Quanto custa o “tempo perdido”?

Nicola Cociolito Filho
3 min readNov 26, 2018

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Na última semana participei de um evento excelente onde palestraram líderes admiráveis de empresas que estão impactando direta e indiretamente nossa vida, nossa malha de transportes, nossas relações comercias, o futuro do trabalho, enfim, empresas que estão alguns anos na frente da maioria, mostrando que o futuro já começou!

Mas ouvi algo neste dia que me incomodou demais e vim aqui compartilhar com vocês a minha experiência em relação ao assunto.

Em uma palestra incrível, mostrando o impacto que sua empresa estava fazendo no mercado, um dos palestrantes comentou sobre o quanto é difícil empreender (principalmente no Brasil), e confidenciou que durante a semana não conseguia ver os filhos, então, para compensar esta ausência, adotou o hábito de dar um nó na coberta deles todas as noites para que eles saibam que o pai passou enquanto dormiam.

Não acho que ele confidenciou isso como forma de exibição para mostrar o quanto trabalha, vi que realmente estava lamentando o fato, mas particularmente não consigo ver esta situação como algo aceitável (pelo menos não para mim).

Sabemos que não se constrói um legado trabalhando das 9h da manhã às 17h da tarde, e também que empreendedores de sucesso tem em comum a paixão pelo seu negócio (o que os torna muitas vezes obcecados pelas suas empresas), mas precisamos ter equilíbrio.

É comum vermos muitos executivos e empreendedores colocarem sua família em segundo plano, muitas vezes com a “desculpa” de que é por eles todo aquele esforço (e acredito que seja mesmo), porém sempre que há um desequilíbrio nas relações alguém sai perdendo.

Uma hora a conta chega, e quando chega não há mais o que se fazer a não ser pagá-la!!!

O tempo é tão precioso que as empresas e startups que mais tem obtido destaque nos últimos anos tem nos oferecido como valor a otimização do nosso tempo das mais variadas maneiras, mas não podemos esquecer de forma alguma que o tempo passado não pode ser comprado!!!

Em 2015, meu filho ficou 102 dias na UTI, dos quais permaneceu intubado por 82 dias. Fez uma cirurgia cardíaca extremamente delicada, além de outras complicações pelo caminho.

Foram 102 dias acordando e indo dormir pedindo (na verdade implorando) à Deus por mais 1 dia…1 único dia. Eu gostaria de conseguir transmitir a todos o que é conseguir mais 1 dia ao lado de quem você ama, é surreal.

Acredite, 1 único dia faz muita diferença.

Aquela experiência foi mais do que traumatizante para mim e para minha esposa, foi uma experiência TRANSFORMADORA.

Mas o que isso tem haver com os nozinhos que o palestrante dá no cobertor do filho dele?

Amigo, eu te falo do fundo do meu coração:

NÃO ESPERE A VIDA TE DAR UMA PORRADA PRA VOCÊ APRENDER A VALORIZAR O QUE REALMENTE IMPORTA.

Inovar é algo fundamental para a sustentabilidade das empresas e para ser inovador é imprescindível jogar no ataque e deixar de ser reativo ao que o mercado está propondo. É antecipar tendências e problemas, é ouvir as necessidades de seus clientes.

Na nossa vida particular deve funcionar da mesma forma, não espere o tempo passar pois só o que lhe restará é o lamento. NÃO SEJA REATIVO, busque de forma ativa uma solução para um problema que deve ser prioridade na sua vida.

Faça um exercício simples: Feche os olhos e pense no que você gostaria de fazer se amanhã fosse seu último dia de vida.

Se a resposta envolve passar estes últimos momentos com alguém, mas na sua rotina este mesmo alguém não tem prioridade, existe algo de errado no que você está fazendo.

O “nozinho na coberta” até que é uma ideia agradável para exceções do nosso dia a dia, mas absolutamente não deixe que ela se torne rotina na sua vida.

E quanto ao meu filho, hoje, dia 26 de novembro de 2018, completam 3 anos de sua alta e do dia mais feliz de nossas vidas.

Dia da alta hospitalar
Foto atual

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Nicola Cociolito Filho

Engenheiro apaixonado por sustentabilidade, pessoas e estratégia.