mesmo. Não tenha desejos nem vontades, não fale dos seus sentimentos. Não seja desagradável. Seja quem os outros querem que você seja para que gostem de você. Do contrário, ficará sozinha para sempre.” Medo sobre medo, medo sobre medo. Como aguentar? Afemaria.

Já não aguento mais. A minha alma pede o espaço dela no mundo. Ela implora, na verdade. E é meu dever fazê-la sentir-se bem e feliz. Do jeito que for melhor para ela. Quer dizer, ela sou eu. Ela sou eu.

Do jeito que for melhor para mim.

E respiro.

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Mari Vass

Photographer, sociologist, mind questioning and sensitive.