Há solidão nas minhas escolhas, no traço que percorro com a ponta dos dedos toda noite, lendo meu corpo e tentando relembrar quem sou.
Quem sou eu?
Pedacinho por pedacinho, me fragmentando contra o tempo: Encantadora até não ser mais. Inteligente até ceder ao silêncio. Misteriosa até explodir em devaneios, pois sinto, finjo até sumir,
reduzir-me ao grão de areia, poeira estelar. Meus pedaços ficam espalhados por aí, às vezes pendurados no peito de quem deixei para trás; eles cintilam, uns mais do que outros. E parte de mim sente falta deles, mas a outra espera o próximo baque, pronta para se quebrar novamente.
Quem sou eu?
Fragmentada,
poeira,
areia
estelar,
solidão?
Não consigo me lembrar.