Marcus Brancaglione
3 min readOct 11, 2017

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A saída a lá Eslovênia vai funcionar?

A ideia de suspender a declaração de independência não é nova: em 1990 a Eslovénia fê-lo com o objetivo de negociar um referendo acordado com Belgrado (capital da ex-Jugoslávia) e ganhar tempo até que surgirem os reconhecimentos internacionais. Da parte da Catalunha, contudo, não tem havido qualquer apoio internacional, com vários países a pronunciarem-se por uma Espanha “unida”.-Catalunha — Puigdemont desilude aliados com suspensão da independência

Eis aqui algumas opiniões…

Quanta a solução eslovena o problema é a situação não é a mesma:

Em 23 de dezembro de 1990, a Eslovénia realizou um referendo que obteve 88% de apoio à independência (com uma participação de 60%). O Governo esloveno sabia que as autoridades federais, em Belgrado, poderia optar pela utilização da força para pôr fim as suas aspirações de independência e, de fato, imediatamente após as eleições na Eslovénia, o Exército Popular da Iugoslávia (JNA) anunciou que iria aplicar em toda a federação iugoslava uma nova doutrina de defesa diferente da de Tito, que estipulava que cada república teria a sua própria força de defesa territorial (Teritorialna Obramba ou TO). Sob a nova doutrina, a que, doravante, seria substituída por um sistema centralizado de defesa, de modo que as repúblicas perderiam sua capacidade de auto-defesa, bem como as respectivas defesas territoriais seriam desarmadas e subordinadas a JNA com sede em Belgrafo(…)

Na frente diplomática, nem a Comunidade Europeia, nem os Estados Unidos estavam dispostos a reconhecer a independência da Eslovénia e fortemente defendiam a continuação de uma Iugoslávia unificada. O Governo esloveno procurou a assistência internacional, em uma negociação pacífica de cisão da Iugoslávia, mas foi rejeitado por países ocidentais que disseram que preferiam única federação ao invés de numerosos pequenos Estados. No entanto, os eslovenos alegaram que não tinham escolha senão a independência, dada a percepção de falta de compromisso com os valores democráticos por parte das autoridades de Belgrado. (…)

A estratégia eslovena dependia uma série de jogadas arriscadas. Eles sabiam que não poderiam resistir ao JNA a longo tempo se o exército federal tivesse tomado medidas, mas os seus dirigentes tinham desencorajado o comando da JNA de assumir o risco de muitas vítimas civis. No campo diplomático, o governo esloveno tinha optado por envolver a comunidade internacional para que exerça pressão sobre a Iugoslávia para se retirar, em uma premissa na qual acertaram. Os eslovenos também estavam muito ciente de que o governo sérvio de Slobodan Milosevic não estava preocupado com a independência da Eslovénia, dado a ausência de uma significativa minoria sérvia no país. Em 30 de junho, o ministro da Defesa General Kadijevi sugeriu um ataque maciço contra a Eslovénia na Presidência federal iugoslava, para se decompor inesperadamente a forte resistência eslovena. Mas o representante da Sérvia, Borisav Jović, chocou o estabelecimento militar, afirmando que a Sérvia não iria apoiar mais a ação militar contra a Eslovénia. A Sérvia estava a este ponto mais preocupada com a situação na Croácia. Mesmo antes da guerra com a Eslovénia tivesse terminado, as tropas da JNA já estavam se reposicionando para a próxima guerra a Guerra de Independência Croata.(…) -Guerra dos Dez Dias — Wikipédia, a enciclopédia livre

De idêntico mesmo é a necessidade de mobilização de apoio da comunidade internacional contra qualquer repressão. Esse será o fator determinante para que uma solução seja acordada,ou na falta provável falta de acordo, ninguém que se arrogue o uso da violência apele para para mesma para impor a força o que não consegue fazer por competência. Nem antes, nem depois, nem muito menos durante a suspensão da continuidade da independência para efeito de abertura as negociações. Qualquer ação politica ou judicial em contrário não será nada menos que uma agressão a uma iniciativa que não só insiste em ser pacífica, mas em permanecer ainda aberto a solução de paz acordadas bilateralmente. Ignorar isso será um dos erros mais graves que a já cada dia mais na berlinda democracias liberais poderão cometer. Pois, já não é só mais a imagem do Estado Espanhol que está em jogo, mas a de todos as Nações que se dizem defensoras da paz, liberdade democracia e direitos dos povos. Mascaras precisam ser tiradas, se não de um outro jeito cairão sozinhas pelo peso insustentável de uma hipocrisia explicita e insustentável.

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Marcus Brancaglione

X-Textos: Não recomendado para menores de idade e adultos com baixa tolerância a contrariedade, críticas e decepções de expectativas. Contém spoilers da vida.