Eu falhei

Mirle Ferraz
3 min readFeb 20, 2023

--

Assim como outras tantas pessoas, eu comecei a trabalhar jovenzinha, aos 15 anos. Aprendi com o meu pai que é assim que se consegue as coisas, que é assim que se conquista os sonhos. Certo ou errado, não importa muito.

Desde sempre eu fui a que chegava cedo para fazer o café e ligar os computadores. Eu falava “nossa empresa”, “conquistamos”, “nosso time” — desde a loja de parafusos (onde trabalhei por algum tempo). Vestir a camisa é balela, eu praticamente tatuava no peito.

Há uns 4 anos e pouco, fiz uma leve transição de carreira e levei essa energia para uma empresa super colorida.

Aos pouquinhos eu me desenvolvi e acompanhei de perto algumas viradas de chave. Eu estava lá na maior aquisição, no IPO, nas duas mudanças de posicionamento mais recentes. Ficar cara a cara com grandes desafios nos obriga a crescer — é inevitável.

E cresci.

Em dezembro de 2021, fui promovida a analista sênior e de pronto comecei um processo de troca de fornecedor que impactaria o time todo, mas principalmente os criativo, entregando eficiência e eficácia (palavras da moda). Com o mesmo orçamento foi possível elevar o nível de qualidade e a velocidade das entregas.

Em fevereiro de 2022, assumi também a assessoria de imprensa — nossa, quanta coisa aprendi. Eu poderia passar horas falando sobre esse tópico, uma montanha russa de emoções, mas dois trabalhos me marcaram bastante: o primeiro foi o aumento da presença de marca dentro de uma oferta específica — com posicionamento de porta-voz e geração de conteúdo — trabalho que impactou diretamente o resultado financeiro da empresa . Outra experiência que me lembro com carinho foi uma comunicação que ultrapassou as fronteiras e foi ganhar corpo lá na Colômbia, na Forbes Colômbia pra ser mais exata (que sensação gostosa essa de conhecer uma nova cultura). Os resultados? Aumento significativo no número de publicações (sobre negócios, inclusive); Manutenção do tier principal; Relacionamento bacana com alguns canais.

Eventos, papers, estudos, artigos. Meu negócio era negócio, era materializar a estratégia. Mas, vez ou outra, eu percebia que o time estava com algum desafio operacional e, por pura teimosia, me conectava pra ajudar. Outro dia, contribui com o processo de tradução, minimizando o tempo perdido com algo pouco efetivo e aumentando segurança (compliance).

Águas rolaram e, como eu disse, é inevitável, a gente amadurece. Então, na minha última avaliação, em agosto de 2022 (depois de uma cadência de mais ou menos 8 meses), eu cresci mais de 30% (de acordo com as métricas e medidas estabelecidas) — acima do padrão. Legal!

Pouco tempo depois, fase nova. Eba! Eu passei a tomar conta também de SEO e o desafio era ser a resposta número um quando alguém perguntasse usando uma certa palavra chave. Adivinhem? Check! Quatro meses depois, algo que era tão importante para o negócio começou a se concretizar.

É difícil contar o resumo e perder tantos detalhes, tantas pessoas. Difícil deixar pra traz aquela vez que atuei como career advisor e ajudei diretamente no desenvolvimento de uma pessoa super bacana. Difícil não contar sobre o dia que, mesmo tropeçando para subir no palco, fui host para um evento mega exclusivo e importante. Difícil até esquecer dos mais de 15 buttons que eu carregava no crachá, os reconhecimentos.

É difícil! É difícil porque mesmo repetindo pra mim todos esses resultados (repetidamente) eu continuo sentindo que “falhei”. Talvez não tenha sido pelo tropeção, talvez não tenha sido pelo meu exagero ao usar os emojis do meet nas reuniões, mas eu sinto que falhei.

Sinto que falhei pois nesse último corte de pessoas — por razões unicamente orçamentárias, eu fui comunicada do meu desligamento.

Agora, #OpenToWork, eu posso dizer que entendo meu pai. Mesmo sem conversarmos há uns 30 dias, eu entendo o sentimento dele quando chegou em casa com a mesma notícia quando eu tinha pouco mais de 6 anos.

--

--

Mirle Ferraz

Uma eterna otimista. acredito que entre o texto(ão?) e os 240 carácteres pode acontecer muita coisa boa.