Resenha sobre o filme “Selma, uma luta pela igualdade”

Com direção de Ava DuVernay e escrito por Paul Webb, o filme “Selma, uma luta pela igualdade” (Título no Brasil), lançado originalmente em 2014 (em 2015 no Brasil), é um filme que retrata a luta do ativista político Martin Luther King Jr. e seus seguidores pelos direitos civis da população negra nos Estados Unidos da América.

King iniciou sua luta liderando movimentos contra a segregação dentro dos ônibus após a prisão de Rosa Parks, uma mulher negra e costureira que se recusou a ceder seu assento para uma pessoa branca.

Essa segregação racial nos Estados Unidos tinha respaldo por lei e na cidade de Montgomery, por exemplo, os motoristas de ônibus tinham que ser brancos e as pessoas negras só poderiam ocupar as ultimas cadeiras.

O filme “Selma” aborda principalmente os movimentos e marchas realizadas na cidade de Selma, Alabama, em busca do direito ao voto igualitário para pessoas negras norte americanas.

No início do filme já podemos que os resultados dessa falsa liberdade tinham consequências violentas para o povo negro. Por exemplo, quando Annie Lee Cooper, (papel interpretado por Oprah Winfrey) tenta se cadastrar para obter direito ao voto, mas tem seu pedido negado e é humilhada por causa da cor da sua pele.

Com mais visibilidade e influência devido à premiação com o Nobel da Paz em 1964, Martin tenta conversar e convencer o presidente Johnson a criar uma lei para dar mais liberdade e igualdade à população negra, porém o presidente negou o pedido dizendo que isso não era o mais importante no momento.

À partir desse momento, King decide ir ao sul dos EUA onde existia muita violência e preconceito e lá lidera junto às pessoas negras a primeira marcha da cidade de Selma até Montgomery, capital do Alabama. Chegando lá, foram surpreendidos por uma barreira de policiais que atacaram os protestantes com bombas de gás lacrimogênio e cassetetes. Muitas pessoas negras foram machucadas nessa manifestação.

Após este cenário, Martin decide então fazer um pedido e convidar não somente pessoas negras, mas também pessoas brancas que eram apoiavam o movimento. Essa estratégia deu maior visibilidade à manifestação que contou com 1/3 de pessoas brancas na segunda marcha e essa movimentação chamou a atenção do governo.

Desta vez, os guardas ao ver essas pessoas brancas recuaram e abriram a barreiram, Mas Martin recuou com medo de uma armadilha.

Um período depois da marcha, um padre branco que esteve presente, foi assassinado por uma pessoa branca e preconceituosa que não aceitava os direitos dos negros. Após esse momento, o presidente Lyndon Johnson pensando na segurança nacional do povo americano, decide decretar a lei que permitiu o voto direto de todos os cidadãos norte americanos independente de sua cor.

Pensar que somente após a morte de um branco foi tomada alguma providência é revoltante, pois a maioria das pessoas negras desse período sofreram grandes violências durante toda sua trajetória marcada por lutas e manifestações de resistência.

Além da trajetória de luta de Martin, o filme também aborda o sofrimento e a tensão de sua mulher que está sempre presente durante toda a película. O filme trás à tona possíveis casos extraconjugais de King durante sua vida, o que até hoje não se sabe se eram rumores verdadeiros ou apenas insinuações midiáticas para sujar a imagem ética e política do líder norte americano.

Martin Luther King Jr. foi uma das figuras mais importantes na luta em favor dos direitos civis dos negros nos EUA. Até hoje suas frases motivam e inspiram milhares de movimentos e manifestos pelo mundo. Selma é apenas uma pequena amostra de uma batalha por direitos e igualdade que segue até os dias atuais.

“(…) Eu tenho um sonho que um dia o estado do Alabama, com seus racistas cruéis, cujo governador cospe palavras de “interposição” e “anulação”, um dia bem lá no Alabama meninos negros e meninas negras possam dar-se as mãos com meninos brancos e meninas brancas, como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje (…)”.

Martin Luther King Jr.

Trecho do discurso histórico realizado pelo ativista no qual falava da necessidade de união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro. Assista o discurso completo no vídeo abaixo:

Assista ao trailer do filme: