App colaborativo para comparar preços de supermercados — UX Study Case
Um pouco sobre o case desenvolvido durante o UX Weekend, da Mergo User Experience.
Neste último fim de semana, participei do curso UX Weekend, realizado pela Mergo User Experience e ministrado pelo UX designer Edu Agni.
Neste artigo, vou contar um pouco sobre o trabalho que foi desenvolvido durante esses dois dias de curso em uma equipe formada por seis pessoas: além de mim, Thaíssa Veiga, Maria Clara Moraes, Fábio Lopes, Talita Lima e Nathalia Rodrigues.
O desafio proposto era o de desenvolver um aplicativo mobile (com um tema a ser escolhido pela equipe) durante as 12 horas de curso a partir do processo de design proposto. Tal processo se configurou em cinco etapas, que serão descritas abaixo.
1. Plano de ação
Nesta primeira etapa do processo, a ideia era criar um produto buscando resolver um problema que os próprios integrantes da equipe poderiam enfrentar em suas vidas e rotinas.
Para realizar essa tarefa, desenvolvemos um briefing que buscava responder a cinco perguntas:
Que problema queremos resolver?
O primeiro passo foi pensar em qual problema o aplicativo que iríamos criar poderia resolver.
Um problema que encontramos em comum entre os membros da equipe foi relacionado a uma atividade que todos nós precisamos fazer: compras em supermercado.
Pensamos que as pessoas não conseguem ter uma noção sobre a disponibilidade e as variações de preço dos produtos e marcas em diferentes supermercados sem terem que se deslocar fisicamente até os mesmos.
Com isso, muitas vezes acabam gastando mais ou saindo sem algum produto do qual precisem.
Como o aplicativo irá resolver o problema?
A ideia, então, seria desenvolver um aplicativo que localizasse a melhor opção de supermercado de acordo com a lista de compras feita pelo usuário, sendo que as informações sobre preços, promoções e produtos seriam incluídas, atualizadas e verificadas pelos próprios usuários de forma colaborativa.
Em que o produto desenvolvido se diferencia das soluções existentes?
A partir de uma rápida pesquisa em aplicativos de supermercados existentes e em outras soluções encontradas pelas pessoas para resolver esse problema (como folhetos de supermercado, por exemplo), o nosso produto se diferenciaria por já direcionar o usuário para o supermercado mais barato de acordo com a lista de compras completa, apresentando valores atualizados.
Para quem exatamente é esse produto?
Por mais que seja uma solução aparentemente voltada a todo tipo de público, pensamos que ela seria atrativa especialmente pelas pessoas responsáveis pela decisão de compra na sua casa ou empresa que possuem familiaridade com o uso de smartphone.
Qual é a proposta de valor do seu produto?
Tendo em mente que as pessoas compram propostas de valor e satisfação, e não produtos e aplicativos, consideramos que a proposta de valor da nossa solução seria a certeza em economizar tempo e dinheiro com pesquisas de preços em supermercados.
2. Empatia e definição
Como não havia tempo hábil para realizar pesquisas e entrevistas com potenciais usuários, desenvolvemos uma proto-persona para nos ajudar a levantar novas questões, insights e possíveis funcionalidades para o nosso produto.
Apesar de estarmos cientes da necessidade de se criar no mínimo três personas para o desenvolvimento de um produto real, como se tratava de um curso intensivo, apenas uma proto-persona foi desenvolvida nessa atividade.
A maior dificuldade na criação da proto-persona foi tentar não sermos tendenciosos, moldando-a para que as suas necessidades fossem exatamente àquelas que seriam supridas pelo aplicativo.
O caminho que deveria ser seguido era justamente o inverso: contar uma historinha do dia-a-dia dessa persona e, a partir dela, descobrir possíveis funcionalidades e soluções.
3. Ideação
No segundo dia de curso, partimos para a etapa de ideação do projeto desenvolvendo o fluxo de tarefas (task flow) da função principal do aplicativo — comparar os preços dos produtos em diferentes supermercados — a partir do ponto de vista do usuário, ou seja, listando as tarefas que o usuário faria no nosso aplicativo.
