Uma Vida Equilibrada e Flexível, onde Valentino encontra SUGA

Min Yoongi Brazil
8 min readMay 8, 2023

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Marie Claire Korea | Tradução PT-BR: Min Yoongi Brazil

P: Desde o início do ano, você trabalha com Valentino como embaixador global. Ao entrar em contato com ela, certamente você terá aprofundado sua ligação com a marca.

SG: Flexibilidade e adaptabilidade são valores muito importantes para mim quando se trata de fazer música e, comunicando e trabalhando com a Valentino, a impressão que tenho é que é uma marca muito versátil. É por isso que estou feliz em colaborar com eles. Pessoas próximas a mim também me disseram que o estilo Valentino é parecido com o meu, outra coisa que me deixa feliz.

P: Qual look você prefere entre os da sessão de fotos de hoje?
SG: Eu gosto daquele com suéter bege e calça cinza. Não costumo usar cardigãs, mas achei bastante confortável. Hoje descobri uma nova maneira de me vestir.

P: Que tipo de música vem à sua mente quando você pensa na Valentino?
SG: Algo como uma estrela do rock. Combina bem com um som de hard rock empolgante, mas as coleções mais recentes estão mais sintonizadas com o rock mais moderno - rock com um toque de hip-hop, em vez da trilha de fundo de percussão usual.

P: Vamos falar sobre a música do SUGA. Você estará saindo em sua turnê solo em breve. Qual é a direção que você escolheu ou o conceito que você preparou?

SG: Estou me preparando para essa turnê há tanto tempo que quase não sei mais o que significa a palavra “direção” (risos). O propósito desta turnê não é mostrar todo o meu potencial, nem perseguir o sucesso solo. Acho que esse tipo de turnê individual só foi necessário porque, no momento, é fisicamente impossível fazermos os 7 juntos, mas esse seria o cenário ideal. Nossos fãs estão esperando por uma turnê há muito tempo, e eu queria recompensá-los de alguma forma.

P: Como membro do BTS, você já viajou por todo o mundo, mas imagino que uma turnê solo será bem diferente.

SG: Terei que me concentrar ainda mais nas apresentações, porque também tenho que cobrir o fardo que os outros membros costumam carregar. Às vezes eu esqueço algumas letras (risos). Então, estou fazendo tudo o que posso para aprendê-las bem e me lembrar delas.

P: Embora esta seja sua primeira turnê solo, você já lançou mixtapes individuais e trabalhou com outros músicos. Sua experiência como artista solo influenciou seu trabalho no BTS? Eu também gostaria de saber se, inversamente, a música do BTS tem algum tipo de impacto em seus álbuns individuais?

SG: Minha prioridade é criar música para o BTS, e isso é um fato que nunca vai mudar. Como resultado, minhas atividades solo não afetam a música do BTS, nem o trabalho com o BTS afeta meus projetos individuais, não necessariamente, pelo menos. Além disso, não há nada que tenha me impedido de fazer música para o BTS. Sou simplesmente uma pessoa que escreve muita música. Eu apenas tento pegar os momentos de inspiração quando eles vêm e aproveitá-los ao máximo.

P: Ao fazer uso de instrumentos tradicionais em seu trabalho, você tem despertado o interesse e a curiosidade de muitas pessoas. Você incluiu música tradicional coreana tanto em “Daechwita”, o single de sua segunda mixtape, quanto em sua nova faixa-título, “Haegeum”. Qual foi a ocasião que o levou a começar a trabalhar com esse som mais tradicional?

SG: Sejam instrumentos tradicionais, cordas ou piano, todos são sons e recursos nascidos para fazer música. Quando começo a trabalhar nas minhas músicas, não tenho grandes planos em mente. Para “Daechwita”, tudo começou com uma pergunta muito simples: “Por que não tentar transformar esse recurso bacana em música?”. Não poderia deixar de incluir uma amostra das marchas militares "daechwita", dado o título.

P: Se falamos de SUGA, pensamos em hip-hop. Tanto o produtor Bang Shi-Hyuk quanto o PDogg são grandes conhecedores desse gênero e da música negra em geral. Como isso afetou a música do BTS e seu crescimento artístico pessoal?

SG: Eu ouço música hip-hop desde criança. É um gênero bastante popular agora, mas não era nada naquela época. Dado que o hip-hop é agora um dos gêneros de maior sucesso na cena musical, acho que o produtor Bang Shi-Hyuk e PDogg já o conhecem há muito tempo. No entanto, sou simplesmente uma pessoa que faz música pop. Claro, ter crescido ouvindo esse gênero me deu uma melhor compreensão da música popular.

P: Ainda hoje, os Cyphers pt.1, pt.2 e pt.3 me dão fortes emoções. Eles estão cheios de raiva crua e energia profunda, e são uma exibição verdadeiramente notável de suas habilidades de rap, aprimoradas, uma e outra vez, para provar seu valor. Acho que essas faixas permanecerão na história do hip-hop coreano. O que você pensa e sente sobre essas músicas agora?

SG: Fico feliz que tantas pessoas gostem. Acho que deveria ter mantido um perfil um pouco mais discreto, especialmente nas minhas partes (risos). Eu estava cheio de han (*expressão coreana referindo-se a uma mistura de tristeza, arrependimento e ressentimento) e queria mostrar ao mundo o que eu valia. Se você ouvir as versões ao vivo mais recentes de “Cypher”, perceberá que elas são mais naturais, porque me acalmei um pouco. Com isso, não quero dizer que não goste de músicas poderosas, na verdade, tenho algumas bem pesadas no meu novo álbum também. Uma parte de mim ainda ama muito músicas como "Cypher" do BTS.

