As 5 Etapas Para Mudança de Profissão — Autoconhecimento (1/5)
Me formei em odontologia, trabalhei por quase um ano como dentista, e larguei tudo para me tornar desenvolvedor de software, profissão na qual atuo há 5 anos.
Para te ajudar na sua jornada, aqui estão minhas percepções baseadas na minha experiência, em estudos, e no que outras pessoas compartilharam comigo sobre mudança de carreira.
Primeiro aceite, não será fácil.
É normal ter medos, inseguranças, dificuldades que muitas vezes parecem impossíveis de serem superadas. Algumas pessoas talvez digam que é loucura ou que você não é capaz.
Eu passei por tudo isso, e posso te dizer que realmente não é fácil, mas é possível, necessário e, principalmente, libertador!
Nessa série de artigos vou te mostrar o caminho. Só não espere que eu caminhe por ti; isso depende de você.
Existem 5 etapas (APEEM) para mudar para uma carreira que te faça sentir mais realizado e feliz:
1. Autoconhecimento
2. Planejamento
3. Estudo (artigo em breve)
4. Execução (artigo em breve)
5. Motivação (artigo em breve)
Etapa 1
Autoconhecimento
Geralmente as pessoas nos definem pelo trabalho que exercemos. Fulano dentista. Ciclano advogado. Por conta disso, é comum perguntarem: “O que você quer ser?”. Porém, somos muito mais do que o título que uma profissão nos confere, e ao nos limitarmos ao desejo de obter esses títulos perdemos a chance de encontrar a carreira que realmente faz sentido pra nós.
“Quem sou eu?”
“Quem sou eu?” é a pergunta a se fazer.
Para saber qual trabalho te traria mais felicidade, é importante conhecer a si mesmo. Há profissões que podem até te interessar mas, dependendo de alguns aspectos, te fariam se sentir miserável ao exercê-las no dia a dia.
O desafio é encontrar uma profissão na qual sua personalidade te beneficie, seus talentos/habilidades sejam aproveitados, que você ame ou goste muito, e que te sustente financeiramente.
Na junção desses quatro aspectos está a resposta de profissão ideal pra você.
E aqui escrevo “profissão ideal” com medo de que você seja perfeccionista demais ou use como desculpa para agir só depois de definir completamente seus quatro aspectos. Não faça isso. Você não precisa descobrir exatamente, com 100% de certeza, todos eles. Explore apenas até se sentir seguro o bastante para avançar para a próxima etapa, e se no meio das próximas sentir que se equivocou, volte pra cá.
Personalidade
Considero o aspecto mais importante, já que serve de base para os outros, de certa forma. Conhecer sua personalidade é a maneira mais direta para entender quais das profissões que você está considerando realmente fazem sentido pra VOCÊ, não para as pessoas que tentam te convencer a fazer algo que seria bom pra elas. A maioria das pessoas não conhece nem a si mesmas e querem te dizer o que fazer. Ignore. Sua felicidade na carreira depende de exercer uma profissão que se alinhe com a SUA personalidade.
Para isso, reflita sobre si próprio em diferentes situações.
Você se sente melhor sozinho ou com outras pessoas? Desorganização te incomoda ou você é desorganizado? Prefere criar objetivos bem definidos ou “deixa a vida te levar”? Tem o hábito de dizer “sim” quando gostaria de dizer “não”? É criativo? Ansioso?
Essas perguntas tem relação com seus traços de personalidade, e para entender o que cada resposta significa — além de muitas outras — recomendo entender o Big Five, as 5 dimensões da personalidade, e descobrir onde você se posiciona em cada uma delas. Existem sites com um teste que dá o seu resultado; eu fiz o do Jordan Peterson, understandmyself.com. Se você não entende inglês, o melhor que encontrei em português é o 16Personalities. Faça o teste. Sério, faça.
Esse assunto é muito denso para ser tratado mais a fundo nesse artigo, porém super importante para a sua jornada de mudança de carreira. Busque entender o máximo possível sobre sua personalidade, e perceberá que os aspectos habilidades e amor ficarão mais fáceis de serem respondidos.
Habilidades
As habilidades podem ser desenvolvidas, mas se você puder utilizar as que já tem mais facilidade, melhor. Para saber quais são suas habilidades, se pergunte: “No que sou bom?”. “No que outras pessoas dizem que sou bom?”.
Talvez ainda seja difícil responder a essas perguntas. Não se prenda a comparações com outras pessoas. Pense isoladamente. Reflita sobre o que você faz com facilidade. Se não for suficiente refletir nesse momento, não se preocupe, depois de ler o artigo tente observar, fique atento enquanto estiver fazendo alguma coisa e se pergunte qual seu nível de facilidade para executá-la. Se é fácil para você, provavelmente é bom nisso.
