Como estudar na Educação a Distância (EaD)?

Patrick Gomes Anchieta
9 min readJul 22, 2020

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Dicas preciosas para estudar em casa através da internet!

Estas são algumas objeções que normalmente as pessoas levantam quando se trata de aprender através da internet, são mais ou menos estas: “Ensino a distância é coisa nova, prefiro a forma tradicional da sala de aula com quadro negro e giz”, já outros falam: “Esse negócio de estudar através da internet não funciona, ensino mesmo que vale é o presencial”.

Não queremos aqui colocar dúvida sobre a eficácia da ‘velha escola’, queremos sim mostrar como pessoas na atualidade estão conseguindo fazer desde cursos técnicos, de graduação, de extensão, de mestrado, doutorado ou de qualquer outro tipo de compartilhamento do saber através deste meio, seja em instituições nacionais ou em universidades estrangeiras, de forma remota.

Afinal, qual o porquê de tantas pessoas estarem aderindo a esta modalidade? Ead, funciona mesmo? Há quanto tempo existe este tipo de ‘aprendizagem’?

Eis aqui algumas das vantagens na educação remota:

  • podemos adequar trabalho e estudo;
  • menos tempo e dinheiro gasto com deslocamentos diários;
  • o aluno pode permanecer no seio familiar, no conforto do seu ambiente;
  • diversificação com relação ao alcance geográfico e social;
  • inovações pedagógicas e tecnológicas que hoje são utilizadas no cotidiano dentro e fora da vida profissional;
  • criação da autonomia e disciplina do estudante;
  • interatividade através das tecnologias de forma síncrona(em tempo real/live) e/ou assíncrona(gravações/material didático/fórum de dúvidas, etc.: com disponibilidade 24hs por dia em 7 dias da semana);
  • maior apoio através do acesso ampliado a conteúdos digitais adicionais (enciclopédias digitais, acervos, aulas em vídeo gravadas, visitas virtuais teleguiadas a museus, centros de pesquisas e outras instituições, visualização em 3D, etc.) ao alcance do aluno, podendo recorrer ‘na ponta dos dedos’ a diversos recursos que auxiliem na compreensão do conteúdo;
  • maior acesso para as pessoas que possuam algum tipo de limitação;
  • reconhecimento legal e qualificação anual dos cursos por entidades reguladoras para melhoria contínua;
  • ambientação com as tecnologias que já são vivenciadas como práticas nas relações profissionais desde as mais renomadas instituições públicas ou empresas privadas (não espere encontrar lá somente papiros ou textos curtidos em pele de animais ou mensagens seladas com cera derretida, a não ser que queira trabalhar com artefatos arqueológicos, mas esta é outra história).

Legislação e concepções em educação a distância

Com relação ao conceito do que é Educação a Distância (EaD), esse é constantemente debatido por profissionais, pesquisadores, especialistas e outros interessados do que seria dito como ‘distância’ dentro das concepções do que seja a educação. Por exemplo, se estou assistindo uma aula presencialmente em uma turma de 40, 60 ou 100 alunos com apenas um professor e mesmo que haja ‘espaço’ para tirar dúvidas, será que a atenção e os detalhes são os mesmos de quando esta aula é assistida através de uma gravação, onde o estudante pode voltar alguns segundos e quantas vezes desejar para anotar algo que não ouviu ou entender melhor uma premissa de um conceito?

Poderíamos definir Educação a Distância ou EaD como: “Uma modalidade de educação que possibilita a aprendizagem com mediação didático-pedagógica andragógica, utilizando diferentes tecnologias de informação e meios de comunicação, na qual as atividades se desenvolvem com os atores do processo em lugares e/ou tempo diversos”. Esta definição foi redigida em 2005 através da “Carta de Florianópolis” durante o 12º Congresso da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED).

Já a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/1996, Decreto nº2.494/1998 estabelece o conceito oficial para Educação a Distância:

“Educação a distância, forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem com a mediação de recursos didáticos, sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação.”

Como veremos em outra oportunidade, estudaremos um pouco da evolução desta modalidade de ensino, a Educação a Distância não é uma modalidade recente visto que algumas pesquisas indicam que as epístolas do Novo Testamento foram as primeiras formas de Ead, já outros estudos apontam que o mesmo sistema estava presente também em outras culturas porém com registros mais antigos. Poderíamos ainda citar a criação do livro impresso em papel que surgiu com a invenção da prensa de Gutemberg, há poucos séculos, mais precisamente em 1453.

[ABED] Em 20 de março de 1728, a Gazeta de Boston publicou um anúncio do professor de taquigrafia Cauleb Phillips: “Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston”. A iniciativa do criativo professor tornou-se marco da Educação a Distância no mundo, que se consolidou na Europa e Estados Unidos no decorrer do século 19. Em 1886, o reitor da Universidade de Chicago, William R. Harper, escreveu: “Chegará o dia em que o volume da instrução recebida por correspondência será maior do que o transmitido nas aulas de nossas academias e escolas; em que o número dos estudantes por correspondência ultrapassará o dos presenciais”.

