Hub SC de Inovação no Esporte: Projeto CBDG 2021

Nepegem
4 min readMar 4, 2022

--

Aproveitando o embalo do encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, falemos agora do que foi o projeto do Hub SC de Inovação no Esporte, uma das iniciativas do Nepegem, no ano de 2021.

Para quem ainda não conhece, o Hub tem como proposta ajudar instituições esportivas que tenham alguma carência relacionada à gestão ou marketing, seja atuando diretamente na resolução dessas demandas, ou indiretamente, conectando outras entidades e/ou pessoas competentes que tenham os conhecimentos necessários para ajudar a sanar as questões pontuadas.

Ficou interessado(a)? As inscrições para 2022 estão abertas! Corre lá!

Após passar por um processo interno de seleção, a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) foi a escolhida da vez. O problema: Como fazer do processo de tomada de decisão de onde se investir o recurso da instituição, um processo baseado em dados?

Em junho de 2021 deu-se início ao projeto em si, que contou com a colaboração do PET Engenharia de Produção, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e teve duração de aproximadamente seis meses. Cada uma das partes (Nepegem e PET) ficou responsável por desenvolver uma parte do estudo, que ao final se uniram para a entrega final. A seguir explicaremos cada uma delas.

A coleta de dados realizada pelo Nepegem foi baseada em uma adaptação do instrumento ORFOC (Organizational Resources and First Order Capabilities), proposto por Truyens et al. (2014), realizada pelo Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva (IPIE), da Universidade Federal do Paraná. O documento possui 12 dimensões, dentro das quais são avaliados indicadores em um contexto interno e externo à organização. Segundo os autores, um bom desempenho nessas dimensões indica uma maior predisposição de um esporte obter sucesso em nível internacional.

Dentro do trabalho proposto, essas dimensões foram analisadas a partir da resposta do diretor executivo da CBDG, Gabriel Karnas, a um questionário aplicado pela equipe do Nepegem. Questionário esse, que foi dividido em duas partes. A primeira contemplava as quatro primeiras dimensões, ligadas aos aspectos gerenciais e de governança da instituição, são elas: 1) Apoio financeiro às entidades esportivas; 2) Apoio financeiro aos atletas; 3) Elementos políticos e de gestão da organização; e 4) Governança da organização. E a segunda as outras oito dimensões, dizendo respeito às modalidades especificamente, são elas: 5) Participação de jovens na modalidade; 6) Identificação e desenvolvimento dos talentos esportivos e jovens atletas; 7) Apoio à carreira do atleta de alto rendimento; 8) Estrutura de treino e competição; 9) Formação e qualificação dos treinadores; 10) Organização e participação em competições; 11) Apoio científico à modalidade e 12) Cultura da modalidade.

Ainda, segundo Truyens et al. (2014), dentre essas 12 dimensões, existem três que são consideradas principais. A dimensão “Apoio à carreira do atleta de alto rendimento”, “Formação e qualificação dos treinadores” e “Estrutura de treino e competição”. Tendo em vista que instalações esportivas requerem um alto nível de investimento e que o Brasil não é um país com condições climáticas favoráveis aos desportos no gelo, ter um centro de treinamento como a Arena Ice Brasil, em São Paulo, torna-se um diferencial importante para o desenvolvimento desses esportes. Com isso, optou-se por partir dessa dimensão para a análise das modalidades potenciais.

Realizou-se uma análise global das modalidades Patinação Artística, Curling e Hóquei (praticadas na Arena Ice Brasil), e Bobsled (que possui uma pista de push em São Caetano do Sul/SP), somadas à Patinação de Velocidade e Short Track (modalidades com possibilidades de práticas de iniciação nas estruturas da Arena Ice Brasil). Além dos resultados obtidos a partir das respostas do ORFOC, levou-se em consideração aspectos inerentes às modalidades, avaliados de forma qualitativa em termos de importância, como, por exemplo, número de medalhas distribuídas em Jogos Olímpicos e número de atletas necessários para obtenção de resultados.

Em paralelo a nossa análise, a equipe do PET/UFSC desenvolveu uma solução em Data Science com base na coleta de dados de 289 atletas e 62 competições oficiais ao longo dos últimos 18 anos. É importante destacar que por conta de cada modalidade gerida pela CBDG ter a sua particularidade, foi necessário definir-se um “piloto”. Foi então que, em virtude do destaque da atleta Nicole Silveira nas últimas competições, optou-se pelo Skeleton.

Foto: Alexandre Castello Branco/COB

Através dessa solução de BI é possível identificar o perfil do atleta de acordo com o seu desempenho, por exemplo quantos anos tinha o atleta “Fulano” quando ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas de Inverno de 2018. Além disso, pode-se verificar a evolução dos resultados e parciais em campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos, bem como verificar a evolução dos atletas especificamente em comparação com a atleta Nicole Silveira.

A entrega final não aponta uma modalidade a ser considerada para investimento, mas sim dados e interpretações que permitem os gestores desenvolverem um planejamento, planos e projetos, devidamente justificados, para o fomento de determinadas modalidades. Assim, espera-se poder incrementar índices como “Participação de jovens”, “Identificação e desenvolvimento de talentos”, “Formação de treinadores” e, finalmente, “Cultura esportiva”, o que, segundo a teoria, aumentariam as chances de sucesso esportivo do Brasil nos esportes de gelo.

O projeto do Hub SC de Inovação no Esporte, junto à CBDG, contou com a participação dos membros do Nepegem, Prof. Dr. Gabriel H. T. Gonçalves, Profª. Me. Sabrina Furtado, Renatta de Souza Hülse e Mahmud Isid, e dos membros do PET/UFSC, Gustavo Borba, João Paulo M. Almeida e Eduardo Daniel, além do Diretor Executivo da CBDG, Gabriel Karnas.

--

--