Design Sprint Workshop: aprendendo com um case prático no ONOVOLAB

Natalia Pauletto Fragalle
6 min readJul 4, 2019

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Um pouco sobre o processo e os resultados alcançados na minha primeira experiência prática com o Design Sprint.

Faz um pouco mais de um mês que eu venho estudando e aprendendo muito sobre UI/UX design (falei um pouco mais sobre isso neste artigo), mas até agora ainda não havia surgido uma oportunidade para desenvolver uma atividade prática nessa área.

Entretanto, ontem fiz parte do workshop Design Sprint: da ideia à construção do produto! ministrado pelo colega Paulo Ricardo do ONOVOLAB, campus de inovação localizado em São Carlos-SP.

O evento, que durou cerca de 2 horas e meia, teve como objetivo dar um panorama geral sobre o que é a metodologia de design sprint, desenvolvida pela Google Ventures.

Além disso, contou com a apresentação de dois cases reais desenvolvidos pelo ONOVOLAB em parceria com empresas de São Carlos (um deles pode ser conferido aqui) e, finalmente, um workshop prático que tinha como propósito colocar os participantes em contato com esse método de resolução de problemas e teste de soluções de maneira rápida e intensiva.

O workshop

Para a realização do workshop, foi dado aos participantes (cerca de 96 pessoas) um problema central: como melhorar a experiência dos eventos realizados no ONOVOLAB?

Para contextualizar, o ONOVOLAB realiza uma série de eventos (workshops, talks, bootcamps, atividades de networking, etc.) que são abertos a todos os interessados.

Neste sentido, foram formados seis grupos com cerca de 16 participantes em cada um, que tiveram o objetivo de produzir ideias e priorizar ações relacionadas à resolução de sub-problemas ligados ao problema central anteriormente citado, seguindo uma série de atividades estruturadas.

O problema e as atividades propostas

O problema que foi designado ao meu grupo foi: Os horários dos eventos não batem com os dos interessados.

Com isso, para iniciar o processo de ideação e busca por soluções, foi proposto um passo-a-passo que buscava gerar uma grande quantidade de ideias e a tomada de decisões em um curto período de tempo, evitando longas discussões.

1.Desenvolvimento individual de duas soluções

A primeira etapa do processo consistiu na definição, em silêncio e em cinco minutos, de duas ideias para solucionar o problema.

Essas ideias deveriam ser escritas em post-its e coladas na parede, junto com as ideias dos outros participantes do grupo. O objetivo, com isso, era produzir uma quantidade grande de ideias em pouco tempo.

Na hora de escrever as minhas duas ideias, o maior desafio foi tentar me explicar de forma clara, mas em poucas palavras para que os colegas que fossem ler os post-its conseguissem entender quais seriam as soluções propostas.

Ideias desenvolvidas na primeira etapa do processo de sprint. Foto: Natália Fragalle.

2. Agrupamento das ideias similares

Logo em seguida, os grupos tiveram alguns minutos para discutir e agrupar as ideias similares, dando títulos a cada um desses grupos.

Foi possível perceber que muitas pessoas sugeriram soluções parecidas, como a realização de uma enquete com os interessados e a criação de um mesmo evento em vários horários distintos.

Porém, também apareceram ideias únicas, diferentes de todas as outras, como essa da rotatividade da foto que se encontra aqui em cima.

Agrepamento das ideias similares. Foto: ONOVOLAB.

3. Votação por mapa de calor

Uma vez agrupadas as ideias, cada participante, em silêncio, sinalizou quais foram as ideias mais promissoras.

Isso aconteceu através da colagem de adesivos em forma de bolinhas verdes em cima do post-it com a ideia escolhida.

Procurei votar em ideias que faziam sentido em conjnunto, representando diferentes etapas para a solução do problema.

Ao final dessa atividade, foi possível perceber que a maioria dos participantes escolheu, dentre as muitas ideias similares, aquelas que possuíam algum diferencial ou que conseguiam definir melhor as soluções propostas.

4. Escolha do definidor

No início da atividade, cada grupo elegeu um definidor: a pessoa que possuiria os votos decisivos para escolher as melhores ideias.

O definidor não participou da atividade de votação de mapa de calor, mas realizou sua escolha logo em seguida, com base nos votos já realizados pelos demais participantes.