Alternativamente, como eu disse, habilidades podem ser desenvolvidas. Se você gosta muito de fazer algo, pode se empenhar para ficar bom naquilo mesmo que ainda não seja. Só fique atento para não se iludir acreditando em um talento que não tem, na busca por exercer algo que admira. Por exemplo, ser cantor; se você canta mal, é improvável que o desenvolvimento dessa habilidade te leve ao nível necessário para se ter sucesso.
Amor
Agora, encontrar algo que você ama, é fácil para algumas pessoas mas difícil para muitas outras. Vejo duas maneiras:
1. Se pergunte: “O que eu faria diariamente, de graça, se dinheiro não fosse problema?”
Não se limite a pensar em profissão, pense em atividades de modo geral. Agora se imagine fazendo isso todos os dias da sua vida. Passe um bom tempo pensando nos aspectos bons e ruins dessa atividade. Se os aspectos ruins não seriam suficientes para te desmotivar, ótimo, grandes chances de realmente ser isso que você ama fazer.
Agora você pode estar pensando, por exemplo… “Besteira isso aí. Eu queria viajar o mundo minha vida inteira se eu tivesse dinheiro, mas é impossível pra mim”.
Impossível não é; tem gente que vive disso porque sabe usar suas habilidades pra sustentar esse estilo de vida, e você também pode.
Agora, será mesmo que você gostaria de passar a vida viajando? Pode ser que sim, mas você provavelmente ainda só considerou os aspectos positivos. Existem os negativos também… Viver viajando o mundo significa, entre outras coisas, que poderia ser mais difícil formar uma conexão mais profunda com as pessoas, ou formar uma família, já que você estaria se mudando constantemente.
Enfim, o quero dizer é o seguinte: pense a respeito extrapolando o senso comum, pois o intuito é descobrir o que é bom pra VOCÊ.
2. Caso a primeira maneira não te ajude, pode ser que ainda não tenha experimentado o suficiente da vida para se deparar com o que você ama. Nesse caso, experimente! Faça coisas que você nunca fez, vá a lugares que você nunca foi, conheça pessoas com estilos de vida que você nunca conheceu, leia livros/artigos que você nunca leu, e pesquise assuntos diferentes na internet.
Apesar de chamar de “amor”, não tenho certeza se todo mundo consegue encontrar algo que ame, ou talvez algumas pessoas tenham uma definição muito grandiosa de amor, o que tornaria a busca muito difícil. Se você tem dificuldade em encontrar algo que ame, busque por algo que apenas goste muito. Quando encontrar, teste; execute isso por algum tempo e veja se realmente gosta ou se é apenas um interesse passageiro.
Financeiro
Tudo isso é lindo, mas nem tudo são flores. O aspecto financeiro serve para colocar seus pés no chão.
Há demanda pelo trabalho que você pretende exercer?
Clientes só compram produtos — e empresas só contratam pessoas — que resolvem um problema ou satisfazem um desejo. Se ninguém está disposto a pagar, hoje ou num futuro próximo, pelo que você tem a oferecer, precisa se adaptar ou procurar uma alternativa.
Talvez o mercado não tenha vagas para a profissão que você deseja exercer, mas pode ser que tenha em uma área relacionada na qual os mesmos conhecimentos e habilidades sejam relevantes. Alternativamente, pode haver mais demanda em outras regiões do país, ou em outros países, exatamente na área que você procura.
Outra possibilidade é que existam vagas, porém muita concorrência. Nesse caso, você precisa se destacar de alguma maneira. O que os profissionais dessa área não tem feito e seria um diferencial se você fizesse? Qual necessidade do público alvo (empregador ou cliente) dessa área não tem sido atendida pela maioria dos profissionais? Encontre seu diferencial competitivo.
Pode ser que realmente não exista mais demanda e que essa profissão esteja sendo extinta. Nesse caso, é possível que usando sua criatividade encontre algo que ainda possa ser explorado, do contrário é preciso repensar e buscar uma outra área de atuação.
Por fim, empreender. Se não há trabalho, crie o seu. Mas cuidado, essa tem que ser uma escolha muito consciente. Tenha certeza de que o mercado precisa do que você quer vender, seja produto ou serviço, e tenha certeza de que suas habilidades e personalidade se alinham com o perfil empreendedor.
Agora Sei Quem Sou
Se você descobriu quem é, e tem uma boa ideia de qual carreira quer seguir, está pronto para a 2ª etapa: Planejamento.
E nas etapas seguintes, se não se sentir seguro com suas escolhas, volte para este artigo e tente se conhecer melhor.
Mesmo depois de passar por tudo isso, pode ser que ainda não saiba tão bem quem é, muito menos o que quer. Não se preocupe, continue tentando. O importante é buscar conscientemente esse autoconhecimento. Releia esse artigo, reflita sobre cada aspecto, observe seu comportamento no dia a dia… Só não negligencie essa etapa!
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