Paisagens Mentais
Ensaio Pré-selecionado de Silvio Moréia
Observando a reflexão do crescimento desordenado e destruidor dos fenômenos urbanos que alteram de maneira ostensiva os sagrados solos terrestres provocando interpretações desorientadas em ambientes urbanos que se fundem ao céu contemplativo de uma nova realidade caótica. Lugar, local, recinto, superfície, ambiente, sítio, zona, catacumba, atmosfera, infinito ou seria alma? Não seria sua essência o solo mais sagrado?
Percebo tremores, relâmpagos e grandes trovoadas de um céu intensamente cinzento e nublado de intempéries, carregado de elementos soturnos com reflexos de emoções por profundas feridas que se lançam em sombras ameaçadoras sobre a humanidade. A tempestade é passageira?
O que estamos fazendo com nossas Cidades, nossos Recantos, nossos Parques, nossos tempos naturais? O que estamos fazendo com o nosso planeta? Qual o céu que você contempla que te abraça, te protege e te abriga em nosso mundo? O que você deseja em teu território? Quantas igrejas tem o seu Céu?
A contemplação de um céu infinito e fantasioso com elementos imaginários revelando o caos, transtornos, destruições e desordem urbana e social refletindo nas imagens um abismo intransponível entre o fato e a ficção construindo uma nova visão mental e desconexa que se compõe como “nuvens” criando nova paisagem de uma equivalência utópica.
Não é apenas uma crise sobre a destruição do processo de urbanização e do espaço que habitamos em larga escala. Digo também sobre a adversidade do desejo em dimensões obscuras da posse, da invasão extensiva do espaço mental ou íntima do ser humano.
Exatamente como menciona o pesquisador espanhol em seu livro — “El paisaje: génesis de um concepto”, diz:
A paisagem não é […] o que está aí, diante de nós, é um conceito inventado ou, melhor, uma construção cultural. A paisagem não é um mero lugar físico, e sim o conjunto de uma série de ideias, sensações e sentimentos que elaboramos a partir do lugar e seus elementos constituintes. A palavra paisagem […] reclama também algo mais: reclama uma interpretação, a busca de um caráter e a presença de uma sensibilidade. […] A ideia de paisagem não se encontra tanto no objeto que se contempla como na mirada de quem contempla. Não é o que está a sua frente e sim o que se vê. (Maderuelo, 2005, p. 38).
Assim, essa pode ser a paisagem de uma pseudo-realidade onde se propõe uma profunda imersão visual nas entranhas e ilusões de si mesmo e de nossos atos na busca de algo incompreendido de uma ausência perdida e de um espaço íntimo brutalmente invadido, mas que jamais será preenchido!
A Convocatória em Foco 2022 está com inscrições abertas até 20 de agosto e o resultado será apresentado no dia 4 de setembro. Agradecemos a participação de todos e confiança no trabalho do Paraty em Foco e sua Equipe.Participe, não deixe para a última hora. Você poderá ser um dos protagonistas desta edição da maioridade do Festival. Confira o regulamento: https://www.pefparatyemfoco.com.br/regulamento-convocat%C3%B3ria-pef-2022
