Mauro Cesar Ribeiro
4 min readJan 19, 2017

Evolução da produção dos espaços públicos em Bangu

Posto o contexto de estruturação urbana do bairro é possível abordar em aspecto correlato suas praças. Os espaços públicos foram sendo produzidos a medida que o processo de parcelamento do bairro ia avançando e destinando áreas para serem utilizadas como vias, passeios públicos, praças e largos. Conforme já mencionado, a primeira praça que se tem registro é a Praça da Igreja São Sebastião e Santa Cecília (Conhecida como Largo de Bangu ou Praça da Fé).

Fotografia da Praça da Fé em 1919

O registro dos projetos de alinhamento e dos projetos aprovados de parcelamento informam quanto a destinação de áreas públicas para o bairro, que nem sempre foram implantadas e, em muitos casos tiveram sua destinação alterada para equipamentos públicos ou particulares edificados.

Para o entendimento da evolução da implantação destes espaços, recorremos a informação trazida na leitura dos registro dos projetos de alinhamento e dos projetos aprovados de parcelamento. O mapa do registro de alinhamento e parcelamento da destinação de praças demonstra a evolução da disposição dos espaços públicos, muitos deles ainda não implantados e alguns tiveram boa parte de sua área ocupada por equipamentos não previstos no parcelamento.

Mapa do registro de alinhamento e parcelamento da destinação das praças
Detalhe do mapa do registro de alinhamento e parcelamento da destinação das praças

Praças só no papel e ocupadas por usos não previstos

Podemos destacar uma quadra na região sul do bairro, entre as ruas Ceilão e Tibaji, ocupada por um clube de futebol. O clube atualmente faz a gestão de um terreno gravado como área de praça no parcelamento. Hoje parte dessa área é edificada enquanto o restante da área encontra-se murada em interface com a vizinhança. No entanto, conforme a lei municipal nº 3.372 de 27 de março de 2002 a área é definida como non aedificandi.

Registro dos projetos de alinhamento e dos projetos aprovados de parcelamento da praça
Fotografia aérea da quadra ocupada parcialmente por edificações

Um outro caso é o exagero na ocupação de equipamentos públicos em praças não previstos no parcelamento original. As praças Leiria e Dolomitas previstas no parcelamento da Vila Kennedy traziam a disponibilidade de atendimento aos espaços livres de uso público. Em 2009 é possível verificar a ocupação deste espaço por uma unidade escolar na raça Leiria e em 2016 a inclusão de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

O registro do parcelamento da Vila Kennedy de 1980 mostra a destinação dos espaços livres de uso público, as praças Leiria e Dolomitas
Fotografia aérea das praças Leiria e Dolomitas em 2009 com a ocupação de uma escola
Fotografia aérea das praças Leiria e Dolomitas em 2016 com a inclusão da UPA
A UPA implantada na praça Dolomitas

Esse processo pode ser explicado pela grande necessidade de serviços públicos pela população e pela capitalização política dessa demanda em busca de votos.

Nessa dinâmica de ocupação das áreas livres de uso público, a perspectiva de destinação destes locais para a construção de equipamentos públicos demandados pela população produz um discurso que busca justificar tais ocupações. Não há avaliação prévia adequada dos possíveis terrenos públicos já reservados para equipamentos ou da compra de terrenos com melhor localização. As praças, nessa lógica de atendimento imediato e do retorno eleitoral, tem pouca defesa e sempre são ocupadas. Quando ocupadas, dificilmente se convertem em praças novamente.

A Praça Primeiro de Maio foi uma das praças que recentemente recebeu uma intervenção que ocupou aproximadamente 40% de sua área disponível. O processo foi semelhante ao da Praça Dolomitas. Adiante iremos resgatar como foi o processo de criação da Praça Primeiro de Maio, aspectos de seu relacionamento com a vizinhança, e os acontecimentos que deram suporte a sua recente mudança.

Bibliografia

  1. www.camara.rj.gov.br
  2. Museu de Bangu
  3. www2.rio.rj.gov.br
  4. www.google.com.br
Mauro Cesar Ribeiro

Sou de Bangu e do Brasil. Filho da Dona Dora e do Seu Gil, esposo da Luciana e pai da Mel. Quadrinista e produtor de Pluma.