As montanhas estão nos chamando! Vamos até elas?
Você quando anda na rua também lê o que está escrito na camisa das pessoas? Eu já cansei de ficar sem graça quando, depois de um tempão olhando pra camisa de alguém, noto que ela está me olhando de volta! Gosto de ficar imaginando como vivem e o que pensam aquelas pessoas anônimas que passam por mim todos os dias, e as camisas me ajudam a criar histórias…
Enfim, numa dessas vezes li a seguinte frase na camisa de um cara: “The mountains are calling and I must go”, traduzindo seria algo assim “As montanhas estão chamando e eu devo ir”. Essa frase mexeu comigo, veio aquele friozinho na barriga, a lembrança de uma bela experiência que havia vivido nas montanhas da Serra dos Órgãos (conto em outro texto!), foi marcante. Fiquei no caminho pra casa me esforçando pra não esquecer a mensagem e quando cheguei já fui direto pro computador jogar no Google pra ver de onde ela vinha.
JOHN MUIR
Em uma carta para a irmã Sarah, o irlandês-americano John Muir, após contar sobre sua mais longa, difícil e recente viagem às montanhas nevadas norte-americanas em setembro de 1873, encerra dizendo que as montanhas estavam chamando-o e ele tinha que ir.
Recortes são bons para que nós tenhamos noção das coisas, mas certas imersões só são possíveis com textos inteiros. Por isso, trago aqui o parágrafo da carta que tem a célebre frase contida:
The Scotch are slow, but someday I will have the results of my mountain studies in a form in which you all will be able to read and judge of them. In the mean time I write occasionally for the Overland Monthly, but neither these magazine articles nor my first book will form any finished part of the scientific contribution that I hope to make. . . The mountains are calling and I must go, and I will work on while I can, studying incessantly.
Traduzindo:
Os uísques são lentos, mas algum dia terei os resultados dos meus estudos de montanha de uma forma em que todos vocês serão capazes de lê-los e julgá-los. Nesse meio tempo, escrevo ocasionalmente para o Overland Monthly, mas nem esses artigos de revista nem meu primeiro livro formarão qualquer parte final da contribuição científica que espero fazer… as montanhas estão chamando e eu devo ir, e vou continuar enquanto puder, estudando incessantemente.
John foi um grande conservador da natureza, lutou pela preservação integral de áreas intocadas do solo estadunidense. Incontáveis parques nacionais dos Estados Unidos foram criados por influência dele, o Yosemite e o Sequoia, na Califórnia, são alguns exemplos.
ACHANDO NOSSAS MONTANHAS
John foi uma pessoa que teve uma contribuição enorme para a sociedade, mas na época em que escreveu aquela carta estava no início de sua jornada. Compartilhei esse trecho por acreditar que todos nós podemos usá-lo como inspiração! O otimismo e a determinação dele contagia!
Onde estão suas montanhas? O que te motiva a incessantemente continuar mesmo sem saber aonde vai chegar ou qual impacto vai gerar?
Até o ano passado minhas montanhas eram os livros, ainda continuam, mas escrever está tomando a frente. E a jornada segue…
PS: Esse texto faz parte de um projeto meu de escrever todos os dias de 2019 e jogar na internet de vez em quando. Escrever pode ser algo muito solitário, comente o que achou!
PS2: No início do trecho da carta, acredito que John se refira à queima que o uísque proporciona após ser ingerido (lenta) e também faz um jogo, como se o Scotch fossem os estudos dele. Duplo sentido genial!