#5 | A arte.

Natália Revelant Ferreira
4 min readMar 12, 2020

--

Essa é a Judi Chicago. Artista e fundadora do primeiro programa de arte feminista dos Estado Unidos, em 1970, no Instituto de Arte da California. Algum tempo depois, ela formou um coletivo de arte chamado WomanHouse porque, como ela mesmo dizia, artistas mulheres simplesmente não são levadas a sério.

Desde Guernica de Picasso — que retratou as atrocidades da Guerra Civil Espanhola — até o graffiti da Primavera Árabe, movimentos sociais vem inspirando a arte no mundo todo, e já que vivemos em uma era de hiper-conectividade, o #MeToo não foi uma exceção.

O New York Times pediu a seus leitores que mandassem seu trabalho à luz da temática do #MeToo.

Selecionei as minhas peças preferidas:

‘Peeling Back the Silence’

“This is a watercolor piece, portraying three individuals of different ethnic groups and genders, that demonstrates how the victims of sexual assault and harassment vary.

“The individuals are removing tape from their mouths to signify victims finding the courage to come forward.

“Having more than one person in the piece shows the unity within the movement and how rape culture affects more than just a few people.”

— Graciella Delgado is a 17-year-old artist in Houston, Tex.

‘Oh Yeah, Me Too’

“The cartoon is pretty self-explanatory, but for me it’s just about how women who share stories often find out that we all often experience the same pain, no matter how different our backgrounds.”

— Hilary Campbell is a cartoonist in Brooklyn, N.Y.

‘If Walls Could Hear’

“I drew these sketches in a shelter for women and children escaping domestic violence. In order to preserve the privacy of women, I portrayed only their ears.

“The shape of our ears is unique, like our fingerprints. However near the partners are, they still can’t actually identify that shape.”

Olga Prudnikova is a freelance illustrator in Berlin.

‘The Wave’

“I like that this piece shows that we as women are all a collective force, just as the ocean is a large force made up of individual water drops.”

Caralena Peterson is a writer and artist in Washington, D.C.

‘Not Yours’

“My image was inspired by the #MeToo Revolution, my personal experiences with the male gaze and a healthy amount of frustration and repulsion. What I hope to convey in this image is the sense of verbal, physical and energetic male ownership that is placed on women in society.”

Beata Kruszynski is a freelance illustrator and art teacher in Ontario, Canada.

‘Body As Object’

“By hiding the dolls’ faces, I hoped to highlight how the objectification of girls’ bodies takes away their identities.”

— Dora Guo is a high school student in Lincolnshire, Ill.

Acredito que

as mudanças acontecem quando um desconforto sócio-estrutural é apoiado por uma movimentação de pessoas com ideias e objetivos comuns. Por exemplo, após as revelações dos assédios e abusos sexuais supostamente cometidos por Harvey Weinstein na matéria do New York Times, publicada em 15 de outubro de 2017, presenciamos o muro de uma represa se romper. Milhões de mulheres do mundo todo passaram a contar suas próprias histórias de assédio. Muitos homens de repente tiveram de arcar com as consequências do seu comportamento predatório, em um momento de prestação de contas sem precedentes. O jornalismo havia ajudado a inspirar uma mudança de paradigma (1). Sendo assim, em um mundo hiper-conectado, uma plataforma digital que fala sobre movimentos sociais no âmbito político de forma crítica pode amplificar vozes silenciadas pelo status-quo, impulsionar a sabedoria coletiva e o sentimento de identificação com uma causa, incentivar a participação plena e a democratizar a opinião. É uma forma de catalisar o poder de transformação estrutural e cultural de um movimento social-político a uma velocidade jamais vista.

(1) — Ela disse: Os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo/Jodi Kantor e Megan Twohey.

--

--