Por que faço parte de comunidades de tecnologia e como isso impactou a minha vida
(Só um comentário antes de mais nada. Talvez eu esteja escrevendo isso num momento “fora de época”. Realmente eu gostaria de ter falado dessas coisas na virada do ano, porque tudo o que aconteceu comigo em 2017 foi marcante e fez minha vida mudar para sempre. E digo isso sem exagero algum, pode acreditar. Também gostaria de ter contado sobre o poder que as comunidades tiveram no rumo e nas decisões que tomei. Mas a influência delas continuou sendo tão impactante que… Bem, cá estou resolvendo de uma vez por todas falar um pouquinho sobre isso.)
Te convido a refletir sobre o assunto comigo. Se você já faz parte de comunidades, talvez você me entenda. Se você ainda não faz, bom… espero que você possa me entender.
Muitas pessoas me perguntam porque vou em tantos eventos e por qual motivo dou tanta importância para essas comunidades. Confesso que por um tempo eu sequer poderia acreditar que esse tipo de questionamento existia. Para mim, esse tipo de pergunta era estranha. “Será que não é óbvio?”, era tudo o que eu conseguia pensar, enquanto sei que muitos pensavam “O que eu ganho com isso?” quando eu tentava buscar palavras para explicar. Hoje já consigo entender o motivo das dúvidas.
Eu não sei a opinião de vocês, mas não conheço muitos exemplos de áreas que compartilham tanto conhecimento quanto é feito na área de tecnologia. E se existe, gostaria muito de conhecer. Quantas vezes você já perguntou alguma coisa para um colega de trabalho ou pesquisou sobre algum erro ou problema na internet? Tenho certeza de que foram muitas vezes. Tantas que talvez você nem consiga contar. Agora, me diz, quantas vezes você ficou sem encontrar uma resposta ou um caminho para pelo menos uma solução? Difícil se lembrar de algo tão raro ou que, provavelmente, nunca aconteceu, né?
Então, sabe isso que acontece quando realizamos pesquisas e encontramos respostas? É o que eu consigo encontrar indo em eventos assim. Mas gostaria de deixar bem claro que esse é apenas um ponto positivo de se participar de uma ou mais comunidades. Existem vantagens muito maiores que essa. Mas comecei por essa porque imaginei ser mais fácil de assimilar de início.
Posso também supor que você já passou por alguma situação de ter que aprender algo muito rápido. Ou por questões de prazo ou outros problemas que passamos nessa área tão louca que quando acabamos de estudar A, já temos B, C e D pendentes para aprender e logo teremos E e F como atualização. Não é fácil. Participar de uma comunidade te ajuda nisso também. Alguém que já ralou para aprender alguma coisa, consegue passar, no mínimo, uma introdução sobre o assunto para que possamos caminhar com nossos próprios pés no andamento do aprendizado. Outras vezes, conseguimos também aprender coisas de níveis intermediários e até mais avançados. Algo que poderia ser gasto uma fortuna com cursos ou muito mais horas pesquisando, nós conseguimos absorver de graça em alguns eventos. E de forma muito mais simples de entender. Importante citar também que, além de aprender, nós podemos compartilhar o que aprendemos. Todo mundo sai ganhando com isso. (Um adendo para o fato de que isso não anula nenhum estudo feito por nós. Nossa área se atualiza bastante e a busca incessante pelo conhecimento é o que nos mantém vivos nessa loucura. Uma loucura que sei que muitos são tão apaixonados quanto eu.)
Mas essa também é só mais uma das várias vantagens de participar de comunidades. Então vamos prosseguir. Outro ponto muito forte são os vínculos que criamos. Podem ser novas amizades e podem ser apenas um networking profissional. Ambos são importantes e sei que todos podem reconhecer isso como uma verdade necessária para a área de tecnologia. Nada como o bom e velho networking para nos ajudar a conhecer mais pessoas e descobrir e compartilhar novas ideias e oportunidades, não apenas para trabalho, mas para a vida como um todo. Nos eventos que já participei e nas comunidades que acompanho, tive a oportunidade (que continua existindo) de conhecer muitas pessoas. Muitas delas eram aquelas que eu utilizava até como fonte de pesquisa para aprender algo novo sobre alguma tecnologia. Pessoas que eu admirava e que achava que jamais teria a oportunidade de conversar. As comunidades aproximam tanto as pessoas que isso deixa de ser algo intangível e aqueles que você admira tornam-se pessoas com quem você pode contar, aprender e compartilhar.
Outra coisa muito importante. Mesmo que seja possível presenciar todo tipo de preconceito pelo mundo, e pessoas podem ser complicadas de lidar em qualquer lugar, quando estou em uma comunidade, eu não me sinto rejeitada ou perdida em um mundo dominado apenas por homens. Muito pelo contrário. Eu me sinto forte. Eu me sinto encorajada. Eu me sinto acolhida. Eu sinto que sou parte de tudo aquilo. Eu sinto que estou na área certa. E agradeço por terem tantas comunidades que incentivam a participação de TODOS na tecnologia, seja quem for.
Ainda que eu sempre tente mostrar esse benefícios para todos os que me perguntam “O que é comunidade?” e “Por que você fica participando dessas coisas?” é difícil explicar com palavras o que significa aquela vontade de, mesmo após um dia cansativo no trabalho, eu ainda opto por ir em algum evento assistir palestras, talks, workshops, participar de HandsOn e rever alguns amigos ao invés de ir para casa descansar. Assim como também é difícil explicar porque em pleno sábado de manhã eu acordo feliz por fazer algum evento com o pessoal ao invés de ficar em casa apenas assistindo Netflix ou dormindo até mais tarde. E confesso que é ainda mais complicado quando tenho que explicar porque gosto tanto de virar noites participando de maratonas e hackathons quando eu poderia fazer qualquer outra coisa.
Comunidade é aprender. É compartilhar. É conviver com pessoas de todos os tipos. É abrir a mente. É conhecer coisas novas. É aprimorar a capacidade de conversar com as pessoas. Comunidade para mim é muito mais uma questão do que eu sinto por ser parte disso tudo do que apenas uma frase cheia de palavras que possam definir o significado. Depois de participar mais delas, eu me apaixonei ainda mais pela tecnologia. E acho que não tem palavra nenhuma que possa traduzir meu sentimento de hoje ser também uma das organizadoras de uma comunidade criada justamente por receber inspiração de outras. E para que você entenda o que é ser parte de uma comunidade, seja. Participe. E, se puder, compartilhe sua experiência com os outros.
A todas as comunidades que eu participo, eu só posso dizer MUITO OBRIGADA por tudo. Aos meus amigos organizadores e membros da nossa comunidade CaquiCoders, eu só posso dizer: que bom que estamos juntos nessa e vamos em frente mostrar o sentimento de sermos parte de tudo isso para a nossa região. Espero que essa sementinha da comunidade, que o pessoal tanto brinca que cresce rápido e vira um vício, também possa nascer em quem ainda não convive com tudo isso.
Comunidades de tecnologia podem mudar a sua vida. Quer tentar?
Autora: Morganna Giovanelli, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da FATEC de Mogi das Cruzes, desenvolvedora apaixonada por tecnologia, por comunidades e pelo nosso mundão nerd.
