Somos quem podemos ser
O que é a vida se não a consequência de milhares de escolhas? Cada minuto, cada passo dado, cada escolha define a nossa história. Nessas horas é que entra o famoso “e se” em ação. Ahh… E se eu tivesse começado esse texto de um jeito diferente?
A verdade é que o futuro está e não está em nossas mãos. Às vezes as escolhas são nossas, às vezes não. E aí é só aceitar, porque — felizmente — ainda não temos como voltar no passado para mudar a sucessão de fatos que nos trouxe até aqui.
E isso me lembra do filme “Arrival”, que traz uma reflexão super interessante. Tentando não dar spoilers (e fica a dica: se não viu ainda, veja! É muito mais que um filme clichê sobre ETs, rs), a questão principal e que mais me tocou foi: se você soubesse todo o seu futuro (as alegrias e as tristezas), você faria algo para mudá-lo?
É uma boa pergunta, né? Hipoteticamente, digamos que uma luz desce em mim e me informa que, se eu seguir o caminho em que estou, irei sofrer uma perda que me fará sofrer imensamente. Sigo caminhando ou mudo a rota?
Digamos que eu mude a rota. Ufa! Todo aquele sofrimento deixará de existir. Mas também somem todas as alegrias que poderiam ter existido antes do final trágico. Mas ok, mudei. E agora? A luz me desce de novo e me informa que, novamente, me encaminho num trajeto que, em algum ponto, será triste. Será que é possível um caminho sem dificuldades, dores inimagináveis?
Acho que não.
Independente da escolha, haverá dificuldades. E nós só podemos aceitar e abraçar nossa história inteira: os erros e acertos, as derrotas e vitórias. Tudo.
Tem horas que paro, penso e me surpreendo em como cheguei até esse exato momento. Cada escolha que me fez ser essa Natália, que tem 24 anos, mora em Berlim e está com uma péssima postura sentada na cama em um dia que faz uns -11º C lá fora.
É louco pensar que muitos amigos meus já são casados, têm um super emprego e talvez até uma casa própria (!!!), filhos, mestrado. E eu aqui… Do outro lado do mundo com nenhum bem material próprio, um salário tosco, mas vivendo uma experiência diferente, com dias bons e ruins.
Não é melhor e nem pior: apenas é o meu caminho. Pode ser destino, podem ser minhas escolhas. Mas eu estou aqui, abraçando as consequências disso tudo. Nós somos quem podemos ser, vivendo os sonhos e as escolhas que podemos ter, sem deixar de abraçar as consequências de cada ato.
Então, de novo a questão: se eu soubesse meu futuro, eu mudaria algo? Tentaria me esquivar da dor? Gostaria de dizer que não, porque é bonito pensar no famoso clichê “não é sobre o final, mas sim sobre o caminho e o aprendizado que ele nos traz”. Mas se existisse a escolha, será que seria tão fácil assim?
Ainda bem que essa preocupação é uma que não precisamos ter!
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