Sylvia Earle e a luta para salvar os oceanos

Ó que coisa, essa menina!
4 min readJun 6, 2016

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Essa moça com cara de gente boa aqui é a Sylvia Earle. Sylvia nasceu em 1935, e quando tinha 12 anos se mudou com a família para bem pertinho da praia. Foi lá que a Sylvia começou a mergulhar para ver alguns peixinhos… O que todo o mundo gosta de fazer, mas ela resolveu que essa ia ser a profissão dela! Sylvia é oceanografa (que estuda o oceano), botânica marinha (que estuda as plantas do mar), exploradora, e muito mais.

Ela queria descobrir tudo o que tinha no oceano, e já estava na faculdade quando equipamentos de mergulho que permitiam respirar debaixo d’água se tornaram um pouco mais práticos: até esse momento eram muito grandes, pesados e um pouco perigosos. Esse equipamento se chamava SCUBA, e a Sylvia foi uma das primeiras pessoas a usá-lo no seu dia a dia. Ela estudava principalmente as algas marinhas, e era muito, muito boa nisso.

Sylvia começou então a participar de expedições para mergulhar no mundo inteiro, e ver pela primeira vez o que tinha no fundo do mar. Hoje a gente vê vídeos e imagens o tempo todo, mas até essa época isso era bem raro.

Sylvia mostrando uma alga para outra pesquisadora do Tektite II, que estava dentro da casinha

Em 1970 a Sylvia foi a líder do projeto mais ambicioso para pesquisar o oceano até aquele momento, chamado Tektite II: um pequeno grupo de cientistas mulheres foi passar duas semanas morando no fundo do mar! Elas tinham uma cápsula que era uma casinha: tinha banheiro, podiam comer, dormir… Mas tudo lá embaixo. E o melhor: a qualquer momento podiam colocar seu equipamento e pum! já estavam no fundo do mar. A Sylvia conta que durante essas duas semanas ela ficava 10 ou 12 horas na água por dia, estudando e observando… Imagina só!

Sylvia usando a roupa que permitia chegar mais fundo

Mas ela queria ir mais fundo, sempre mais fundo. Fundo mesmo! Os trajes de scuba só te permitem descer alguns metros, mas o oceano desce por quilômetros. Ela foi então uma das primeiras pessoas a usar esse traje aqui, que parece de astronauta mas na verdade é para o fundo do mar. E foi com essa roupa que ela caminhou no fundo do oceano, a 381 metros da superfície. A luz do sol não chega lá, porque é muito fundo, e o que ela viu foram animais como esse aqui:

A Sylvia descobriu e registrou muitas coisas que estão no fundo do mar, mas uma foi a mais importante: ela começou a ver que as coisas estavam mudando muito, e para pior. Os peixes estavam sumindo, assim como os corais, e tinha cada vez mais lixo matando os animais e poluindo a água. Mas não parecia ter ninguém preocupado com isso… Como assim?! Ela começou perceber que a gente vê a poluição no céu, e isso faz com que as pessoas e os políticos conversem sobre poluição do ar. A gente também vê quando florestas queimam e animais morrem, então a gente tem cuidado com as florestas. Mas como a gente não vê o que está acontecendo no fundo do mar, então não tomamos o mesmo cuidado com ele que tomamos com o ar e com as florestas, e isso é muito grave!

As tartarugas morrem muito engasgadas com sacos plásticos nos oceanos porque elas confundem com água-viva e tentam comer. Lembre seus pais de usarem sacolas retornáveis!

A Sylvia começou a explicar para as pessoas que a maior parte do oxigênio que existe no mundo vem do oceano, através das algas e plankton. Ou seja: sem um oceano cheinho de algas vai acabar ficando bem difícil de respirar! Ela também mostrou que os peixes estavam sumindo.

Ela fundou então a Mission Blue (Missão Azul, em português): uma organização que reúne pessoas que querem proteger o oceano, e que tenta convencer as pessoas (principalmente os políticos) de que isso é muito importante e tem que ser feito agora, já, agorinha, imediatamente, nem mais cinco minutinhos, tá doido? A Sylvia quer que algumas áreas do oceano sejam protegidas, marcadas como lugares aonde não pode pescar nem jogar lixo. Em 2009, só há alguns aninhos atrás, só 1% do oceano era protegido; hoje, graças em grande parte a Mission Blue, são 4%! Mas ainda é bem pouco, e o objetivo deles é que em breve esse número aumente para 20%. Ela também criou uma empresa para melhorar as formas que temos de chegar às profundezas do oceano — ir sempre mais fundo, bem como a ela sempre quis!

Essa aqui embaixo é a Sylvia hoje: ela tem 80 anos, e já passou mais de sete mil horas dentro d’água. Ela continua trabalhando muito pela proteção do oceano e mergulhando sempre que pode!

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Ó que coisa, essa menina!

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