O Estado e a omissão na Saúde

Governo estadual reduz leitos para outras doenças para atender Covid e AUMENTA A FILA DE ESPERA NA REGIÃO E EM BAURU

Nelson Itaberá
2 min readJun 17, 2020

É insustentável a pressão caseira que o governo do Estado mantém no atendimento de pacientes em Bauru e região durante a maior pandemia dos últimos tempos.
Depois de impor isolamento social por mais de dois meses para que tivesse tempo de ampliar a oferta de leitos no Interior, o governo paulista do PSDB, dos governos Doria e Gazzetta, “resolve” o aumento de demanda para internação de pacientes Covid em Bauru e região retirando leitos de outras doenças e destinando para Covid.
Com 280 leitos clínicos no total, a direção da Famesp confirma que, diante da ocorrência de 100% de pacientes Covid nos últimos dias, teve de utilizar leitos no 3. andar do Hospital Estadual, antes dedicados a outras doenças, como alergia, asma, artrite reumatoide, diabetes, etc.
Ou seja, a “destinação” de leitos enfermaria para Covid de 31 para 74 vagas (medida que exige isolamento e protocolo específico para os profissionais de saúde para evitar contaminação) amplia a desassistência e pressão sobre a fila para outras enfermidades. O Estado argumenta que vai transferir pacientes para outras cidades, como se estas não enfrentassem o mesmo problema (sic).
Portanto, quando você ler boletim Covid falando que está baixo o percentual de leitos de enfermaria lembre-se que isso está sendo registrado ao custo de pacientes que deixam de ter o atendimento para outras doenças.
O mesmo vale para UTI, onde a fila de espera por internação mantém mais de 20 pessoas sem atendimento, há dias, conforme site da Secretaria Municipal de Saúde. Sem contar que, quando a pandemia der trégua, a fila por cirurgias de média e alta complexidade e atendimento a outros casos de especialidade vai mais que dobrar!

A única razão para impor o isolamento foi para que — enquanto a população ajudava a conter o avanço do vírus — o Estado teria tempo para preparar aumento de estrutura de atendimento.
Absurdo! Enquanto o Predião do HC continua fechado há anos, com 12 andares e equipamentos instalados, por erro do Estado, omissão e trapalhadas em sua própria burocracia interna. A USP tem boa cota de responsabilidade nessa história. A universidade utilizou dezenas de milhões de Reais na construção de um hospital sem utilização.

O fato é que temos 39 leitos UTI no HE neste momento (dados oficiais) e, conforme já demonstrado em matéria, para ir a 56 leitos para casos graves Covid é necessário abrir o HC, para aliviar a retaguarda.
Na prática, o que o Estado está fazendo, neste momento, é aumentando a desassistência de outras doenças (sem contar a paralisação de cirurgias eletivas há meses).
É isso!

Nelson Itaberá

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Nelson Itaberá

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