Em meio à pandemia, um ato de solidariedade e compaixão
A caiense Paula Passos, moradora do Rio de Janeiro desde 2014, decidiu transformar as vendas de sua empresa em um prato de comida para moradores de rua
Aos 29 anos, a caiense Paula Weyh dos Passos achou sua vocação em um trabalho que envolve sustentabilidade e causas sociais. Em 2015, ela criou a Lapa Shoes, empresa carioca de calçados que, como ela mesma define, “busca provocar a quebra de alguns padrões impostos pela sociedade”, como por exemplo refletir sobre o uso do salto alto.
A empresa foi ganhando o reconhecimento de celebridades como a jornalista Fernanda Gentil e o apresentador Michel Teló e sua esposa, Thaís Fersoza. “Esse movimento foi crescendo, começamos a participar de feiras e eventos, trabalhamos muito, todos os finas de semana, e percebemos que alguns apresentadores de TV, cantores e atores começaram a comprar o produto e usar voluntariamente”, relembra.
Neste ano, preocupada com as proporções do coronavírus, Paula decidiu realizar uma ação para ajudar pessoas carentes da capital carioca. Chamada de Todos por Todos, a iniciativa garante um prato de comida e um refri a moradores das ruas cariocas.
“A ideia surgiu no final de março, quando estávamos num momento de muita preocupação por conta da pandemia. Nossa coleção nova estava prestes a ser lançada e precisávamos fechar as lojas e cancelar pedidos de atacado. Nessa hora eu entendi que numa situação como essa sempre tem alguém precisando mais que a gente. Então descobrimos que havia centenas de moradores de rua literalmente morrendo de fome no Rio de Janeiro, pois os restaurantes que costumavam alimentá-los estavam fechados. Por outro lado, várias pessoas estavam querendo ajudar e não sabiam como. Então propomos que a cada Lapa vendida no site doaríamos um prato de comida e um refri para um morador de rua”, explica.
Além de ajudar pessoas necessitadas, a ação também oportunizou renda para a família responsável por preparar os pratos de comida. “Nosso objetivo é conseguir distribuir 100 quentinhas por semana, mas principalmente engajar outras empresas a fazer o mesmo”, ressalta a empresária.
De acordo com Paula, a iniciativa busca incentivar mais pessoas a praticarem boas ações. “Gosto de pensar que nossas atitudes possam engajar mais indivíduos a praticarem o bem. Sei que no meio de folha salarial, aluguéis, tantos boletos e impostos a gente precisa é se apegar em algo bom, que faça a diferença e seja lembrado com carinho por aqueles que nos cercam. Essa é a essência da campanha”, pondera.
Empresa focada em causas sociais
Paula destaca que a empresa busca realizar ações sociais, principalmente focadas na temática socioambiental. “Como trabalhava com comunicação e sustentabilidade percebia a dificuldade das grandes empresas em se enquadrar nos preceitos básicos para uma produção de menor impacto ambiental e sem crueldade animal. Nesse sentido, desde a primeira leva de Lapas que produzimos entendi que já deveríamos respeitar o meio ambiente e principalmente comunicar isso aos nossos clientes, servindo não só como uma marca que vende calçados, mas sim como uma plataforma de troca de experiências e informação”, relata a gaúcha, que é moradora do Rio de Janeiro, onde a empresa está situada, desde 2014.
Ela conta que sempre foi engajada nas causas sociais. “O DNA da Lapa não poderia ser diferente. Todo ano nossas coleções abordam alguma temática socioambiental, como em 2018 que convidamos moradores de um lar de idosos entre 75 e 90 anos para serem nossos modelos da campanha de verão e no ano passado em que lançamos a Lapa Recicla, uma linha feita com tecido de garrafa pet e que reunimos 30 clientes da nossa loja do Rio pra fazer uma manhã de coleta de lixo na praia”, destaca.
Em 2019, mais uma realização para a empresa: a abertura de uma filial na cidade natal. “Realizei um dos meus maiores sonhos na empresa e abrimos uma loja da Lapa Shoes em São Sebastião do Caí. Ela fica ao lado da casa dos meus pais, na Rua Benjamin Constant, 862, esquina com a Av. Egídio Michaelsen e é muito semelhante a nossa loja do Rio de Janeiro”, afirma.
