Abro as portadas da janela, dou um passo atrás. Atrás de mim sinto o espaço que agora se ilu-anima. À minha frente a janela está aberta. Sinto que, de um impulso me posso atirar e voar através dela. Lá fora, plano como uma pluma no ar, a girar sobre mim próprio. Ainda estou cá dentro, inspiro, suspiro, expiro. Estou agora terno, tudo volta a ter ordem. Aproximo-me da janela e vejo… A Janela de João Mortágua está aberta. Pouco importa se estamos do lado de dentro ou de fora. Ela existe e está lá. Mas o maior deleite está quando nos aproximamos dela. Primeiro notamos as inscrições na portada, depois vemos as pecinhas presas com elásticos, e por fim ouvimos o mundo de João Mortágua a voar pela janela.