Caracterização legal da EaD no Brasil, artigo 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, onde estabelece as diretrizes e bases da educação nacional regulamentada pelo Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 do Ministério da Educação (MEC).

Art. 80º. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais , será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.

§ 3º As normas para a produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

§ 4° E educação a distância gozará de tratamento diferenciado que incluirá:

I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radio-difusão sonora e de sons e imagens;

II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.

Como estudar a distância? Eis algumas dicas!

  • Não pense que que é o famoso “oba… oba!”, ao contrário do que muitos pensam educação a distância requer organização pessoal, disciplina, administração de tempo e adequação de espaços propícios ao estudo;
  • Normalmente os cursos a distância são divididos em módulos ou unidades orientados através de programas de disciplinas que contém a carga horária, cronograma, objetivos, avaliações que normalmente são disponibilizados através do Ambiente Virtual do Aluno (ou o famoso AVA) que são plataformas digitais online desenhadas para atender esta demanda específica;
  • Manter um local para estudar é aconselhável de forma que diminua ou silencie interferências e distrações, recomenda-se que seja bem iluminado, arejado em que possa dedicar-se de forma atenta, pois com pouco tempo mas com concentração, de raio laser, o estudo irá render muito, muito, muito mais;
  • Busque conselhos e dicas de quem já adota esta prática, particularmente aprendi muito com as pessoas que estudam/estudaram para concurso público ou até mesmo para o Enem e que tiveram uma boa qualificação, eles possuem o que é denominado de “tecnologia de estudo de alto rendimento”, ou seja, aprendem técnicas de como fazer resumos, mapas mentais, resolução de questões através de simulados, utilização de softwares/apps e outras técnicas que potencializam consideravelmente sem ficar ‘quebrando a cabeça’ com estudos realizados sem técnica;
  • Aprenda a estudar de forma prazerosa e lúdica, pelo amor de Deus e de tudo que há de mais Sagrado neste e no outro mundo, não faça do estudo um martírio ou uma forma de castigo, saia dessa, está afim de ver o mesmo conteúdo de uma disciplina antes de ler um livro assistindo a um filme ou série temática na NetFlix que contextualize o tema, mergulhe nessa, já vi muitas pessoas que melhoraram a dicção em inglês ouvindo e cantando músicas que gostam no idioma citado, aquele tal de background;
  • Assista a vídeos de professores bem posicionados no YouTube que possuem uma didática muitas vezes até melhor do que a do seu professor em sala de aula (nada pessoal, não é bulling) , vá em frente e depois volte para ler o livro didático e assistir suas oficiais aulas e veja o que acontece, se você criar o hábito de aprender com prazer seja para melhorar sua leitura, através de um livro de ficção científica ou daqueles livros de auto ajuda, também vá em frente, até conseguir aos poucos ler a Constituição Federal de ponta a ponta e ainda dar risada.
  • Dê pausas, não ultrapasse cinquenta minutos diretamente estudando, levante-se um pouco, espreguiçar-se e alongar-se é bom, caminhe, beba bastante água durante o dia, tenha uma dieta balanceada, pratique exercícios físicos adequados, tenha tempo para o lazer e contato com a natureza, aprenda a respirar, mantenha os bons amigos e não deixe de dar atenção às pessoas que ama e aos entes queridos, porém após estes momentos é preciso voltar para a labuta, ser produtivo, e com certeza estes momentos lhe ajudarão também. Mesmo que tenha que dizer ‘não’ ou adiar alguns prazeres momentâneos para ganhar um bem maior no futuro, saiba negociar consigo mesmo, sem extremismo mesmo que alguns pareçam sacrifícios (e daí!?), o bom senso deve prevalecer, aprenda com os erros e assim a cada simulado vais ficar mais confiante e acertar mais questões da próxima vez.

Incluídos e excluídos no Letramento Digital

Compreende letramento digital como um conjunto de saberes ligados às práticas letradas mediadas através de tecnologias digitais seja através de notebooks, tablets, smartphones, PCs ou outros dispositivos assim como na capacitação de habilidades na construção de sentido por meio de imagens, vídeos, sons, palavras de forma multimodal.

Podemos, de forma minimalista, diferenciar os participantes da sociedade atual contemporânea em três nichos:

  • pessoas que não dominam a escrita e nem a leitura, sendo desta maneira excluídas das sociedades letradas e do mundo digital;
  • pessoas que dominam ambas, tanto a escrita quanto a leitura, porém não participam da sociedade digital e/ou não são letrados digitais, pois não estão ambientados com o uso das tecnologias digitais tornando-se, de certa forma, também excluídos ou ‘analfabetos digitais’, a não ser que possa ser auxiliado por uma pessoa mesmo que uma(s) iniciada(s) digitalmente ou por um(ns) expert(s) digital(is);
  • pessoas que dominam tanto a escrita quanto a leitura mas também apreendem constantemente as práticas socioculturais do mundo digital atual.

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