O poder da intuição

Nikolas Kohlrausch dos Santos
4 min readFeb 29, 2020

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Fazem quase 11 meses desde que entrei em um avião em busca do desconhecido e do incerto. Uma viagem quase sem planejamento, sem data definida de volta muito menos destinos garantidos. A única intenção era me jogar nas possibilidades que vão surgindo no caminho, dizer mais sim do que não, me deparar com culturas diferentes, passar perrengue, fazer coisas completamente diferentes, conhecer e me conectar com pessoas incríveis, e, assim, me autoconhecer mais e evoluir.

Nesses 11 meses tive a oportunidade de imergir na cultura de diversos países que por mais diferentes que possam parecer, têm muitas coisas parecidas. Fui presentado com pessoas incríveis e únicas pelo caminho. Pessoas essas que carregam histórias lindas e que vieram de todos os cantos do globo que me mostram formas diferentes de ver o mundo. Visitei lugares de cair o queixo e, mais importante de tudo, estive constantemente fora da minha zona de conforto.

Constantemente me pego me questionando do motivo pelo qual resolvi fazer essa viagem. Por que resolvi largar um trabalho incrível com ótimas perspectivas de futuro, o conforto e aconchego da minha casa, o carinho da família e os bons momentos com meus amigos? Para que eu estou fazendo tudo isso?

Sinceramente, ainda não sei se tenho uma resposta pronta. Mas algo dentro de mim falava mais alto. Uma voz que não fala nenhuma língua e que a razão não consegue definir conscientemente. É uma sensação, um sentimento ou muitas vezes apenas um aperto no peito que no fundo você simplesmente sabe, apenas não consegue definir em palavras.

Essa voz deve ser aquela tal de intuição, sabedoria incosciente ou qualquer outra coisa do gênero. O fato é que por muitas anos busquei silenciar essa voz através da razão, me dando mil justificativas para não escutar essa voz que para mim parecia “estranha” ou no mínimo desconfortável conviver com ela. Na verdade diariamente me vejo fazendo isso. Mas por que? Sinceramente, talvez seja mais fácil assim… Talvez por medo do incerto, do desconhecido ou por medo de não me enquadrar nos padrões que nossa sociedade valoriza hoje. E está tudo bem. Acredito que irei viver esse dilema durante toda a minha vida. Só que ano passado resolvi escutar essa “voz silenciosa” e tomar a decisão de embarcar de corpo e alma no desconhecido. Não foi fácil tomar essa decisão. Nem um pouco. Mas sentia que precisava viver mais, sentir mais e sair da rotina que me consumia por completo. Me arriscar e viver esse sonho, mesmo que isso possa significar um arrependimento futuro. Pelo menos o arrependimento será por ter feito e não por não ter escolhida ficar confortável naquilo que já estava acostumado.

E o que posso dizer que até agora está sendo muito lindo. Simplesmente incrível em todos os sentidos, e certamente foi a melhor escolha que eu poderia ter feito.

É intenso. É transformador. É desafiador.

Me deparo diariamente com um Nikolas que de certa forma estava coberto por camadas de auto julgamento, máscaras e crenças limitantes, e que aos poucos estas camadas estão sendo tiradas. Se não estão sendo tiradas, pelo menos estou mais consciente que elas existem. Não é um processo indolor muito menos simples, mas é libertador e com ele uma energia absurda emerge dentro de mim.

Não sou outra pessoa, mas certamente estou diferente do que eu era. Meus olhos se abriram para um infinito de possibilidades que antes nem apareciam no meu radar. Estou mais consciente de mim e do mundo que me cerca. E palavras não podem descrever o sentimento de gratidão que flui pelo meu corpo e transborda pelo brilho no meu olhar.

Como falei, nem tudo são flores. Não é só prazer e alegria todos os dias. Direto me vejo em situações difíceis e repleto de emoções que são difíceis de lidar. Mas esse é o processo de evoluir. Faz parte…

Hoje entendo melhor o poder da intuição e da importância de dar espaço para ela. Aos poucos vou aprendendo a escutar meu corpo, minha mente e meu coração, para assim ficar em paz e tomar melhores escolhas e me aproximar da minha essência.

E é simplemesmente incrível! Olhando para as melhores coisas que já me aconteceram nessa viagem (lugares que visitei, pessoas que conheci, experiências que vivi e compartilhei etc.), todas foram consequência de uma série de decisões que foram tomadas no passado. E me dou conta de que quanto mais conectado estou comigo mesmo, deixando essa voz interna ter mais espaço e sentir aquela sensação de “frio na barriga”, melhores são as decisões que tomo e, consequentemente, mais coisas incríveis acontecem comigo.

De uma visão mais ampla linkada a minha noção de espiritualidade, acredito que essa voz silenciosa chamada intuição é o nosso canal com a consciência superior (Deus, Luz ou qualquer outra coisa que queira chamar) que nos conecta por inteiro, a todo tempo e em qualquer lugar. Ou seja, no momento que me conecto comigo mesmo, silencio a mente e ouço o que essa voz está dizendo, sentindo um calor no coração, estou conectado com essa consciência superior que sabe, na essência, o que é melhor para mim e para o bem maior de todos. Essa consciência me direciona para os aprendizados que preciso ter e que certamente só me coloca em experiências e situações que sou capaz de lidar, por mais difíceis que possa parecer.

Se eu pudesse dar uma dica, seria essa: confia em ti e naquilo que dentro de ti você já sabe. Nem sempre terá como explicar racionalmente. Apenas aceite isso e confie que será possível concretizar. Dê espaço e se joga!

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Nikolas Kohlrausch dos Santos

Traveller sharing experiences and personal beliefs through writing