UX é para todo mundo. Será?
UX é uma área muito elitista. Você já se perguntou por que?
Essa foi uma mensagem que uma amiga me mandou enquanto estávamos fazendo um curso de design.
A constatação não é nada nova ou surpreendente. É algo que todo mundo todo mundo sabe mas pouca gente fala:
UX é uma área muito elitista.
Você já se perguntou o por quê?
Nos últimos anos UX teve um boom.
Brotaram cursos prometendo salários de R$ 8.000 em poucos meses. Hoje, você pode andar na rua, chutar uma árvore e 5 cursos de formação em UX com desconto de 30% cairão.
Parece que para todo lado que se olha a mensagem que é passada é:
“Essa é a sua chance de entrar para um mercado em expansão! Não precisa de formação em design! Só não entra quem não quer!”
Será?
Os valores dos bootcamps, cursos e formações mais baratos beiram R$ 3.000, chegando a R$ 5.000.
Só não entra quem não quer.
Parece que agora dá pra entender porque UX é uma área tão elitista.
Quando pensamos na média salarial de pessoas pretas (R$ 1.636) e pardas (R$ 1.659) reportadas pelo IBGE em 2018, conseguimos ver quem fica de fora dessa festa.
E ainda nem falamos de PcD, pessoas trans, mães solteiras… Já falei sobre a falta diversidade e os impactos de uma tech não inclusiva.
É preciso mudar o cenário
Pense em todo o talento, experiência de vida e inteligência que é barrada.
Estamos falando de pessoas que passaram por adversidades, que tiveram que literalmente hackear a vida para sobreviver. Pessoas extremamente inteligentes e criativas, com habilidade de tirar leite de pedra.
Imaginem toda a contribuição e pluralidade que isso traria para o mercado.
Dê uma olhada na lista de professores de cursos, palestrantes de eventos, Heads de Design de empresas e me diga:
- Quantas pessoa são negras?
- Quantas pessoas são mulheres?
- Quantas são pessoas trans?
- Quantas são PcD?
- O que essas pessoas têm em comum?
Interessante, né? Felizmente temos iniciativas maravilhosas como:
E muitas outras que estão trabalhando muito duro para reverter esse cenário. A maior parte dos cursos começou a oferecer bolsas e diversificou seus professores.
Mas ainda não é suficiente.
O que podemos fazer para aumentar a diversidade em UX?
Separei alguns passos que você pode seguir para contribuir:
- Continuar cobrando que os cursos ofereçam bolsas significativas para grupos marginalizados
- Pressionar e cobrar representatividade em eventos e empresas
- Mentorar e ajudar ativamente as pessoas que estão em transição de carreira ou buscando ajuda
- Avaliar currículos, LinkedIns e Portfólios
- Passar pra frente nossos cursos já pagos, livros comprados e conhecimentos adquiridos.
“Ah, Renato… Mas o pessoal já começou a mudar.”
Sim, começou.
Mas, parte do meu trabalho é continuar sendo a voz chata que vai lutar por mais diversidade e que vai se certificar que nós como indústria não vamos andar pra trás.
Fico feliz de ser mais um a carregar esse peso junto com as pessoas incríveis, que estão compromissadas com a missão de mudar o rosto da tecnologia brasileira.
Curso não falta, o que falta é acesso.
Acesso de verdade, para ter mais gente diversa estudando.
Temos que desafiar o mercado e abrir espaço.
Só temos a ganhar com isso. Vamos juntos?
Obrigado por ter dedicado o seu tempo a ler esse texto!
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Se quiser conhecer conhecer mais do meu trabalho você pode dar uma olhada aqui e aqui. Eu também estou no Twitter. Se quiser só bater um papo, manda um e-mail para orenatopaixao@gmail.com.
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