O PPC

Nuno Saraiva
2 min readSep 22, 2016

É de referir que é sempre bom encontrar alguém que pensa na Paridade do Poder de Compra, de facto o melhor indicador para se poder fazer comparações.

É triste a quantidade de pessoas — algumas que considero inteligentes — que partilha a conversa do desgraçadinho com tabelas que comparam o salário mínimo nominal entre países para mostrar que os alemães e os ingleses são ricos “xiii o que faria com 1200 euros, que sortudos..:”

O indicador PPC é o mais adequado, podendo ser distorcido por factors como o consumo supérfluo, consumo de luxo e o conceito cultural de cada país em relação a mínimos de condições de vida. Por exemplo, se no país A for considerado aceitável dois irmãos dormirem no mesmo quarto e no país B isso for impensável, o país B terá forçosamente o factor renda da casa a aumentar o PPC em relação ao A. Isto é no país uma casa média tem renda 300, no país B tem renda 600; o PPC deste fator seria 2, mas não estávamos a considerar a mesma coisa.

Ainda assim é o melhor facilmente utilizável.

No que respeita à análise da performance (vergonhosa) dos nossos governos, é ainda de reforçar que a população é idêntica. Há factores onde este facto não era relevante — cuidados de saúde, pode beneficiar de economias de escala, mas a tendência é ser proporcional ao n.º de beneficiários — mas há outros onde tem relevância, nomeadamente na construção de infraestruturas: É mais fácil construir um hospital numa cidade com 50.000 a pagar impostos do que numa cidade com 10.000.

Anyway, Portugal e Suécia têm a mesma população não é necessário pensar nesse assunto.

O que acho que falta aqui é perceber a dimensão de cada componente para se poder comparar efetivamente a carga fiscal. Quantos estão no mínimo, quantos estão na classe média, quantos são os que estão na classe mais elevada.

Isto permitiria chegar à carga fiscal média ponderada pela fórmula:

(a*11%+b*22.06%+c*42.97%+d*45.82%)/(a+b+c+d); para Portugal e;

(a*20.20%+b*22.77%+c*28.90%+d*27.06%)/(a+b+c+d); para a Suécia.

Sendo a,b,c e d o número de pessoas em cada escalão.

É certo que independentemente da composição que se encontre, pagamos mais impostos do que na Suécia e temos menos benefícios.

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Nuno Saraiva

Accountant specializing in startups, business angels and venture capital firms based in Lisbon