Muito prazer! Mateus, urbanista.

Mateus Bernardes
3 min readFeb 21, 2019

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Um desejo que tenho há bastante tempo é o de falar sobre urbanismo. Trazer essa conversa sobre as cidades, suas funções e seus rumos pra mesa. “Falar” de infinitas formas, seja escrevendo, gravando vídeo, promovendo intervenções urbanas, algo que faça as pessoas pararem um pouco e refletirem sobre o tema. Algo que converta pessoas ao tema.

Tenho uma identificação muito grande com o assunto, sou filho de Brasília, a utopia modernista, cidade que nasceu planejada como uma obra de arte. Depois, tive a oportunidade de me mudar para o Rio de Janeiro, o caos em forma de cidade, justamente no início das obras olímpicas. Período em que diversas discussões sobre o futuro da cidade foram protagonizadas, a expectativa era alta e transformações aconteceram.

Sou também da geração Google, aquela que tem o conhecimento ao alcance de alguns cliques (ou toques). Durante os últimos anos andei por cidades, observei, li blogs e livros sobre o assunto, pesquisei, analisei, vivenciei, quebrei a cabeça formulando soluções, aplaudi iniciativas e passei muita raiva vendo propostas imbecis ganhando forma.

Grande parte desse tempo também foi gasto acumulando desculpas para não fazer isso que estou fazendo agora. Não expor aquilo que aprendi e o penso sobre o assunto. “Porque eu não sei tanto assim”, “porque eu não fiz faculdade disso”, “porque eu não sei escrever”, “porque eu não consigo trazer aquilo que está na minha cabeça pro papel”.

Eu fiz o favor de acabar com todos esses impedimentos nos últimos meses. Venho escrevendo sobre os mais variados temas, me forçando, expondo coisas que estavam lá dentro de mim guardadas, escrevendo com o coração.

Senti que estava ficando sem motivação e rapidamente conclui que na verdade eu estava fugindo da minha motivação principal, que sempre foi falar sobre as cidades.

Jane Jacobs era apenas uma jornalista em Nova York quando, na década de 1960, escreveu uma obra-prima fundamentada na observação da cidade e, mais importante, das pessoas que nela habitam, rompendo com diversos paradigmas do planejamento urbano. Hoje ela é reconhecida como uma das mais brilhantes urbanistas de todos os tempos, mas seu trabalho, que deveria ser de domínio geral, ainda é pouco conhecido no Brasil.

Jane Jacobs, autora de “Morte e Vida de Grandes Cidades

Nós, quase 60 anos depois, ainda planejamos e desenvolvemos as nossas cidades da forma como faziam pré-Jacobs, com alguns poucos avanços. A cidade é onde acordamos e passamos todas as horas do nosso dia, ela nos influencia diretamente o tempo todo, é essencial que a gente saiba o que é melhor pra ela. É essencial que a gente vote em candidatos que tenham conhecimento disso. É essencial que a gente participe da construção dela.

Afinal, a cidade é das pessoas.

Nas próximas semanas pretendo trazer um pouco do que aprendi e da linha de pensamento que eu acredito ser a mais correta pensando-se em desenvolvimento urbano. Sempre de forma simplificada, para que todos possam entender e para que nós possamos discutir e evoluir juntos.

Então, acompanhe por aqui os próximos capítulos. Até mais!

@mateusberns

PS: Esse texto faz parte de um projeto meu de escrever mais em 2019 e postar alguma coisa aqui toda quinta-feira. Escrever pode ser algo muito solitário, comente o que achou!

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