Misticismo e Psicologia se comunicam, mas não devem se confundir.

Cleyson Avelino Militão
2 min readOct 11, 2021

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Psicologia e misticismo podem se comunicar de forma possível e saudável. Com o crescimento de pseudociências associadas ao misticismo, que põe em risco a saúde mental, precisamos pontuar e separar afirmações que não cabe a psicologia enquanto ciência.

A psicologia estuda a subjetividade e o comportamento humano. Só que a busca por compreensão do Ser é anterior a psicologia e é aí que o pensamento místico entra, ou talvez já estava. Pode-se dizer que em algum grau, tanto o misticismo quanto a psicologia, buscam explicações para questões do Ser Humano.

Pela proximidade dos seus objetivos, muitas vezes são associadas de maneira equivocada, mas na verdade a busca de ambas segue caminhos bem diferentes.

O misticismo busca explicações baseadas na crença de forças sobrenaturais, divindades, entidades e outros seres que possam de alguma forma influenciar no comportamento humano.

Já nos objetivos da psicologia, está a busca por compreender como a interação dos campos biológico, psicológico, social e espiritual influenciam no comportamento humano. Ela se afasta de explicações ligadas ao místico, produzindo conhecimento dentro dos limites do método científico e o utilizando para promover saúde.

A psicologia não pode fundamentar ou embasar no misticismo qualquer justificativa para o comportamento humano. O que ela pode fazer é estudar a relação de cada um com as próprias crenças.

Isso permite compreender pontos positivos, negativos e como essa relação afeta nossa saúde. Todos somos cidadãos com direito de acreditar em algo além. Só que o psi, durante o exercício da profissão, de acordo com o código de ética:

No item “e” do Artigo 2º é vedado “induzir a convicções políticas, filosóficas, morais ou religiosas, quando no exercício de suas funções profissionais”.

No item “c” do Artigo 1º: o profissional deve prestar “serviços psicológicos em condições de trabalho eficientes, de acordo com os princípios e técnicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética profissional”.

Ninguém merece gente empurrando as próprias crenças na vida dos outros, né? Por isso, cuidado com os gurus que misturam as duas coisas.

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Cleyson Avelino Militão
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Psicólogo Clínico, LGBTQIA+, de Agué. Tecendo sobre bem estar, espiritualidade e sentido.