UX é para todo mundo. Será?

UX é uma área muito elitista. Você já se perguntou por que?

Renato Paixão
UX Collective 🇧🇷

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Ouvimos muito de que UX é uma área aberta a todes, mas será que é verdade? Nesse texto exploro um pouco essa pseudo abertura.

Essa foi uma mensagem que uma amiga me mandou enquanto estávamos fazendo um curso de design.

A constatação não é nada nova ou surpreendente. É algo que todo mundo todo mundo sabe mas pouca gente fala:

UX é uma área muito elitista.

Você já se perguntou o por quê?

Nos últimos anos UX teve um boom.

Brotaram cursos prometendo salários de R$ 8.000 em poucos meses. Hoje, você pode andar na rua, chutar uma árvore e 5 cursos de formação em UX com desconto de 30% cairão.

Parece que para todo lado que se olha a mensagem que é passada é:

“Essa é a sua chance de entrar para um mercado em expansão! Não precisa de formação em design! Só não entra quem não quer!”

Será?

Os valores dos bootcamps, cursos e formações mais baratos beiram R$ 3.000, chegando a R$ 5.000.

Só não entra quem não quer.

Parece que agora dá pra entender porque UX é uma área tão elitista.

Quando pensamos na média salarial de pessoas pretas (R$ 1.636) e pardas (R$ 1.659) reportadas pelo IBGE em 2018, conseguimos ver quem fica de fora dessa festa.

E ainda nem falamos de PcD, pessoas trans, mães solteiras… Já falei sobre a falta diversidade e os impactos de uma tech não inclusiva.

É preciso mudar o cenário

Pense em todo o talento, experiência de vida e inteligência que é barrada.

Estamos falando de pessoas que passaram por adversidades, que tiveram que literalmente hackear a vida para sobreviver. Pessoas extremamente inteligentes e criativas, com habilidade de tirar leite de pedra.

Imaginem toda a contribuição e pluralidade que isso traria para o mercado.

Dê uma olhada na lista de professores de cursos, palestrantes de eventos, Heads de Design de empresas e me diga:

  • Quantas pessoa são negras?
  • Quantas pessoas são mulheres?
  • Quantas são pessoas trans?
  • Quantas são PcD?
  • O que essas pessoas têm em comum?

Interessante, né? Felizmente temos iniciativas maravilhosas como:

E muitas outras que estão trabalhando muito duro para reverter esse cenário. A maior parte dos cursos começou a oferecer bolsas e diversificou seus professores.

Mas ainda não é suficiente.

O que podemos fazer para aumentar a diversidade em UX?

Separei alguns passos que você pode seguir para contribuir:

  • Continuar cobrando que os cursos ofereçam bolsas significativas para grupos marginalizados
  • Pressionar e cobrar representatividade em eventos e empresas
  • Mentorar e ajudar ativamente as pessoas que estão em transição de carreira ou buscando ajuda
  • Avaliar currículos, LinkedIns e Portfólios
  • Passar pra frente nossos cursos já pagos, livros comprados e conhecimentos adquiridos.

“Ah, Renato… Mas o pessoal já começou a mudar.”

Sim, começou.

Mas, parte do meu trabalho é continuar sendo a voz chata que vai lutar por mais diversidade e que vai se certificar que nós como indústria não vamos andar pra trás.

Fico feliz de ser mais um a carregar esse peso junto com as pessoas incríveis, que estão compromissadas com a missão de mudar o rosto da tecnologia brasileira.

Curso não falta, o que falta é acesso.

Acesso de verdade, para ter mais gente diversa estudando.

Temos que desafiar o mercado e abrir espaço.

Só temos a ganhar com isso. Vamos juntos?

Obrigado por ter dedicado o seu tempo a ler esse texto!

Se você gostou e quiser continuar a conversa, comente abaixo e compartilhe as suas experiências. Vou amar ler!

Se quiser conhecer conhecer mais do meu trabalho você pode dar uma olhada aqui e aqui. Eu também estou no Twitter. Se quiser só bater um papo, manda um e-mail para orenatopaixao@gmail.com.

Sinta-se à vontade para comentar, discordar, compartilhar.

O UX Collective doa US$1 para cada artigo publicado na nossa plataforma. Esta história contribuiu para o Bay Area Black Designers: uma comunidade de desenvolvimento profissional para pessoas Pretas que são designers digitais em San Francisco. Por serem designers de um grupo pouco representado, membros do BABD sabem o que significa ser “o único” em seus times de design e em suas empresas. Ao se juntarem em comunidade, membros compartilham inspiração, conexão, mentoria, desenvolvimento profissional, recursos, feedback, suporte, e resiliência. Silêncio contra o racismo sistêmico enraizado na sociedade não é uma opção. Construa a comunidade de design na qual você acredita.

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