Intelectuais fora da realidade

Michael Rosa
3 min readOct 31, 2018

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Essas eleições têm mostrado como a dita intelligentsia não consegue mais se comunicar com a realidade das demandas sociais do brasileiro médio. Eles estão sentados nas cadeiras das universidades pelo Brasil a fora, debatendo como nós somos ignorantes; como o brasileiro se deixou atrair pelo fascismo, que sequer existe enquanto movimento organizado no Brasil.

Sentam em suas cadeiras, cruzam as pernas e, do alto de sua sapiência, discutem o “aborto numa perspectiva kantiana”; o crime, que é “normal e funcional”, se tratando de “aprendizagem e socialização” e, também uma resposta ao controle e opressão de um sistema, em Durkheim.

Olham para um caso de pedofilia e, fazem uma leitura dele numa perspectiva foucaultiana, na qual este “doente”, é na verdade alguém racional em seu universo particular, produto de uma relação opressiva, em que padrões, com os quais não se identifica, são impostos a ele, levando-o à “loucura”; qualquer ocorrência de ordem social – prisão de um assassino ou estuprador, internação de um louco perigoso – é vista como um exercício de dominação, que visa manter o domínio dos que estão no poder (Daí começa a vir a ideia dos “oprimidos pela sociedade”).

Uma porção de estudantes que, quando põem os pés no subúrbio é pra fazer trabalho antropológico, discutem a solução do problema de segurança pública em Marx. Com a cabeça no mundo das fadas, afirmam que, sendo o homem, em sua essência, produto do meio, se mudarmos o meio, mudamos o homem. Que lindo, né? Será que se um desses jovens que “não tiveram opção”, assaltar e matar sua mãe, você vai pensar: “Carambolas! É lamentável, mas ele não tinha outra opção. Isso é uma resposta subcultural às interações sociais que o coitado experimentou. Maldita expropriação capitalista!”

É obvio que uma mudança no meio pode mudar o indivíduo. Entretanto, quanto tempo, uma política de mudança do meio – como educação e projetos sociais – leva para gerar efeitos reais no problema da segurança pública? Muito tempo! Se nossas medidas de segurança pública forem só de longo prazo ou de “inteligência” e, essa mentalidade bandidólatra não for expurgada da formulação das políticas públicas, eu morro, você morre; morre todo mundo.
É triste saber que a união gasta em média R$ 3,500,00 reais por mês (custo médio de um aluno de federal), para um estudante, ao terminar seu curso, fazer um trabalho relativizando o termo “bandido” e, encerrar sua pesquisa com a seguinte frase: “Um dia, seremos todos bandidos perante à lei.” Outros, dedicam seus TCC’s e dissertações, a falar sobre como o sistema prisional do Brasil funciona de maneira ineficiente. Para eles, o país prende demais. O que não seria necessário, já que, supostamente, a maior parte da população carcerária cometeu pequenos delitos.

Estão as prisões superlotadas ou a população está sobre carcerária?” — Foucault

Vamos lá! Em primeiro lugar, segundo Dalrymple, a prisão não foi feita pra ressocializar – se puder, é ótimo, mas não é prioridade – e, sim, para tirar de circulação, uma ameaça ao convívio social. Segundo: a maior parte da população carcerário do brasil cometeu o crime de roubo, a segunda maior parte praticou tráfico de drogas, a terceira maior, ocasionou danos físicos à pessoas (contando aqueles em que houve morte). Depois temos posse ilegal de armas e crimes sexuais. E aí, em qual destes pequenos delitos você acha que não haveria necessidade de prisão? Sabe qual é a verdade? O Brasil prende pouco; tem que prender mais.
É por conta destas coisas, por conta de darem prioridade a uma ideologia e não ao bem-estar da sociedade, que eles vão perder; e vão perder feio.

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