Grupo D: Após seguidas decepções, a Dinamarca quer deixar seu nome gravado na história das Copas

Jogo Direto
4 min readJul 10, 2023

A Dinamarca garantiu sua presença na Copa do Mundo com uma campanha perfeita nas eliminatórias, com 8 vitórias em 8 jogos. As vermelhas e brancas chegaram ao máximo do protagonismo ao alcançar a final da Eurocopa de 2017, quando acabaram derrotadas pela Holanda. Com uma geração perto de seu auge físico, a expectativa era por uma equipe estabelecida no topo, entre as melhores seleções do mundo. Contudo, desde então acabaram ficando de fora da Copa do Mundo em 2019, dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 e foram eliminadas na fase de grupos da última Eurocopa.

A boa campanha nas eliminatórias aliviou um pouco da pressão, mas o nível dessas partidas em si nos conta pouco. O fato é, que perto de completar seis anos no comando da seleção, Lars Søndergaard estará pressionando por uma boa campanha na Austrália/Nova Zelândia. O treinador, que assumiu logo após o vice-campeonato na Eurocopa, já utilizou diferentes bases táticas nesse período de trabalho, mas recentemente tem apostado num 4231 bastante interessante, ao menos em termos de ideia.

Com uma seleção bastante renovado no meio-campo, o comandante tem apostado em uma equipe com muita personalidade, capaz de controlar o ritmo das partidas para o seu melhor conforto. Se a ideia for o controle através da posse de bola, possuem mecanismos para induzir as adversárias para movimentos que facilitam a progressão da equipe dentro de campo, com muita movimentação e uma dinâmica de jogo muito grande. Vão muito bem atraindo a pressão alta, para depois explorar o espaço criado nas costas das defensoras. Pela característica de jogadoras como Karen Holmgaard, mas também pelo modo como Lars Søndergaard e suas jogadoras, moldaram uma percepção de jogo, que as permite escolher de maneira adequada quando realizar cada ação e assim obtendo uma boa execução.

Time Base: Lene Christensen; Rikke Sevecke, Stine Pedersen, Luna Gevitz e Sofie Svava; Karen Holmgaard e Kathrine Kühl; Nicoline Sørensen, Pernille Harder e Josefine Hasbo; Signe Bruun.

Já quando enfrentam equipes com um bloco baixo de marcação, existe maior liberdade para as zagueiras conduzirem a bola até zonas mais avançadas, permitindo que as meio-campistas ocupem o campo ofensivo, gerando atenção da defesa e possibilidade a criação de oportunidades para ativar o um contra um de suas pontas.

Outro ponto muito interessante, é a maneira como a Dinamarca flutua entre os desenhos de jogo e muito disso passa pela capitã Pernille Harder. No últimos anos, Harder foi moldando o seu jogo com a seleção para ser uma peça que se encaixa de maneiras variadas durante os noventa minutos. Pode partir de uma posição mais avançada, quase como uma segunda atacante. Por horas será uma camisa 10 clássica, responsável por conectar meio-campo e ataque. Em outros momentos, irá recuar até a base da jogada, arrastando a atenção da marcação e liberando espaço para que as meias ataquem. Seus movimentos e sua inteligência, são fundamentais para uma equipe muito móvel e complicada de ser mapeada.

Com atletas de muita velocidade e intensidade, a transição ofensiva da Dinamarca é muito boa. Conseguem progredir com rapidez, levando muito perigo para os sistemas defensivos que as enfrentam. Além do mais, com essa capacidade de alternar o ritmo das partidas, é difícil para as defensoras saberem qual tipo de jogo esperar e tomarem decisões em cima disso. Contudo, a transição defensiva já não repete o mesmo sucesso. Até encontra bons momentos quando a equipe perde a bola em campo ofensivo, com um esforço grande para já abafar e dificultar a saída com a bola. Quando essa recuperação acontece próxima ao meio-campo, ou já no campo defensivo, as dinamarquesas tem muita dificuldade para interromper os lances com desarmes limpos, cometendo muitas faltas.

Como não é uma equipe que costuma pressionar alto por longos períodos do jogo, a Dinamarca consegue preservar as pernas para manter uma solidez defensiva interessante, em termos coletivos. Se seguram num bloco médio de marcação, com a primeira volante sendo responsável por direcionar suas companheiras e iniciar movimentações. É um grupo de defensoras bastante experiente, que conseguem muito sucesso em embates físicos e no jogo pelo alto. Quando são exigidas em velocidade, correndo para trás, a situação muda completamente.

Karen Holmgaard e o controle do ritmo

Karen Holmgaard deve ser a escolhida para começar a Copa como titular, sendo a primeira volante da equipe. A jogadora do Everton, terá um papel muito importante, sendo quem direciona suas companheiras, nos momento com bola e também sem a bola. Dentro da ideia de atrair as adversárias para uma pressão alta, para depois progredir em campo, sua presença é fundamental pela leitura de jogo e modo como consegue se conectar com suas companheiras.

O momento de Pernille Harder

Depois de três anos defendendo o Chelsea, Pernille Harder está de volta a Alemanha, dessa vez para defender o Bayern. A craque dinamarquesa vive um momento muito importante com sua seleção, já que é a referencia máxima do país e vem de uma Eurocopa ruim. Além de toda a qualidade técnica, a capacidade individual para decidir jogos, Harder também é importante para o funcionamento coletivo e se fizer uma boa copa, deixará a Dinamarca em ótima situação para ir longe na competição.

Depois de muitos momentos de decepção, a Dinamarca tem a chance de marcar o seu nome na história das Copas do Mundo na Austrália/Nova Zelandia. Capacidade individual e coletiva existe, mas a equipe precisa voltar a performar nos momentos decisivos.

Prognóstico: Avançam na segunda colocação do grupo, com algum drama e ganham confiança para jogar o mata-mata. Uma semifinal seria o melhor resultado da seleção em Copas.

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