O definidor possuía quatro adesivos vermelhos e poderia distribuir seus votos de acordo com a maioria ou não. No nosso grupo, a definidora concordou com a maioria dos realizadores da atividade, e escolheu as ideias mais votadas.

5. Árvore de ideias

Nesta próxima etapa, as cinco ideias mais votadas foram organizadas em uma “árvore”.

Árvore de ideias organizada pelo grupo. Foto: Natália Fragalle.

Foi possível perceber que todas as ideias escolhidas eram complementares: para resolver o problema da incompatibilidade de horários dos eventos com as agendas dos interessados, seria possível pensar em uma pré-inscrição com uma enquete a ser respondida pelas pessoas, atrelada a um sistema que já organizasse os horários mais votados e repassasse tal informação para os organizadores.

Feito isso, além do evento presencial, sugeriu-se a realização de uma transmissão ao vivo via redes sociais a partir da qual os participantes que não puderam comparecer presencialmente no evento pudessem interagir ao vivo com os palestrantes, fazendo perguntas ou comentários que poderiam ser respondidos durante o evento.

Além disso, os arquivos de vídeo gerados pela transmissão, poderiam ficar disponíveis online para que aqueles que não puderam assistir no horário marcado tenham a possibilidade de acessar esse conteúdo em um outro momento (porém sem a possibilidade de interação ao vivo).

6. Análise de impacto x esforço

A última etapa consistiu na análise do impacto que cada uma dessas ideias poderia gerar em combinação com o esforço que ela exigiria da equipe organizadora dos eventos.

Para isso, foram dados mais alguns minutos para que os realizadores discutissem e posicionassem os post-its em um gráfico de impacto x esforço (de baixo para cima maior impacto e da esquerda para a direita maior esforço).

Gráfico de impacto x esforço. Foto: Natália Fragalle.

Com isso, percebeu-se que, das soluções indicadas para resolver o problema, aquela que possuía o maior impacto, com o menor esforço seria a realização de uma pré-inscrição online com os interessados, aonde seriam indicados os dias e horários mais escolhidos pela maioria.

Tal ação poderia ser realizada com ferramentas online já existentes e gratuitas como o Google Forms que automaticamente organiza os resultados obtidos e, com isso, não exigiria grande esforço por parte dos organizadores.

Minhas impressões do workshop

Estava muito animada para realizar a minha primeira atividade prática na área de UX design e o workshop proposto pelo ONOVOLAB atendeu muito bem às minhas expectativas!

Ao estudar sobre a metodologia de design sprint fiquei um tanto receosa de que eu não seria capaz de gerar ideias em um periodo tão curto de tempo e que boas soluções talvez não emergissem sem que houvesse longas discussões a respeito do problema a ser resolvido.

Porém, pude comprovar que é possível produzir e organizar ideias em grupo em um curto período de tempo para que, em um segundo momento, elas possam ser testadas, sem que se perca muito tempo e esforço para a comprovação da sua eficácia.

Além disso, um ponto muito positivo foi que as ideias foram escolhidas apenas pela capacidade de síntese e clareza dos participantes, sem que fossem levados em conta fatores como a hierarquia, ou seja, quem dominava mais ou menos o assunto ou quem tinha uma posição de maior destaque no seu campo de trabalho.

Finalmente, como disse o Paulo ao final do evento, era menos importante que as soluções encontradas fossem “perfeitas” e mais importante demonstrar a nossa capacidade de produção, organização e discussão em um curto período de tempo.

A metodologia do design sprint permite, portanto, que possamos gerar soluções e testá-las sem que seja necessário um processo longo e custoso de elaboração e lançamento de produtos no mercado.

Ela possibilita também que possamos descartar ideias que não resolvem os problemas existentes sem que nos apeguemos muito a elas, já que elas foram produzidas rapidamente.

Com isso, o que posso dizer é que foi um evento de muito aprendizado, no qual também pude conhecer muita gente bacana e com vontade de aprender mais sobre UX design.

Deixo aqui a dica para quem também está migrando para esta área: participe de eventos práticos como esse, porque vale muito!

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Natalia Pauletto Fragalle

Product Designer @Yieldify | Guest Lecturer @ ITI UFSCar | Co-founder @ Catalyt and UX Sanca | Design Sprint Master www.linkedin.com/in/nataliapaulettofragalle