Democracia nas Américas — Breve relato

Série Jovens olhares sobre a República e o Cenário Político Brasileiro Atual — Tema: “Democracia nas Américas: Progredimos?”

Nesta edição, o tema debatido foi o status quo da Democracia no continente americano. Pensando em modelos institucionais e arranjos de governos nas Américas, abordamos os modelos democráticos como teoria (O que é democracia) confrontando com dinâmicas políticas conjunturais na região.

Alguns tópicos foram destacados no momento do debate, como: eleição nos EUA e primeiros movimentos no governo Trump; Brasil, o processo de impeachment, primeiro ano do governo Temer, prosseguimento da Operação Lava-Jato e a deflagração de novos casos de corrupção.

Estiveram conosco como convidados Creomar de Souza, professor de Relações Internacionais e Assessor Internacional da Universidade Católica de Brasília (UCB), e Leandro Gabiati, Diretor da Dominium Consultoria e Professor dos cursos de Direito e de Gestão Pública do UniProjeção. Cerca de 25 pessoas estiveram presentes e protagonizaram um debate construtivo e propositivo que durou mais de 2h. Ao longo do debate, ambos os palestrantes compartilharam seus conhecimentos e responderam perguntas dos participantes.

Creomar de Souza, que acompanhou as eleições americanas in loco, compartilhou com os participantes suas impressões sobre como estava a população norte-americana durante campanha entre o candidato vitorioso Donald Trump e a democrata Hillary Clinton. Creomar citou que foram determinantes para a vitória de Trump as investigações do FBI sobre Hillary Clinton, em relação ao uso de e-mail pessoal para conversas não declaradas, e o seu discurso anti-establishment americano. Como reflexão, Creomar apontou que é necessário que os cidadãos conjeturem sobre democracia, com enfoque em dois aspectos principais: o entendimento de que democracia é a soberania das escolhas dos cidadãos e de que se trata de um processo orgânico que se consolida a partir das menores instâncias políticas nacionais.

Leandro Gabiati, como analista político, apresentou perspectivas acerca da política nacional tendo em vista sua vivência cotidiana na Câmara dos Deputados. Gabiati trouxe para reflexão os avanços vividos pela política brasileira desde o período da redemocratização e do novo pacto constitucional. Ele apontou que o país conseguiu controlar o boom inflacionário das décadas de 70 e 80 e a estrutura macroeconômica do país e que o processo de consolidação institucional fez florescer investigações que atingiram sobremaneira a oligarquia política brasileira, acarretando na deflagração de casos de corrupção como mensalão e, mais recentemente, a Lava-Jato.

Logo após as exposições individuais dos convidados, o debate centrou-se em perguntas mais específicas sobre as eleições americanas e os primeiros meses do governo Trump, tendo como exemplo episódios como as denúncias da existência de fraudes eleitorais. Foi debatido também a possibilidade de surgir no Brasil o “fenômeno Trump”, que faça amadurecer no cenário político brasileiro candidatos de extrema-direita nas eleições presidenciais de 2018.

Ressalta-se que o debate também trouxe indagações mais filosóficas sobre o futuro da democracia no Brasil e nas Américas. As discussões trouxeram como diagnóstico que a democracia se encontra diante de constantes questionamentos, sobretudo por conta da descrença de relativa parcela das sociedades quanto à efetividade do regime.

Especificamente no caso brasileiro, o desfecho do debate mostrou que é imperativo a promoção de discussões acerca da dimensão do Estado social brasileiro, haja vista as várias garantias de direitos expostas na Constituição de 88, e a ampliação da participação cidadã na política, dentro da plataforma de democracia representativa hoje presente.

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