Tal fluxo de tarefas foi complementado pela listagem de funcionalidades ligadas à realização de cada ação, configurando o inventário da interface.
As tarefas e as funcionalidades atreladas a cada uma delas foram listadas da seguinte forma:
- Procurar os preços de um produto específico: formulário de busca com auto-complete; função “selecionar produto”; valor máximo e mínimo do produto em diferentes supermercados.
- Criar lista de compras: botão para incluir produto na lista; botões para adicionar ou remover produtos; botão para “favoritar” produto; valor total da compra aproximado.
- Comparar os preços: botão “comparar preços”; cards com cada supermercado e valor total da compra (do mais barato ao mais caro).
- Descobrir endereços dos supermercados: cards com cada supermercado e distância do usuário.
- Visualizar distância dos supermercados a partir da sua localização: mapa de localização do supermercado em relação à localização do usuário; endereço completo e telefone do supermercado, botão “abrir no Google maps” (para traçar rota).
- Consultar formas de pagamento aceitas: ícones relacionados às formas de pagamento (bandeiras dos cartões, vale refeição, dinheiro, etc).
4. Prototipação
Para validar a ideia central do aplicativo (comparar os preços de supermercados a partir da sua lista de compras), desenvolvemos em 40 minutos um protótipo de baixa fidelidade desenhando as telas principais em papel e tornando-o navegável por meio do aplicativo Marvel.
Com o protótipo de baixa fidelidade busamos também validar uma parte do nível informacional do aplicativo (textos, títulos, mensagens de sucesso, etc) e o fluxo de tarefas principal anteriormente desenvolvido. Você pode conferir o protótipo navegável desenvolvido neste link.
5. Teste de usabilidade
Finalmente, a última etapa do processo de design proposto no UX Weekend consistiu na aplicação de testes de usabilidade com colegas de outras equipes.
Para tanto, primeiramente foi desenvolvido um cenário com o objetivo de contextualizar o usuário a ser testado:
Você é o chefe da sua família, está concluindo sua lista de compras do mês e gostaria de comparar os preços dos supermercados.
Em seguida, foram definidas duas tarefas a serem realizadas pelo usuário, uma específica para testar o fluxo de tarefas principal do aplicativo e outra exploratória para que o usuário pudesse executar uma ação secundária interagindo com o produto de forma livre.
Tarefa específica:
Inclua a maçã “A” em sua lista de compras, escolha o supermercado mais barato e verifique onde ele se encontra.
Tarefa exploratória:
Cadastre um produto no aplicativo.
Os testes de usabilidade foram aplicados com três usuários e os principais feedbacks colhidos foram:
- A ideia de criar um aplicativo que compare os preços dos supermercados através da sua lista de compras é muito boa.
- É muito fácil cadastrar produtos no aplicativo.
- O modo de incluir um item na lista de compras não ficou muito claro para todos os usuários.
- A opção de “favoritar” um produto da sua lista de compras não ficou muito clara para todos os usuários.
- O botão para acessar a localização do supermercado mais barato não ficou muito clara para todos os usuários.
- A representação do mapa no protótipo não ficou clara para todos os usuários.
Conclusões
Se tem uma coisa que eu aprendi durante esse tempo no qual eu venho me dedicando a estudar sobre UI/UX design é que o processo de design nunca é aplicado apenas uma única vez e que ele não é linear.
Com os feedbacks colhidos nos testes de usabilidade, seria possível dar continuidade ao trabalho desenvolvido retornando, por exemplo, nas etapas de ideação e prototipação, melhorando as funcionalidades, a navegação e a usabilidade do produto.
Dessa forma, poderíamos avançar para um protótipo de média ou até de alta fidelidade para a realização de novos testes com usuários, para validar novos fluxos de tarefas e a sua consistência visual.
A atividade de desenvolver um protótipo de aplicativo em dois dias utilizando o processo de design proposto pelo UX Weekend foi uma experiência riquíssima, que com certeza representou um novo passo na minha caminhada para me tornar uma UI/UX designer.
Aprendi muito com cada uma das atividades desenvolvidas e, principalmente, com o trabalho em equipe, composta com pessoas de diferentes formações, experiências e pontos de vista.