P: Ouvi dizer que você costuma trabalhar com outros artistas por e-mail. Existe algum motivo para você preferir esse método?
SG: Acho que o imaginário de dois artistas que se encontram ao vivo para trabalhar juntos em suas músicas é uma fantasia difundida pela mídia (risos). É raro nos encontrarmos, tocarmos juntos e gravarmos lado a lado. Também é difícil organizar reuniões improvisadas porque quando a inspiração vem, ela vem. Claro que existem artistas que trabalham assim, mas não eu. Prefiro trabalhar por e-mail. Com isso, cada um dos artistas envolvidos pode se concentrar totalmente em sua parte, mantendo também sua própria rotina e hábitos. E então você economiza tempo. É um jeito muito eficiente.

P: Quando o BTS estreou, as pessoas desprezavam e julgavam mal os idols, mas agora seria ridículo pensar dessa forma. Você acha que as pessoas têm uma opinião diferente sobre você agora?

SG: Eu sou um idol e tenho orgulho disso. Obviamente, posso ter dito algumas bobagens sobre isso no passado, mas agora o título de "idol" é uma espécie de medalha de valor para mim. A opinião pública mudou muito ultimamente, e acho que o BTS contribuiu para isso. A maioria dos idols são realmente bons nisso hoje em dia. Os níveis atuais são muito altos. Não são apenas bonitos, mas também bons dançando, cantando, fazendo rap e até atuando. Talvez não sejam realmente músicos, com experiência em determinada especialidade, mas, se quisermos olhar por outra perspectiva, veremos que sim, de fato são, e estão quase isentos de lacunas. Além disso, o charme dos idols também está no fato de poder acompanhar o crescimento artístico deles desde o debut, álbum após álbum. Obviamente, seguir um músico experiente dá satisfação, mas também seguir idols jovens, ternos e um pouco desajeitados, crescendo e melhorando gradualmente até se tornarem verdadeiros profissionais é muito bom.

P: Vocês provavelmente foram o grupo que fez a fama mais sensacional de todos os tempos para os artistas coreanos, sem mencionar a cena dos idols. Muitos podem “exceder as expectativas”, mas apenas alguns podem chegar “ao topo do mundo”.

SG: Quando eu era mais jovem, tinha medo do sucesso. À medida que as coisas começaram a crescer além dos meus sonhos mais loucos, o mesmo aconteceu com o medo, mas agora tento não pensar muito nisso. A equipe do BTS tem os pés bem assentados no chão. Não levamos uma vida de superestrelas, não acreditamos que estamos "no topo do mundo" e sabemos, claro, que tudo pode desmoronar. Em vez de lutar e sofrer na tentativa de manter um certo status, decidimos viver com gratidão, lembrando sempre que tudo isso é graças aos fãs que nos acompanham e nos apoiam.

P: Eu me pergunto como você consegue ser tão calmo/humilde?

SG: Enfrentei muitos fracassos e acredito que são justamente essas experiências que me levaram ao sucesso. Sempre tive um medo louco de cair, mas agora apenas vivo momento a momento, pensando "aconteça o que acontecer". Acho que a vida seria ainda mais difícil se fosse sempre uma escalada contínua (para o sucesso). Espero que um dia possamos aprender a experimentar os fracassos sem muita dor.

P: Os números não são suficientes para dar uma ideia concreta do enorme sucesso do BTS. Em que você mais se concentra ao perseguir e alcançar seus objetivos?

SG: A vida, a música… até esta entrevista, não são coisas baseadas na comunicação entre as pessoas? Você não pode viver sem construir relacionamentos. Tanto nos momentos positivos quanto nos mais pesados, estamos sempre cercados por outras pessoas.

P: Gostaria de saber como foi o encontro com Stephen Curry, o jogador de basquete. Você se lembra de algum momento particularmente memorável de sua reunião com ele?

SG: Ele é realmente um grande profissional. Ouvi dizer que ele nunca termina seus treinos diários até que tenha feito toda a sua rotina de exercícios e, quando o conheci, descobri que esse é o caso. Seu desempenho naquele dia foi incrível. Hip-hop e basquete são inseparáveis, e é por isso que sempre gostei deles desde cedo. Os jogadores de quem eu gostava na época, como Allen Iverson e Damien Lillard, gostavam de hip-hop. Por isso conhecer Stephen Curry foi ainda mais incrível. Também estou mais do que feliz por poder trabalhar com a NBA.

P: O BTS está constantemente explorando novos horizontes, o que sempre os levará a novas experiências. Acho que encontrar um equilíbrio é cada vez mais importante. Provavelmente levar uma existência equilibrada é o próprio fundamento de nossas vidas. Eu ficaria curioso para saber se você tem algum conselho sobre isso?

SG: Procuro sempre manter os pés no chão. Ao fazê-lo, mesmo nas piores situações, sempre posso me consolar dizendo "eu sabia" ou "não me esforcei o suficiente". Nós, membros, estamos conversando sobre isso há algum tempo. Sabemos que não seríamos nada sem os nossos ARMYs e por isso temos de trabalhar e fazer o nosso melhor pelas pessoas que nos amam. É algo que continuo me lembrando. Ainda tenho muito a aprender se quiser encontrar o meu equilíbrio. No entanto, isso não significa preencher minhas lacunas à custa de esforços e sofrimentos inimagináveis. Em vez disso, trata-se de reconhecer minhas falhas e aceitá-las. Concentrar-se no que podemos fazer por aqueles que nos amam nos permite levar uma vida equilibrada.

Creditos: Seoul_ItalyBTS, larkspuryk

Fonte: Marie Claire Korea

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Fonte de informações sobre o rapper, produtor e compositor Min Yoongi, membro do grupo sul-coreano BTS. Nos acompanhe nas redes sociais: @mygbrazil