EUreka!

Dilaércio Neto
2 min readMar 30, 2020

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Convergence (1952) — Jackson Pollock

Tendências.
—Tendências geram adversidades quando o sentimento é persistente.

Outrora, insistiria em ser tendencioso à soltura das borboletas que habitam dentro de mim. Em tempos de outrora, contudo, costumava acordar com um sorriso e um problema — muitas vezes o sorriso era o problema.

Agora, cá estou eu com as minhas 26 personalidades, imaginando qual ou quantas delas, precisamente, precisarão morrer para que certas tendências parem de coexistir com as borboletas habitando dentro de mim:

— Alto lá!
— Vá ler Pneumotórax.
— Não! Vá ler Kafka.
— Que Kafka o quê! Vá escrever!
— Ele ainda é doido pelo sorriso dela, sabe?
— Pelo problema?
— Pelo amor de Deus, qual o problema?
— O problema sou eu.
— E o sorriso dela?
— Nunca mais vi o meu.
— Nunca mais vi o dele.
— Nem eu!
— Nunca mais chorei…
— Estude!
Be rich!
— Não se apaixone!
— Não se arrependa!
— Não sei o que dizer…
— Não tenho o que dizer!
— Alimente-se direito, ok?
— Não saia de casa, viu?
— Não saiamos de casa, isso sim!
— Eita, carência arretada!
— Ainda gosto dela…
— Você ainda gosta de você?
— Qual a tendência?

No fim, ninguém se escuta aqui dentro e, por isso, nenhuma voz me é sobressalente.

— Confusão! — Todas as vozes gritam em uníssono, estilo “Eureka!”.

Pelo menos, concordamos e concordaram em alguma coisa. Uma delas retifica ou ratifica — switch yourself:

— Tendências geram confusões quando o sentimento é persistente, isso sim.

[Acompanha, critica, sinta-se em casa. Seja bem-vindo ou bem-vinda!]

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