Santos Cervejeiros: Santo Arnulfo de Metz

Guilherme Mattoso
Cervejeiros Confessos
3 min readAug 28, 2015
Vitral de Santo Arnulfo na capela de Sainte-Glossinde, Metz

Arnulfo de Metz (580–640), considerado o “Patrono dos Cervejeiros”, nasceu na Áustria, mas ficou famoso como Bispo de Metz, no nordeste da França. Sua data litúrgica é celebrada em 18 de julho. Arnulfo foi um nobre franco que teve grande influência nos reinos merovíngios como bispo (o 27 º de Metz), sendo depois canonizado. No final da sua vida, retirou-se para um mosteiro perto de Remiremont onde viria a falecer em 16 de agosto de 640. Também conhecido como Arnoldo, sua história é frequentemente confundida com a do Santo Arnoldo de Soissons, pois os milagres cervejeiros são parecidos e estão misturados, dependendo da fonte.

Arnulf nasceu em uma família nobre, que na época habitava o Castelo de Lay-Saint-Christophe, na antiga diocese de Toul, norte de Nancy. Na idade adulta, casou-se com Doda, união da qual resultaram inúmeros filhos, um dos quais também ficaria na história: Ansegisel. Este, por sua vez, viria a casar com Beggam, filha de Pepin, o que faz com que Santo Arnaldo seja um dos ancestrais da dinastia carolíngia e, consequentemente, de Carlos Magno.

Em 641, os cidadãos de Metz reclamaram o corpo do santo que, de pronto, foi transportado para a cidade, para ser enterrado na Igreja dos Santos Apóstolos. Reza a lenda que durante a viagem ocorreu um milagre na cidade de Champignuelles: os peregrinos pararam para descansar e saciar a sede em uma taberna que, infelizmente, possuía em seu estoque apenas uma caneca de cerveja. Milagrosamente, a quantidade de líquido na caneca não diminuía enquanto todos compartilhavam a bebida.

Diz-se que Arnulf, em seus sermões, recomendava o consumo de cerveja ao invés de água, pois naquele período nem sempre era própria para o consumo humano devido as condições precárias de higiene. Como a cerveja passa por um processo de fervura e fermentação, muitos dos microrganismos perigosos acabavam por ser eliminados.

De acordo com o jornalista especializado em cervejas, Michael "Beer Hunter" Jackson, durante uma terrível crise de peste nas cidades de Oostende e Bruges, na Bélgica, o santo mergulhou um crucifixo em um tonel de cerveja, assegurando que ela era mais segura para consumo do que a água.

Santo Arnulfo está também associado a um tesouro da Catedral de Metz: um anel, de fio de ouro maciço, com um ónix de ágata sobre a qual está gravado um peixe enrolado numa rede em torno dos quais se notam dois outros peixes. De acordo com o escritor Paul Deacon, Arnulfo, passando por cima de uma ponte, atirou o anel no rio Moselle e pediu a Deus para fazer dele um símbolo de perdão dos pecados. Algum tempo depois, encontraram nas vísceras de um peixe um anel…

Assim nasceu esta famosa lenda que sugere que um peixe engoliu o anel e foi servido pouco tempo depois na mesa episcopal. "Ao crer na lenda, Deus entrou indiretamente em contato com Arnulfo, que foi lavado dos seus pecados e fez dele um legítimo representante de Deus na Terra”, conta Deacon.

Esta história é muito parecida com a lenda em torno da fundação da Abadia de Orval. É em memória deste fato que desde aí o levam em procissão até a igreja de Santo Arnulfo no dia da festa do santo bispo. Removido em 1793 com os vasos sagrados da catedral, foi comprado por um dos funcionários da moeda e posteriormente devolvido ao Tesouro em 1846.

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Referências :
- http://www.cervejarianacional.com.br/santos-relacionados-a-cerveja/
- http://www.cervejasdomundo.com/Santo_Arnaldo.htm
- http://heinekenbrasil.com.br/?Curiosidades-santa-cerveja
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Arnulfo_de_Metz

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